A SPAE – SOCIEDADE PORTUGUESA DE ANTROPOLOGIA E ETNOLOGIA ORGANIZA A SEGUINTE CONFERÊNCIA ABERTA, POR ZOOM (LINK: https://videoconf-colibri.zoom.us/j/92571255861 ) NO DIA 3 DE JUNHO DE 2024, 21,30 H (HORA PORTUGUESA) PELO PROFESSOR CARLOS SIMÕES NUNO COM O TÍTULO: AS PINTURAS DA BENÇÃO DO GADO, EM RIACHOS. UMA HISTÓRIA MURAL Resumo: A mobilização para a decoração das ruas de Riachos (Torres Novas) por ocasião da tradicional Festa da Bênção do Gado, atualmente celebrada de quatro em quatro anos, levou um grupo de moradores de um bairro da terra a pintar cenas evocativas da história e da etnografia local nas paredes e muros das suas casas, por ocasião da Festa de 2012. O impacto dessa iniciativa, inovadora em relação ao habitual recurso de colocação de enfeites florais, bandeirolas, panos coloridos, junto da população riachense e dos visitantes da Festa, além de motivar uma segunda campanha de pinturas murais em 2016, acabou por justificar uma atenção inesperada a aspetos dessas pinturas muito provavelmente não ponderados pelos seus autores: que cenas foram escolhidas (e, por ausência, rejeitadas) para as representações da terra? que dimensões identitárias foram evocadas e apresentadas publicamente? que narrativa se estabeleceu – ou reforçou – sobre a comunidade riachense, ainda hoje bastante sensível a auto-representações bairristas? Além da irrupção destas questões, imprevistas no ato de execução das pinturas e intrinsecamente decorrentes dos cenários visuais assim produzidos, a importância comunitária e formal que as pinturas ganharam, quando tinham sido planeadas como uma intervenção pública de carácter efémero e funcional, circunscrita à ocasião da Festa, acabou por provocar outra linha de discussão, a da sua “transformação” em “património cultural”. Este processo, inevitavelmente complexo, ao decorrer num tempo curto e numa proximidade imediata ao acto da produção dos “objetos patrimonializados”, trouxe para primeiro plano questões com considerável potencial de reflexão e de conceptualização, particularmente, neste caso, as das condições para a permanência das pinturas em espaços públicos, por definição não controlados na sua totalidade, da autoria e direitos sobre eventuais intervenções sobre as mesmas, inclusive para efeitos da sua conservação, ou do alargamento – e, até, o possível surgimento de “contra-narrativas” – sobre o que acabou por se revelar como um programa de afirmação identitária e um recurso patrimonial local. Nesta palestra, além da apresentação do caso das pinturas murais da Festa da Bênção do Gado, pretendemos ainda dar conta de algumas abordagens feitas a este processo, no âmbito de um projeto de reflexão sobre intervenções de conservação e restauro de elementos patrimoniais desenvolvido por uma equipa do Instituto Politécnico de Tomar, o Projeto MurArte, que acompanhamos de perto. Autor: Carlos Simões Nuno é antropólogo (FCSH-UNL), professor na Escola Superior de Comunicação Social - Instituto Politécnico de Lisboa, encontrando-se já aposentado. Profissionalmente, esteve também alguns anos como técnico no antigo Instituto Português do Património Cultural (IPPC) e continua a trabalhar como consultor na área da avaliação de impactes ambientais de programas e projetos com incidência territorial. Atualmente, é membro do Núcleo de Estudos do Museu Agrícola de Riachos, Torres Novas (seu atual coordenador) e investigador voluntário no Arquivo Ephemera. É sócio honorário da SPAE. |
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