[Histport] Um erro secular - Setecentista é de quando?

[José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>]

Chamou a atenção o Dr. José Raimundo Correia de Almeida para o que chamou um «erro secular», não porque dure há séculos mas porque se manifesta ignorância onde ela não deveria existir. Como historiador que se preza, não pôde calar-se e escreveu a quem de direito.

Cá vai o que enviou e de que teve a gentileza de me dar conhecimento:

Senhor director do jornal Expresso

Leio no seu jornal de 4 de Janeiro “Documento setecentista esteve três anos perdido num baú”.

Escreve o redactor Rui Gustavo: o alfarrabista “confirma que estava na posse do documento setecentista” e mais à frente refere que o documento “possui todas as deliberações no período compreendido de 1657 a 1662”.

Acontece que os anos de 600 são seiscentistas e portanto os documentos são seiscentistas e do século XVII. A datação seiscentista refere-se ao século XVII e a datação setecentista refere-se ao século XVIII.

Muito me preocupa o que se passa com o nosso jornalismo escrito e falado e o seu mau tratamento quase diário da Língua e Cultura portuguesas.

O Expresso deveria criar uma crítica semanal da nossa Comunicação Social que abrangesse a programação televisiva (que quase se dedica a futebol, gastronomia e telenovela) e os maus tratos constantes na escrita e dicção da Língua portuguesa. Seria uma homenagem a Mário Castrim.