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[Atped] Fw: CORREIO DO MONDEGO Diário de Coimbra - Sansão Coelho: "Fui emancipado para ser director de um jornal"

To :   <atped@ml.ci.uc.pt>
Subject :   [Atped] Fw: CORREIO DO MONDEGO Diário de Coimbra - Sansão Coelho: "Fui emancipado para ser director de um jornal"
From :   luís barata <lbarata@ci.uc.pt>
Date :   Fri, 10 Dec 2010 10:00:11 -0000

Escrito por Joana Martins
DC MAGAZINE
"Fui emancipado para ser
director de um jornal"

Sansão Coelho tem 61 anos, 45 dos quais dedicados à comunicação. Realizador
na RTP e oriundo da Emissora Nacional, foi locutor e realizador do programa
militar "A Hora do Soldado" e responsável pela Informação e pelo
Departamento de Programas da DP/Centro
DC Magazine Aposentou-se da RTP após 45 anos de carreira. Como começou na
área da comunicação?
Sansão Coelho Há 45 anos comecei a fazer programas no Centro Experimental de
Rádio da AAC (actual RUC) e no Rádio Clube Português. Tinha cerca de 18 anos
e era o responsável de um grupo que criou a produtora Presença Coimbrã, uma
produtora que acabou também por ser uma agência de publicidade, editar um
jornal desportivo semanal (o Centro Desportivo) e produzir programas
regulares de rádio.

DCM A sua experiência passou também pelo serviço militar...
SC Sim, durante o serviço militar fiz programas em Angola. Eram programas de
rádio nas colónias de apoio aos militares e que tinham como função a
sociabilização com as populações locais. Foram anos ganhos e foi das
experiências mais incríveis e fabulosas que tive. Juntávamos a camada civil
com os militares, projectávamos filmes, fazíamos reportagens com as
companhias no mato, levávamos música actual gravada e reproduzíamos,
fazíamos entrevistas, entre outras coisas. Lembro-me de irmos fazer uma
reportagem com uma companhia que estava no mato e eles deram-nos de jantar
um prato de batatas com bacalhau, enquanto eles todos à volta comiam a ração
de combate há vários dias. Como vínhamos da cidade obsequiaram-
-nos com o que tinham de melhor. Foi um período que me enriqueceu muito.

DCM Como chega à RTP?
SC Quando regressei do serviço militar pensei ir para a RTP ou para a
Emissora Nacional, em Lisboa. Fiquei na Emissora Nacional e percebi que o
objectivo não era ficar em Lisboa, mas sim em Coimbra, porque a redacção
aqui estava sem ninguém. Na altura pensei em fazer só rádio, mas depois tive
oportunidade de começar a trabalhar com a RTP, no Porto. Ia lá duas vezes
por semana. Ao sábado gravava um programa que dava ao domingo, a Hora dos
Talentos, e à quarta-feira fazia o Cantos e Contos, um programa dedicado a
Coimbra, à sua cultura e tradições.

DCM Quando percebeu que era a comunicação o seu futuro?
SC Nunca cheguei a perceber isso porque sempre o soube. A minha paixão foi
desde sempre a comunicação e estive contra tudo e contra todos, indo até
contra os familiares. Os meus pais queriam que eu seguisse uma determinada
área profissional e eu já no liceu queria ir fazer o curso de jornalismo à
Bélgica, mas era muito caro. Mais tarde acabei por fazer o curso de formação
no Instituto Nacional de Audiovisual de França, como bolseiro do governo
francês. Desde os 10 anos  que eu queria isto. Podia não me ter aparecido
nenhuma oportunidade, mas fui à luta. Inclusivamente fui emancipado para
tirar a carta de condução e para ser director de um jornal, porque tínhamos
de ter 21 anos para dirigir um órgão de comunicação.

DCM Atravessou várias fases, nomeadamente a introdução das novas tecnologias
nas redacções. Foi difícil a adaptação à mudança dos tempos?
SC Eu tenho até hoje uma postura perante a vida profissional, que tem sido
sempre de alguma vanguarda. Quando as novas tecnologias chegaram já eu
reclamava que aqui em Coimbra tínhamos necessidade de começar a trabalhar
com computadores. Além disso, pertenci ao grupo dos pioneiros da rádio
privada em Coimbra e na região Centro.

DCM Um episódio curioso que recorde.
SC Lembro-me de uma ocasião em que estava a fazer um programa com o
Francisco Amaral, o Sabatina, e soubemos que tinha havido um problema grave
em Lisboa, do qual depreendemos que  havia dezenas ou centenas de mortos.
Entretanto o jornalista de Lisboa liga e diz que há seis mortos e eu digo
"óptimo, óptimo, óptimo". Toda a gente riu, mas aqui foi no sentido em que
não eram as dezenas ou centenas de que estávamos à espera.

DCM Como vê actualmente a comunicação social?
SC Muitos pais, pedagogos e estudiosos vêem hoje, com ar de desgraça, dizer
que os media são a causa das infelicidades da sociedade. Eu creio que tem
sido a comunicação social a  locomotiva que dá a propulsão ao progresso
económico e social. É disso exemplo a tele-escola. Defendo que o ensino deve
ser feito com recurso às novas tecnologias.
DCM Continua a exercer a actividade docente. Estamos a formar uma geração de
bons profissionais na área?
SC Inquestionavelmente sim. Acho, aliás, que o ensino dos media devia ser
obrigatório e estar a montante de outros cursos. É fundamental que haja
educação para os media logo a partir do ensino primário. Vejo os media como
uma fonte de educação e divulgação do conhecimento, que hoje é o que há de
mais poderoso. Por outro lado, precisamos também de trabalhar as crianças e
os jovens em competências de elaboração e reprodução verbal do pensamento.
Por tudo isso a comunicação social devia ser transversal, obrigatória, e
acompanhar a formação praticamente ao longo de toda a vida.
DCM Afirmou sempre a sua paixão por Coimbra. É uma cidade especial para si?
SC Sim, sou um apaixonado por Coimbra e pela região Centro e vejo-a como se
fosse minha mãe ou filha. Há uma grande ligação afectiva e penso que existem
condições excepcionais para termos uma cidade com outras dimensões na área
da televisão, da produção de conteúdos, do teatro, das artes e da música.
Coimbra tem um cluster da saúde e do conhecimento, só que este último é
muito abrangente e está mal aproveitado, até porque o que tem sido
aproveitado é notável, como o Instituto Pedro Nunes e o Biocant. Coimbra
continua a ser um grande centro, com muitas capacidades, mas uma cidade que
às vezes deixa cair os braços.

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20 de Outubro 2008 / 20 Outubro 2010
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