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Re: [Archport] Digest Archport, volume 217, assunto 30

To :   rui mataloto <rmataloto@gmail.com>
Subject :   Re: [Archport] Digest Archport, volume 217, assunto 30
From :   Rodrigo Carlos <totallynotsatan4@gmail.com>
Date :   Mon, 11 Oct 2021 14:42:35 +0200

Mas que resposta irrisória, ainda mais vinda de uma pessoa como o senhor. Respostas como esta só vêm demonstrar o quão desconetados algumas pessoas da comunidade científica se encontram face à realidade.

“Por isso, precisamos no campo menos arqueólogos, mas mais bem pagos, com capacidade e flexibilidade para melhorar a produtividade individual, muitas vezes muito aquém pela fraca formação com que chegam, e permanecem, no mercado de trabalho”

Então agora a culpa é do jovem recém-formado que sai da faculdade? Se calhar a culpa é das empresas que não sabem valorizar os trabalhadores e quando estes exigem melhores condições são substituídos por pessoas sem experiência. Se calhar a culpa também é das faculdades que não sabem preparar ninguém para o que é o real mercado de trabalho no sector da arqueologia ou estarei enganado? Uma pessoa que não tenha a capacidade de se aguentar em contextos de obra para o qual são atirados, não tem direito a manter-se no mercado de trabalho?

O seu argumento não faz qualquer sentido. Existem neste momento arqueólogos que tiram 50 euros ao dia em Lisboa com +10 de anos de experiência laboral e existem casos de jovens recém-licenciados que vão para zonas mais remotas do país tirar +100 euros por dia. De quem é que v. exa acha que é a culpa? Acha mesmo que é por não haver profissionais competentes?

“Quando se permite níveis de qualidade baixíssimos, e sei do que estou a falar com conhecimento de causa sobre o que se passa numa grande obra pública em curso, e sem sofrerem consequências, então o mercado está desvirtuado na concorrência, sendo impossível pagar adequadamente e ter lucro.”

De quem é a competência de fiscalizar se os outros produzem trabalho de boa qualidade ou não? Todos nós temos maus dias. Devemos descartar um trabalhador imediatamente só porque prestou um mau serviço? Há inúmeras variantes nesta situação especifica, mas se você sabe tão bem que está a ser um trabalho mal feito / mal gerido, se calhar devia tomar alguma ação.

“Quando assim não acontece, continuaremos a ter Mestres Arqueólogos a preço de mulher a dias, cuja dignidade e profissão respeito imenso.”

Em primeiro lugar, há arqueólogos que ganham menos que uma mulher a dias, em segundo lugar assim que comparou ambas as profissões, acabou por desvalorizar ambas. São duas profissões completamente diferentes sem comparação, não se rebaixe a esse nível.

“Quanto ao senhor José, quando quiser ver quanto trabalham os arqueólogos, apareça por estes lados do Alentejo, que terei gosto que nos acompanhe nas intervenções. Há lá uma esferográfica de duas pontas à espera de uso.”

Respondo pelo meu colega e agradeço o convite que muito provavelmente será feito a outras pessoas visto que somos todos incompetentes que nunca pegaram numa picareta, porém quem vem para aqui reclamar de fraca competência da mão de obra se calhar devia começar por limpar a sua casa primeiro.

O único ponto em que realmente concordo é o que de facto esses números pouco elaboram e demonstram exatamente como esse dinheiro é distribuído, sendo que não é possível saber-se ou não se seria possível fazer-se contratos ou dar-se aumentos, porém uma coisa é certa, enquanto uns passam fome e nem um salário mínimo tiram no final do mês os outros faturam milhões e riem-se de nós enquanto tentamos fazer alguma coisa para mudar o paradigma.


Cumprimentos,


Rodrigo Carlos


On Mon, Oct 11, 2021 at 1:46 PM rui mataloto <rmataloto@gmail.com> wrote:
Não sendo meu apanágio participar nestes debates, não consigo deixar de mostrar a irrealidade em que este senhor José Palmela vive, ou qual o desprezo que tem por quem trabalha em Arqueologia. 
Os números que nos avança são pouco significativos, pois não nos deixam entender quais os lucros das mesmas empresas, os quais dependem tanto dos gastos com pessoal, como da eficácia de gestão de terreno e financeira. Pessoalmente penso que muito há a fazer para melhorar a eficácia e produtividade de cada Arqueólogo. Mas o problema começa quando contratar um arqueólogo é mais barato que contratar um trabalhador indiferenciado. Por isso, precisamos no campo menos arqueólogos, mas mais bem pagos, com capacidade e flexibilidade para melhorar a produtividade individual, muitas vezes muito aquém pela fraca formação com que chegam, e permanecem, no mercado de trabalho. Assim, os arqueólogos precisam muito mais de trabalhar melhor e não mais, como diz este senhor, que não deve pegar numa picareta para fazer que seja. Mas a questão fulcral é outra. Os orçamentos com que se adjudicam trabalhos impedem condições de trabalho e contratação adequadas. A política do preço mais baixo faz sentido, mas apenas quando existe uma regulamentação e fiscalização dura e eficaz. Quando se permite níveis de qualidade baixíssimos, e sei do que estou a falar com conhecimento de causa sobre o que se passa numa grande obra pública em curso, e sem sofrerem consequências, então o mercado está desvirtuado na concorrência, sendo impossível pagar adequadamente e ter lucro. Ou seja, o lucro, a estabilidade, e o incremento de produtividade a par de um aumento salarial só é compatível com exigências de níveis de qualidade rigorosos. Quando assim não acontece, continuaremos a ter Mestres Arqueólogos a preço de mulher a dias, cuja dignidade e profissão respeito imenso.
Quanto ao senhor José, quando quiser ver quanto trabalham os arqueólogos, apareça por estes lados do Alentejo, que terei gosto que nos acompanhe nas intervenções. Há lá uma esferográfica de duas pontas à espera de uso.

On Mon, Oct 11, 2021 at 12:19 PM <archport-request@ci.uc.pt> wrote:
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Tópicos de Hoje:

   1. Lucro irrisório das empresas de arqueologia (José Palmela)
   2. MM Conimbriga - MN | Sítios Mágicos (Carla M. Marques)



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From: "José Palmela" <jpalmela75@gmail.com>
To: archport@ci.uc.pt
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Date: Mon, 11 Oct 2021 12:11:24 +0100
Subject: [Archport] Lucro irrisório das empresas de arqueologia

Considerando a discussão que se tem visto ultimamente pelo Archport, queria relembrar o seguinte: 


A faturação das empresas de arqueologia é irrisória e não existe dinheiro para contratações ou fazer aumentos.

As exigências do sindicato são completamente irrealistas tendo em conta o panorama atual.


Abaixo exponho algumas informações financeiras relativas a algumas empresas portuguesas. Os dados são públicos e podem ser consultados no site https://www.dnb.com/.



1º - ERA - ARQUEOLOGIA, S.A.: €2.95 milhões  

https://www.dnb.com/business-directory/company-profiles.era_-_arqueologia_sa.861cc92b199ac2edcfdb9fe41ec2dc07.html


2º - NEOÉPICA, LDA: €1.29 milhões

https://www.dnb.com/business-directory/company-profiles.neoepica_lda.a85f3d385954c7d246e36771a06d82fb.html


3º - EMPATIA - ARQUEOLOGIA, CONSERVAÇÃO E RESTAURO, LDA: €1.27 milhões

https://www.dnb.com/business-directory/company-profiles.empatia_-_arqueologia_conserva%C3%A7%C3%A3o_e_restauro_lda.d431b488bd2ebfa9aeb511faca5b5a3d.html


4º- ARQUEOHOJE - CONSERVAÇÃO E RESTAURO PATRIMÓNIO MONUMENTAL, LDA:  €1.1 milhões

https://www.dnb.com/business-directory/company-profiles.arqueohoje_-_conserva%C3%A7%C3%A3o_e_restauro_patrim%C3%B3nio_monumental_lda.f8b167309e486efa567e60a5c3317819.html



Se os arqueólogos se queixarem menos e trabalharem mais, se calhar as coisas mudam.


Cumprimentos, 

José Palmela





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From: "Carla M. Marques" <carlammarques@mmconimbriga.dgpc.pt>
To: "archport@ci.uc.pt" <archport@ci.uc.pt>
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Date: Mon, 11 Oct 2021 12:19:08 +0100
Subject: [Archport] MM Conimbriga - MN | Sítios Mágicos

Boa tarde!

Assista a espetáculos de magia num sítio mágico. 

Nos dias 16 e 17 de outubro CONIMBRIGA volta a acolher os Sítios Mágicos: https://sitiosmagicos.ticketline.pt/

 

Os melhores cumprimentos,

 

Carla Marques

Técnica Superior

Museu Monográfico de CONIMBRIGA - Museu Nacional
Rua Professor Vergílio Correia s/nº, Condeixa-a-Velha
3150-220 CONDEIXA - PORTUGAL tel: +351 239949110
e-mail:  carlammarques@mmconimbriga.dgpc.pt

Site: http://www.patrimoniocultural.gov.pt/

 

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