[Histport] Medalhão do símbolo de Lisboa e sinete da Ordem de Santiago em prata

[José D´Encarnação <jde@fl.uc.pt>]

Teve Rainer Daenhardt a gentileza – que lhe agradeço - de partilhar comigo estes comentários, que ora divulgo – para quem deles quiser aproveitar.

 

Tenho este grande medalhão esculpido em madeira do símbolo de Lisboa. Não sei onde esteve montado. Simplesmente vos digo que é do mais belo que tenho visto! Os pormenores dos detalhes são primorosos e apenas possíveis de criar por quem profundamente conhece a ARTE DE MARINHAR.

Vejam as velas prontas para serem lançadas libertadas para baixo e presas por velame aos mastros.

As cordas estão equipadas com as roldanas de multiplicação como se apraz e cuja existência apenas revela o pormenorizado conhecimento do autor escultor.

Infelizmente perdeu um dos corvos mas encontram-se restos da sua asa e o encaixe dos seus pés. Portanto originalmente teve o 2º corvo como seria de esperar.
Pode ter caído ao chão quando se deslocou o medalhão. Também pode ter sido roubado, como era tridimensional facilitava tal triste proeza, mas nesta caso não faz sentido terem apenas roubado uma das aves, enquanto a outra está inteira.

Não vou restaurar nada, apenas deixei ficar como me caiu nas mãos há já muitos anos.

O medalhão tanto pode ser do século XVI como do século XVII. Mais recente não me parece.

Se estaria como medalhão num edifício de pedra, o que se poderia esperar, devia também ser em pedra.

Como é em madeira e esta usava-se nas decorações interiores das nossas naus e galeões, levanto a hipótese de ter feito parte da decoração interior de uma grande embarcação portuguesa.

Como tal é capaz de ser única sobrevivente, o que faz bater os nossos corações de forma mais quente.

Rainer

 

PS: Espreitem também o belo sinete de Ourique, em prata, com a CRUZ DA ORDEM DE SANTIAGO, com a vieira peregrina ao centro.

Ter peças destas nas mãos que falam connosco e gritam por lhes ter acontecido um “doi-doi” quando se perdeu a sua pega (talvez uma ferida no terramoto) é um privilégio, pelo qual me sinto grato. Assim o partilho com todo gosto.

RD.

 

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