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Diário de Coimbra - Coimbra continua ingrata para invisuais




       Diário de Coimbra - Coimbra continua ingrata para invisuais

Escrito por Patrícia Isabel Silva

ruas com obstáculos

Coimbra continua
ingrata para invisuais

Sair de casa, atravessar a estrada e ir beber um café. Para a maioria da
população, são simples actos do dia-a-dia, mas para quem não vê pode ser uma
verdadeira
aventura, especialmente numa cidade tão «difícil» como Coimbra, lamenta
Manuel Alexandre, da delegação de Coimbra da Associação dos Cegos e
Amblíopes de
Portugal (ACAPO).

Amanhã, Dia Mundial da Bengala Branca, a ACAPO e a Associação Académica de
Coimbra (AAC) promovem um conjunto de iniciativas que pretende
consciencializar
a população para as dificuldades que os invisuais enfrentam quando saem de
casa. Entre as 10h00 e as 18h00, com a ajuda de dois elementos da AAC, um da
ACAPO e um deficiente visual, as pessoas são desafiadas a vendar os olhos e
realizar pequenas tarefas, como pedir um copo de água num café, comprar
qualquer
coisa numa loja, sentar-se num banco de jardim ou atravessar a estrada. As
acções vão decorrer no Dolce Vita, Largo da Portagem, Praça 8 de Maio e Alta
Universitária.

Mas, na cidade existem muitos outros pontos críticos. Aliás, Manuel
Alexandre reforça mesmo que não há um dia «que não tenha uma peripécia».
Tirando as
ruas da Sofia, Visconde da Luz e Ferreira Borges, a maioria das ruas da
cidade apresenta obstáculos vários, sendo a Rua Antero de Quental uma das
mais
complicadas. Além da irregularidade dos passeios, comum a quase todas as
artérias, há a acrescentar as raízes das árvores, que fazem com que aqueles
que
têm algumas dificuldades de mobilidade se sintam a andar sobre um «caminho
de cabras».

A Rua dos Combatentes, onde está sedeada a ACAPO, está também cheia de
«obstáculos», tal como a Rua do Teodoro, onde é frequente os invisuais
esbarrarem
com carros estacionados nos passeios e até mesmo com esplanadas.

O invisual José Guerra considera que é «tempo de Coimbra começar a apostar
nas acessibilidades» e seguir o exemplo de Albufeira - onde 80% dos locais
públicos
estão preparados para pessoas com todos os tipos de mobilidade
condicionada - ou até da Lousã, um «exemplo» aqui bem perto. «O que é bom
para os deficientes
é bom para todos», alerta.

As actividades de amanhã pretendem chamar a atenção da sociedade para
algumas técnicas de guia, continua Jorge Serrote, presidente da Direcção
Geral da
AAC, para que cada um aprenda o que deve fazer quando um invisual precisa de
ajuda na rua. Uma regra básica é «nunca se pôr à frente» de quem não vê,
porque
atrapalha e está sujeito a apanhar com a preciosa bengala branca.

As actividades do Dia Mundial da Bengala Branca terminam com um concerto nos
Jardins da AAC, com a actuação de um invisual, a partir das 19h00.

Há cada vez menos
cegos no ensino superior
O número de estudantes invisuais na Universidade de Coimbra tem vindo a
diminuir progressivamente. Actualmente, são três/quatro alunos, mas já foram
bem
mais e com menos condições, lembra José Guerra, que quando entrou no curso
de Direito nos anos 80 «não tinha praticamente nada» no que respeita a
material
de apoio.

Primeiro, os estudantes trocavam o pouco que havia, até que foi criado o
Gabinete de Apoio-Técnico Pedagógico ao Estudante com Deficiência da
Universidade
de Coimbra. As cassetes foram dando lugar a outros recursos, nomeadamente
informáticos, facilitando o acesso aos conteúdos programáticos.

No entanto, essa evolução não foi acompanhada por um aumento de alunos,
antes pelo contrário, daí que o gabinete esteja a desenvolver um estudo na
tentativa
de perceber o que está a afastar os invisuais do ensino
superior.

Fonte:
http://www.diariocoimbra.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=4290&Itemid=135


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