É por isso que eu e muitos outros colegas desistimos da Arqueologia, não existe união na classe e ainda existe esta miséria nas condições.
Eu sou Técnico, mas lembro-me que quando comecei em 2005, os Técnicos começavam com 40 a 45 euros por dia com casa e alimentação, os Arqueólogos em inicio de carreira começavam nos 55 euros por dia e os directores de escavação ganhavam entre os 120 a 150 euros por dia.
E agora?
Agora desde a troika houve uma regressão nas condições, e em vez de a malta lutar, não ficam quietos, muitos estão comodados porque estão a contrato e estão completamente nas tintas para os colegas e é este o estado a que chegamos.
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1. Não chega já de precariedade na Arqueologia ? (Archeo Red)
2. Re: Não chega já de precariedade na Arqueologia ?
(Alexandre Monteiro)
3. Re: Não chega já de precariedade na Arqueologia ?
(Diogo Teixeira Dias)
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Message: 1
Date: Tue, 3 Aug 2021 08:55:31 +0100
Subject: [Archport] Não chega já de precariedade na Arqueologia ?
Message-ID:
Content-Type: text/plain; charset="utf-8"
Bom dia a todos.
Há muitos anos que sigo esta fantástica mailing list que tanto tem
contribuído para a arqueologia portuguesa. Contudo, acho que não se tem
abordado devidamente a temática da precariedade laboral na Arqueologia.
Depois da Licenciatura e do Mestrado comecei a trabalhar há cerca de 5 anos
numa empresa como "falsos trabalhador independente". Acrescento que sempre
trabalhei desde muito jovem de forma a garantir sustento para as minhas
despesas pessoais e nunca assisti a nada igual.
Gostaria de saber a opinião de boa parte dos utilizadores desta plataforma
em relação à precariedade no sector da arqueologia empresarial /
arqueologia em contexto de obra.
Sei que é uma problemática que já dura há anos mas penso que é necessário
fazer alguma coisa. Ao longo dos anos tenho vindo a assistir a um vai e vem
de arqueólogos que acabam por desistir da profissão pela qual se dedicaram
anos a estudar. Acho que estamos todos um bocado fartos disto.
A precariedade laboral que se pratica no mundo da arqueologia tem-se
revelado um enorme flagelo. Os recibos verdes não dão qualquer tipo de
proteção social. Somos licenciados e mestres sem direito a férias, a
subsidio de alimentação, a subsidio de natal, subsidio de desemprego, baixa
médica, seguro de acidentes de trabalho, medicina no trabalho. Trabalhamos
8 horas por dia em ambientes perigosos e sem qualquer tipo de salubridade.
E no final disto tudo, se tivermos sorte de trabalhar 21 dias por mês,
porque toda a gente sabe como é que isto funciona " epá, agora esperas uma
semaninha ou duas em casa e depois nós logo te chamamos", temos a
felicidade de levar para casa um vencimento abaixo do ordenado mínimo
nacional.
Eu pergunto: NÃO CHEGA JÁ??
Não haverá nada que se possa fazer? Os profissionais de arqueologia
encontram-se completamente desgastados. E no final de tudo quem paga é o
património.
Penso que os donos das empresas tem a obrigação de se sentar à mesa e
discutirem esta matéria. É inadmissível continuarmos nestas condições. Tal
como uma obra não se faz sem Engenheiros, também não se faz sem arqueólogos
(quando necessário). Se esta obrigação está prevista na lei então como é
que se explica tal disparidade salarial??
Eu não sei se já se aperceberam, mas nós temos a faca e o queijo na mão ou
pelo menos podíamos ter.
Eu não sei se isto vai para a frente que Ordens, Greves ou Sindicatos. Sei
que este assunto merece a atenção de todos. É inaceitável continuarmos a
tapar o sol com a peneira e continuar a assobiar para o lado.
Francisco Franzola
-------------- pr?a parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: /mhonarchive/archport/attachments/20210803/45c4accb/attachment.html
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Message: 2
Date: Tue, 3 Aug 2021 09:26:22 +0100
Subject: Re: [Archport] Não chega já de precariedade na Arqueologia ?
Message-ID:
Content-Type: text/plain; charset="utf-8"
Enquanto houver arqueólogos dispostos a trabalhar por tostões, continuarão
a receber tostões.
escreveu:
Bom dia a todos.
Há muitos anos que sigo esta fantástica mailing list que tanto tem
contribuído para a arqueologia portuguesa. Contudo, acho que não se tem
abordado devidamente a temática da precariedade laboral na Arqueologia.
Depois da Licenciatura e do Mestrado comecei a trabalhar há cerca de 5
anos numa empresa como "falsos trabalhador independente". Acrescento que
sempre trabalhei desde muito jovem de forma a garantir sustento para as
minhas despesas pessoais e nunca assisti a nada igual.
Gostaria de saber a opinião de boa parte dos utilizadores desta plataforma
em relação à precariedade no sector da arqueologia empresarial /
arqueologia em contexto de obra.
Sei que é uma problemática que já dura há anos mas penso que é necessário
fazer alguma coisa. Ao longo dos anos tenho vindo a assistir a um vai e vem
de arqueólogos que acabam por desistir da profissão pela qual se dedicaram
anos a estudar. Acho que estamos todos um bocado fartos disto.
A precariedade laboral que se pratica no mundo da arqueologia tem-se
revelado um enorme flagelo. Os recibos verdes não dão qualquer tipo de
proteção social. Somos licenciados e mestres sem direito a férias, a
subsidio de alimentação, a subsidio de natal, subsidio de desemprego, baixa
médica, seguro de acidentes de trabalho, medicina no trabalho. Trabalhamos
8 horas por dia em ambientes perigosos e sem qualquer tipo de salubridade.
E no final disto tudo, se tivermos sorte de trabalhar 21 dias por mês,
porque toda a gente sabe como é que isto funciona " epá, agora esperas uma
semaninha ou duas em casa e depois nós logo te chamamos", temos a
felicidade de levar para casa um vencimento abaixo do ordenado mínimo
nacional.
Eu pergunto: NÃO CHEGA JÁ??
Não haverá nada que se possa fazer? Os profissionais de arqueologia
encontram-se completamente desgastados. E no final de tudo quem paga é o
património.
Penso que os donos das empresas tem a obrigação de se sentar à mesa e
discutirem esta matéria. É inadmissível continuarmos nestas condições. Tal
como uma obra não se faz sem Engenheiros, também não se faz sem arqueólogos
(quando necessário). Se esta obrigação está prevista na lei então como é
que se explica tal disparidade salarial??
Eu não sei se já se aperceberam, mas nós temos a faca e o queijo na mão ou
pelo menos podíamos ter.
Eu não sei se isto vai para a frente que Ordens, Greves ou Sindicatos. Sei
que este assunto merece a atenção de todos. É inaceitável continuarmos a
tapar o sol com a peneira e continuar a assobiar para o lado.
Francisco Franzola
-------------- pr?a parte ----------
Um anexo em HTML foi limpo...
URL: /mhonarchive/archport/attachments/20210803/f5d54a8e/attachment.html
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Message: 3
Date: Tue, 3 Aug 2021 09:49:05 +0100
Subject: Re: [Archport] Não chega já de precariedade na Arqueologia ?
Message-ID:
Content-Type: text/plain; charset="utf-8"
Subscrevo o Alexandre Monteiro.
A competitividade no setor pode e deve existir. Mas acima de uma fasquia.
Reitero o que já muitos disseram, várias vezes: é preciso uma regulação do
setor, que só se consegue através de uma Ordem ou Associação Profissional.
à(s) 09:26:
Enquanto houver arqueólogos dispostos a trabalhar por tostões, continuarão
a receber tostões.
escreveu:
Bom dia a todos.
Há muitos anos que sigo esta fantástica mailing list que tanto tem
contribuído para a arqueologia portuguesa. Contudo, acho que não se tem
abordado devidamente a temática da precariedade laboral na Arqueologia.
Depois da Licenciatura e do Mestrado comecei a trabalhar há cerca de 5
anos numa empresa como "falsos trabalhador independente". Acrescento que
sempre trabalhei desde muito jovem de forma a garantir sustento para as
minhas despesas pessoais e nunca assisti a nada igual.
Gostaria de saber a opinião de boa parte dos utilizadores desta
plataforma em relação à precariedade no sector da arqueologia empresarial /
arqueologia em contexto de obra.
Sei que é uma problemática que já dura há anos mas penso que é necessário
fazer alguma coisa. Ao longo dos anos tenho vindo a assistir a um vai e vem
de arqueólogos que acabam por desistir da profissão pela qual se dedicaram
anos a estudar. Acho que estamos todos um bocado fartos disto.
A precariedade laboral que se pratica no mundo da arqueologia tem-se
revelado um enorme flagelo. Os recibos verdes não dão qualquer tipo de
proteção social. Somos licenciados e mestres sem direito a férias, a
subsidio de alimentação, a subsidio de natal, subsidio de desemprego, baixa
médica, seguro de acidentes de trabalho, medicina no trabalho. Trabalhamos
8 horas por dia em ambientes perigosos e sem qualquer tipo de salubridade.
E no final disto tudo, se tivermos sorte de trabalhar 21 dias por mês,
porque toda a gente sabe como é que isto funciona " epá, agora esperas uma
semaninha ou duas em casa e depois nós logo te chamamos", temos a
felicidade de levar para casa um vencimento abaixo do ordenado mínimo
nacional.
Eu pergunto: NÃO CHEGA JÁ??
Não haverá nada que se possa fazer? Os profissionais de arqueologia
encontram-se completamente desgastados. E no final de tudo quem paga é o
património.
Penso que os donos das empresas tem a obrigação de se sentar à mesa e
discutirem esta matéria. É inadmissível continuarmos nestas condições. Tal
como uma obra não se faz sem Engenheiros, também não se faz sem arqueólogos
(quando necessário). Se esta obrigação está prevista na lei então como é
que se explica tal disparidade salarial??
Eu não sei se já se aperceberam, mas nós temos a faca e o queijo na mão
ou pelo menos podíamos ter.
Eu não sei se isto vai para a frente que Ordens, Greves ou Sindicatos.
Sei que este assunto merece a atenção de todos. É inaceitável continuarmos
a tapar o sol com a peneira e continuar a assobiar para o lado.
Francisco Franzola
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*DIOGO TEIXEIRA DIAS*
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Fim da Digest Archport, volume 215, assunto 4*********************************************