Sinopse
«Vivemos numa era científica, e seria fútil negar tal evidência. Desde o século XVIII a Ciência foi impondo os seus modelos de interpretação do mundo, antes partilhados largamente pelas humanidades. Por seu lado, a criação literária confinou-se gradualmente ao espaço artístico, à medida em que foi perdendo expressão no campo do saber, da mesma maneira que deixou de competir com a política, a economia ou os media no espaço público. Todavia, a Literatura continuou a resistir (nas palavras de Jacques Dubois), como “reserva” ou “suplemento” cognitivo: uma espécie de conhecimento alternativo. Nesse sentido, a sua relação com a Ciência foi-se alterando na Modernidade, sem deixar de funcionar como um lugar de encontro entre as “duas culturas”. Tentarei ilustrar diferentes momentos dessa aproximação, com base na literatura portuguesa dos séculos XIX e XX.».
«Maria Helena Santana é professora associada na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Doutorou-se em 2001, na mesma Universidade, com uma tese sobre Literatura e Ciência na ficção do século XIX - A narrativa naturalista e pós-naturalista portuguesa (publicada em 2007 na INCM). É coordenadora do Centro de Literatura Portuguesa, onde dirige o grupo de investigação “Património Literário”. Tem-se dedicado à narrativa moderna e contemporânea, em particular ao romance do século XIX e à história cultural deste período. É autora, entre outros trabalhos, das edições críticas de Textos de Imprensa VI, de Eça de Queirós (1995) e O Arco de Sant’Ana, de Almeida Garrett (2005) e coeditora de Almeida Garrett: um romântico, um moderno (2003), O Melodrama-I, (2006), e Alexandre Herculano - O Escritor. Antologia (2010), O Século do Romance (2013), Fragmentos Romanescos de Almeida Garrett (2015).».