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[Atped] Diário de Coimbra - Cenário de extinção de faculdades agita Academia

To :   <atped@ml.ci.uc.pt>
Subject :   [Atped] Diário de Coimbra - Cenário de extinção de faculdades agita Academia
From :   luís barata <lbarata@ci.uc.pt>
Date :   Thu, 20 May 2010 14:43:12 +0100


Escrito por Bruno Vicente
ECONOMIA TAMBÉM APREENSIVA
Cenário de extinção de
faculdades agita Academia

Carlos André considera que "seria extremamente penoso ver a Faculdade de
Letras reduzida a metade" no ano do centenário. Possível extinção da
Faculdade de Economia gera controvérsia entre docentes
O lançamento da segunda fase do debate sobre a reestruturação dos saberes na
Universidade de Coimbra, que aconteceu ontem no Salão da Reitoria, foi muito
mais do que apenas um gesto simbólico para assinalar uma nova etapa, como se
esperava inicialmente. O evento ficou marcado pela intervenção de três
directores de faculdades, que se mostraram visivelmente preocupados com a
possível extinção ou esvaziamento de cursos das suas unidades orgânicas.
Recorde-se que um dos cenários avançados na primeira fase do debate
contempla a extinção da Faculdade de Economia, sendo criada, em
substituição, uma Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e uma Faculdade de
Economia e Ciências Empresariais. A Faculdade de Letras da Universidade de
Coimbra (FLUC), nos vários cenários sugeridos, perde sempre vários cursos
para outras unidades orgânicas.
Estas possibilidades levaram os responsáveis das faculdades a reunir o corpo
docente e os respectivos conselhos científicos, sendo mesmo enviado ao
reitor Fernando Seabra Santos um documento que revela a preocupação
instalada.
«Foi referido que as mudanças que podem surgir não são contra ninguém, mas a
verdade é que a Faculdade de Letras é a mais afectada no conjunto dos
cenários levantados. Alguns cenários levam à extinção da actual identidade
desta Faculdade», referiu Carlos André, director da FLUC, durante a sessão
de ontem.
«Sabemos que estamos em território instável, mas somos muito orgulhosos da
identidade da Faculdade de Letras e seria para nós extremamente penoso ver a
FLUC reduzia a metade, no ano em que comemora 100 anos de vida», continuou o
responsável, que reuniu o Conselho Científico da unidade orgânica e
endereçou, por escrito, as suas preocupações ao reitor.
Se Letras está preocupada com o esvaziamento de cursos, na Faculdade de
Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) levantam-se vozes contra a
extinção da unidade orgânica e o surgimento de uma nova, em substituição.
«Tivemos ontem [segunda-feira] uma reunião com todos os docentes da
Faculdade de Economia e concluímos que, dentro da nossa faculdade, há
diferentes opiniões sobre o assunto», referiu o director da FEUC, José Reis.
O responsável apelou, por várias vezes, à «prudência» e ao «pluralismo», na
altura de falar de aspectos «sensíveis», realçando que é «importante ouvir a
faculdade» que será alvo de mudanças.
Os directores de Letras e Economia estranharam ainda o facto do documento
escrito pela Comissão de Reestruturação dos Saberes, que compilou as
sugestões que surgiram durante a primeira fase do debate, não fazer qualquer
referência a algumas faculdades da Universidade de Coimbra. «Para além da
FLUC e da FEUC há, com certeza, outras unidades orgânicas que merecem
reflexão», concretizou José Reis.
Depois falou Amílcar Falcão, director da Faculdade de Farmácia, que defendeu
que «não se deve reestruturar só por ser moda». «Temos que pensar a longo
prazo, ver o que está bem na Universidade de Coimbra e o que pode ser único
no futuro», afirmou.

"Muito trabalho pela frente"
Entre os vários docentes e investigadores que se fizeram ouvir ontem houve
uma ideia consensual: a Comissão de Reestruturação dos Saberes está a
revelar coragem e mérito na forma como está a abordar a sua missão. No
entanto, a fase mais dura do debate ainda está para chegar. «Há muitos
cenários para as unidades orgânicas que ainda não foram colocados, o que
significa que ainda há muito trabalho pela frente», defendeu Abílio
Hernandez, professor da Faculdade de Letras, que revelou estar «preocupado»
com o processo.
O debate que agora recomeça vai muito além da criação e extinção de
faculdades. Em cima da mesa estão temas como a consolidação e criação de
massas críticas, o surgimento de uma estrutura de articulação dos saberes e
a potencialização de sinergias. A Comissão de Reestruturação dos Saberes,
comandado por João Carlos Marques, vai agora alargar a discussão a mais
estruturas da Universidade e consultar novas personalidades externas
nacionais e internacionais peritas na matéria. Até ao fim deste ano tem que
estar elaborado o documento final, que será aprovado ou reprovado pelo
Conselho Geral da Universidade de Coimbra.

"Não estamos
aqui para nos digladiar"
A Comissão de Reestruturação dos Saberes anunciou ontem que vai organizar
dois debates temáticos, onde estarão presentes os directores de todas as
faculdades. Ainda não há data certa para o evento, que será aberto a toda a
comunidade.
O processo está a gerar grande entusiasmo na Academia. «É o debate do século
na Universidade de Coimbra», recordou Carlos Fortuna, um dos elementos da
Comissão.
Faria Costa, também membro da Comissão de Reestruturação dos Saberes,
defendeu que a discussão «deve ser aberta, sem "rodriguinhos"». «Estamos
todos aqui para o bem da Universidade, não estamos aqui para nos digladiar»,
concluiu.
A sessão de ontem foi encerrada pela vice-reitora Cristina Robalo Cordeiro,
que procurou também meter alguma "água na fervura", referindo que há várias
maneiras de se chegar ao progresso. «Em cerca de 100 universidades europeias
parceiras da UC, que tive oportunidade de estudar, não há dois modelos
organizacionais iguais, apesar de todas terem os mesmos objectivos
principais», concluiu.

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