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[Histport] Colóquio “CRENÇAS E SEUS OBJETOS MATERIAIS”

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>, "histport" <histport@uc.pt>, "museum" <museum@ci.uc.pt>
Subject :   [Histport] Colóquio “CRENÇAS E SEUS OBJETOS MATERIAIS”
From :   José D´Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Tue, 3 Dec 2024 11:16:06 -0000

Uma imagem com texto, póster, arte, brinquedo

Descrição gerada automaticamente

 

 

Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia (SPAE)

Associação para o Desenvolvimento da Cooperação em Arqueologia Peninsular (ADECAP)

 

Organizam:

 

Colóquio “CRENÇAS E SEUS OBJETOS MATERIAIS”

 

FLUP, anfiteatro nobre, 7 de dezembro de 2024

 

Acesso gratuito e livre.

Agradecemos por parte dos/as interessados/as em participar o envio prévio de um mail (indicando nome, afiliação, e razões do interesse em participar), para um dos seguintes endereços:

 

spae.antropologia@gmail.com ou adecap.arqueologia@gmail.com

 

 

 

 

PROGRAMA

 

9,30 horas – breve sessão de abertura.

 

10 horas – Prof.ª Doutora Maria de Jesus Sanches – FLUP – “Entre a vida comum e a vida calendarizada na Pré-história recente. A arte rupestre e a arte móvel no contexto da geografia do povoamento”

 

Faculdade de Letras da Universidade do Porto; investigadora do CITCEM (FCT´s I&D 4059); https://orcid.org/0000-0002-2643-2325; mjsanches77@gmail.com

 

 

Esta comunicação centra-se no conjunto de sítios “arqueológicos” que informam sobre a geografia do povoamento durante a Pré-história recente — desde o Mesolítico à Idade do Bronze — em Trás-os-Montes e Alto Douro: mamoas, dólmenes, escarpas e penedos gravados e pintados, povoados, etc.. É nesse enquadramento que contextualizaremos a arte rupestre e móvel.

Sendo a imagética, e seu formalismo, o elemento de união umbilical entre sítios ou artefactos—uma característica da tradição da Arqueologia e da História da Arte no comparativismo de formas—, caberá perguntar, com alguns exemplos, em que medida não seremos excessivamente conduzidos pelo magnetismo das imagens pretéritas em si em detrimento dos materiais que lhe dão corpo, suporte e condições de usufruto, seja na vida ordinária, seja na vida calendarizada. Será igualmente lançada para debate a questão da concentração, ou densificação de sítios, em algumas geografias, e sua ausência noutras, procurando explorar este vestígio arqueológico como elemento estruturante da vida colectiva.

 

Palavras-chave: Arte rupestre, arte móvel, Mesolítico-Idade do Bronze; Trás-os-Montes e Alto Douro; Portugal

 

 

Maria de Jesus Sanches é Professora Associada da FL-UP (Portugal), com mais de 40 anos de experiência no ensino e investigação em Pré-história, Arte Rupestre Pré-histórica e Arqueologia. Doutorada em Arqueologia e Pré-História (1995) e com Agregação em arte megalítica pré-histórica (2006), dirigiu vários projetos de investigação arqueológica — arte rupestre, mamoas e construções megalíticas, povoados — em estreita relação com os respetivos paleoecossistemas, particularmente no Norte de Portugal. A busca do envolvimento do público na proteção e usufruto do seu património arqueológico, tem sido o seu princípio orientador desde o início da carreira. De 2022 até ao presente, tem estado envolvida no grupo que luta contra a instalação de um parque eólico no coroamento da Serra de Passos-Santa Comba Garraia, que possui a maior concentração de pinturas rupestres portuguesas da Pré-história recente. É autora de mais de uma centena de artigos e diversos livros sobre Pré-história. Ver mais em:  https://www.cienciavitae.pt/2D18-3019-8956 and/or  http://orcid.org/0000-0002-2643-2325

 

 

10,30 horas – Prof. Doutor André Tomás Santos – Faculdade de Letras da Universidde de Coimbra – “Espaço e imagens como alicerces de uma abordagem ontológica da arte rupestre do Paleolítico Superior”

 

 

A chamada viragem ontológica teve um impacto grande em diversos ramos das ciências sociais e das artes, não tendo a Arqueologia sido excepção. No âmbito da disciplina devem destacar-se os exemplos que se debruçam sobre as imagens pré-histórias, se bem que outras materialidades foram igualmente abordadas a partir desta perspetiva. O impacto destas abordagens no estudo das imagens explica-se pelas influências dos trabalhos de Ingold e, muito particularmente de Descola, autores que se debruçaram sobre a relação entre diversos tipos de ontologia e a produção de imagens. No entanto, como estes autores referem, a identificação de ontologias a partir apenas das suas imagens é algo de muito difícil sem fontes escritas ou orais sobre as sociedades que as produziram. Nesta apresentação aprofundaremos a relação que pode haver entre a “apropriação social do espaço” (sensu Descola) e uma dada ontologia, assim como as potencialidades que o estudo deste aspeto das sociedades pré-históricas oferece para confirmar ou infirmar as inferências que se fazem a partir do estudo exclusivo das imagens.

 

Sobre o autor

 

André Tomás Santos é professor auxiliar de Arqueologia na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, investigador do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Património (CEAAC) e colaborador da UNIARQ – Centro de Arqueologia da Universidade de Lisboa. Desenvolveu trabalhos de arqueologia por todo o país, e particularmente na Beira Alta, onde se tem debruçado sobre diversos aspetos da sua pré-história. Em 2017 defendeu o Doutoramento na Universidade do Porto, trabalho premiado pela Associação de Arqueólogos Portugueses no ano seguinte. Trabalhou durante 19 anos no Vale do Côa, continuando ainda hoje a dedicar-se ao estudo da sua arte paleolítica. É autor ou coautor de 3 livros e de uma centena de artigos sobre diversos temas da Pré-história peninsular, publicados em Portugal e no estrangeiro.

 

 

 

 

 

 

 

11 – Intervalo

 

11,30 horas – Dr.ª Alexandra Cerveira Lima – CMP  e Marco António Dias - Lic. Filosofia, FLUP – “Da sensação à Memória”

 

Resumo:

 

O Arquivo de Memória teve início em 2010, promovido pela Associação de Amigos do Parque e Museu do Coa, e resultou de um apoio da Fundação Calouste Gulbenkian.

Tem como principal objetivo registar testemunhos de vida, digitalizar pequenos arquivos familiares e tornar disponível a informação. Através do apoio do PROVERE do Coa e ON2 foi adquirido o sistema de gestão da informação In Patrimonium (©Sistemas do Futuro) e as entrevistas e documentos associados passaram a estar acessíveis on-line (arquivodememoria.pt).

Iniciando a sua ação em torno das memórias de comunidades do Coa e Douro Internacional, mais recentemente desenvolveu trabalho noutras geografias, de que são exemplo Vila Nova de Gaia, Matosinhos e a Ilha Terceira, resultado de encomendas, parcerias e apoios, como no caso da então Direção Regional de Cultura do Norte e do Governo Regional dos Açores. 

O Arquivo de Memória serve de mote para uma reflexão que analisará, à luz das obras aristotélicas De Memoria et Reminiscentia e De Anima, como uma substância hilemórfica (ou sínolo), após a experiência sensitiva humana, fica registada na Alma sob a forma de um Phántasma, passível de ser recordado. Assim sendo, investigar-se-á primeiramente a quididade do sínolo e a essência da memória, de forma a compreender a base da epistemologia de Aristóteles: a passagem dos objetos (compostos por matéria e forma) da sensação à memória.

 

 

OS AUTORES:

Alexandra Cerveira Pinto Sousa Lima

 

Licenciada em História, Variante de Arqueologia e mestre em Arqueologia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

Técnica Superior do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas.

Curso de Alta Direção em Administração Pública (CADAP), do Instituto Nacional de Administração.

Diretora do Parque Arqueológico do Vale do Coa (2004 a 2010) e diretora do Parque e Museu do Coa (2010).

Chefe da Divisão de Museus e Património Cultural e chefe da Divisão de Património Cultural da Câmara Municipal do Porto (2016 a 2022).

Diretora do Museu de Arqueologia D. Diogo de Sousa e do Museu dos Biscainhos, Braga (novembro de 2022 a fevereiro de 2024).

Atualmente Diretora Municipal de Cultura e Património da Câmara Municipal do Porto. Mentora do Projeto Arquivo de Memória.

 

Marco António Moreira Dias

 

Licenciado em Filosofia pela Faculdade de Letras Universidade do Porto.

Mestrando de Filosofia – Mestrado em Filosofia, História da Filosofia. 

Áreas de interesse de investigação: Ontologia, Lógica e Epistemologia 

 

 

12 horas – DEBATE

 

13-15 horas - almoço (livre)

 

15 horas – Prof. Doutor Álvaro Domingues – Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto – “A metamorfose de um lugar – do comunitarismo agro-pastoril às redes sociais”

 

Resumo:

 

É difícil hoje obter um consenso minimamente estável sobre o que seja um lugar. Na sua obra Não-lugares. Introdução a uma antropologia da sobremodernidade, 1992, Marc Augé assinalava a ideia de lugar como um teatro das relações do quotidiano; repositório de memórias e práticas colectivas, de tradições e de modos de ver o mundo e, por isso, de referências identitárias para a comunidade que o habita; um espaço concreto, mas também um território simbólico dotado, nas palavras do autor, de uma espessura antropológica própria. Tudo o resto seriam não-lugares (e nostalgia profunda acerca dos outros).

Não pode ser. Hoje, em tempos de fluidez e de velocidade de mudança, é necessário quebrar esta dicotomia radical. Como se diz na internet, um lugar é um site e, no linguarejar turístico, um destino, uma lista de coisas para ver e experienciar e, claro, fotografar e colocar no instagram.

 

Sobre o autor:

 

Álvaro Domingues (Melgaço, 1959) é geógrafo, doutorado em Geografia Humana pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1994. Desde 1999 é docente do mestrado integrado e do curso de doutoramento. É também membro do Conselho Científico. Como investigador do Centro de Estudos de Arquitetura e de Urbanismo da FAUP, tem desenvolvido uma atividade regular de investigação e publicação no âmbito de projetos com a Fundação Calouste Gulbenkian, com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia, com a CCDR-N, CCDR-C, com a Xunta da Galiza, com a Escola Técnica Superior de Arquitectura da Coruña, com a Erasmus University of Rotterdam – EURICUR, com o Club Ville Aménagement – Paris, com o CCCB, Barcelona, com a Universidade Técnica de Barcelona-Arquitectura, com a Universidade de Granada – Planeamento e Urbanismo, com as Universidades Federal de S. Paulo e Rio de Janeiro- Brasil, com as Universidades do Minho e Coimbra, com os municípios de Guimarães e Porto, com a Ordem dos Arquitetos, com a Fundação de Serralves e a Fundação da Juventude, entre outros. No CEAU-FAUP a sua atividade centra-se na Geografia Humana, Paisagem, Urbanismo e Políticas Urbanas, quer em termos de investigação, quer em termos de assessoria externa e formação.

 

 

 

15,30 horas –  Prof. Doutor Pedro Pereira – Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) - “Parecia tolinha com a Nossa Senhora ao colo” – materialidade e crença no culto à Senhora da Saúde em Portugal”

pedropereira@ess.ipvc.pt

 

 

Resumo:

 

A paisagem religiosa em Portugal está densamente marcada pela materialidade da devoção mariana. De facto, há cerca de mil invocações da Virgem em Portugal, sendo uma delas a Senhora da Saúde.  O seu culto é seguramente dos maiores do país, ainda que não se note tão claramente a sua dimensão por estar disperso ao longo de mais de trezentos lugares e apresentar um nível de culto predominantemente local.  Ancorada num alargado trabalho de terreno, a presente comunicação focar-se-á na devoção à Senhora da Saúde em Portugal, situando-a no abrangente campo da religião popular. Procurar-se-á argumentar que, neste culto, a compreensão dos itinerários de cura exige a análise das configurações materiais dos processos devocionais, traduzidos nas experiências sensoriais e emocionais, bem como no investimento de poder na Senhora da Saúde.

 

Sobre o autor:

 

Pedro Pereira é antropólogo e professor. Nasceu no Porto, é licenciado, mestre, doutor, pós-doutorado em Antropologia e possui uma Pós-Graduação em Práticas Terapêuticas e Diversidade Cultural e outra em Dinâmicas Religiosas. É Professor Adjunto do Instituto Politécnico de Viana do Castelo, lecionando diversas unidades curriculares de âmbito antropológico em cursos de diferentes níveis e áreas, sendo Coordenador da Academia Sénior-IPVC. É Vogal da Direção da Associação Portuguesa de Antropologia. É Investigador Integrado do Centro em Rede de Investigação em Antropologia, Co-Coordenador do Núcleo de Antropologia da Religião e os seus interesses de investigação têm-se situado, privilegiadamente, nos campos da saúde, da religião e do património cultural. Entre as diversas publicações de artigos e livros, destacam-se as obras: Peregrinos – Um estudo antropológico das peregrinações a pé a Fátima (2003), Em busca da saúde – O culto da Senhora da Saúde numa perspetiva antropológica (2021). No campo literário, salientam-se as publicações dos livros Escrita de lume (2019), O outro lado da rua (2021) e Ruas do Porto – Itinerários líricos 100 palavras (2023).

 

 

 

16 horas – Intervalo

 

16,30 horas – Prof. Doutor Armando Malheiro da Silva e Prof.ª Doutora Teresa Silveira – FLUP – “Objetos materiais ou documentos que veiculam crenças? “

 

 

Resumo

 

A “escola” dos Annales na primeira metade do séc. XX reformulou conceitos como documento e monumento a ponto de obras como a Enciclopédia Einaudi dedicarem o volume 1 à temática da História e da Memória e de seus complementos. A par deste investimento conceitual outros autores de outras geografias disciplinares não hesitaram em significar documento como o ato de estudar e interpretar rodas as coisas, incluindo os objetos materiais. Um machado pré-histórico era documento por ser identificado cientificamente como tal. Assim tem sido a utilização generalizada de termos como documento e documentação, mas neste Colóquio sobre objetos materiais e crenças dá-se a oportunidade de partilhar uma outra perspetiva que vimos trabalhando na Ciência da Informação (trans e interdisciplinar) ensinada e desenvolvida na Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Etimologicamente documento vem do latim documentum (demonstrar ou mostrar algo) e do latim docere (ensinar, lição), legitimando este sentido originário a significação de algo que pode ser mostrado ou de lição a transmitir. Derivando daqui a análise e a reflexão, o machado pré-histórico e uma pedra apanhada tal como se formou na Natureza apresentam uma diferença essencial: aquele é um documento; e este um calhau apenas. Porquê? O machado é uma pedra trabalhada pelo ser humano de acordo com uma ideia, uma representação racional e emocional (ou seja informação) tendo em vista uma finalidade concreta: a pedra em bruto, digamos assim, pode ser estudada por um geólogo e suscitar uma informação/conhecimento cientifico sofisticado e dar origem a diferentes documentos, mas não contém ou não resulta de uma ação informacional humana ou social. No entanto, tanto uma pedra esculpida para efeitos de crença e de veiculação de uma crença, como uma pedra (um rochedo com uma forma antropomórfica ou zoomórfica) surgida naturalmente num determinado lugar pode suscitar um culto e uma forte crença mitológica ou religiosa. A crença liga os dois objetos materiais, porém só um é documento, que o mesmo é dizer que só um contém informação resultante da mente humana.

 

 

 

 

 

 

 

Os autores:

 

Prof. Doutor Armando Malheiro da Silva

 

É Professor catedrático da Faculdade de Letras do Porto (FLUP). É e especialista em Ciências Sociais e com foco em Ciência da Informação. Em 2016, obteve o título de Professor Agregado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Antes disso, doutorou-se em História pelo Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho em 1999. Armando Malheiro da Silva concluiu a licenciatura em História na Faculdade de Letras da Universidade do Porto em 1980. Obteve também o bacharelato em Filosofia na Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Católica Portuguesa no mesmo ano. Ao longo da sua carreira, Armando Malheiro da Silva tem sido prolífico na investigação e publicação, com inúmeros artigos publicados em revistas especializadas, capítulos de livros e livros da sua autoria ou por ele editados. Além disso, ao longo das últimas décadas, participou e organizou inúmeros eventos científicos em Portugal e no estrangeiro, tendo sido convidado como orador principal em muitos deles. Os seus interesses de investigação abrangem um vasto leque de tópicos no âmbito da Ciência da Informação, incluindo a Epistemologia da Ciência da Informação, a Comunicação Digital, a Ética e os Sistemas de Informação, bem como outros subtópicos como Arquivos Pessoais e Familiares, Arquivos e Bibliotecas, a relação entre Arquivos, Bibliotecas e Museus entendidos como Sistemas de Informação, História Política Contemporânea de Portugal, Imaginário, Mitanálise e Identidades, História da Família e Estudos Locais.

 

 

Prof.ª Doutora Teresa Joana da Silva Silveira

 

É Professora Auxiliar do Departamento de Ciências da Comunicação e da Informação (DCC) da FLUP e investigadora integrada do CITCEM, no qual integra o grupo de Informação, Comunicação e Cultura Digital, sendo as suas áreas de investigação a de Comportamento Informacional e a de Gestão da Informação. É autora do livro Cérebro e leitura e tem publicado artigos em revistas científicas e blogues da especialidade. Tem participado em congressos nacionais e internacionais como oradora nas temáticas da sua esfera de investigação. É licenciada em História pela Faculdade de Letras da U. Porto, tendo iniciado o seu percurso na área das Ciências da Informação e da Documentação em 2005. Concluiu o seu mestrado em 2011, pela Universidade Católica Portuguesa – Braga e termina este percurso em 2017 ao doutorar-se em Informação e Comunicação em Plataformas Digitais pela U. Porto. A sua investigação centrou-se na relação entre o desenvolvimento da aprendizagem cerebral e o comportamento informacional. Em particular, a sua tese de doutoramento foi o resultado de um trabalho interdisciplinar entre a Ciência da Informação e a Neuroimagiologia. Teresa Silveira iniciou as suas atividades profissionais nas áreas da informação e documentação em 2003 no Sindicato dos Professores da Zona Norte. Entre 2008 e 2010 foi formadora da Direção Geral do Livro e das Bibliotecas. Em 2008 iniciou atividades de formação e consultoria na Administração Regional de Saúde do Norte, no âmbito do desenvolvimento do Gabinete do Conhecimento. Em 2011 iniciou a docência na Licenciatura em Ciência da Informação, na Faculdade de Engenharia da U.Porto, integrada no Departamento de Informática, como Assistente Convidada, passando a Professora Afiliada em 2020, na mesma faculdade. Em 2016 a sua atividade docente foi alargada ao Mestrado na mesma área. Paralelamente, de 2014 a 2023 exerceu funções de Global Scientific Information Manager na BIAL.

 

 

 

 

17 horas – Doutor Diogo Marques – ILCML. CODA – FLUP – e Ana Gago – Doutor.ª FCT - CITAR/EA/UCP – “MOIRA: investigação ciberliterária na (re)criação do património cultural (i)material”

 

Diogo Marques - Universidade do Porto / CODA + ILCML [dmarques@letras.up.pt] e Ana Gago - CITAR, EA, UCP [algago@gmail.com]

 

RESUMO

MOIRA [https://wreading-digits.com/site/pt/projectos/as-moiras/], é um projeto de investigAÇÃO artística, de natureza ciberliterária, que procura reinterpretar e (re)criar versões locais das lendas do Algarve de Mouras Encantadas através do uso da literatura digital. Resultante do trabalho de campo realizado com grupo de bordadeiras da aldeia de Santa Catarina da Fonte do Bispo, concelho de Tavira, diferentes relatos de lendas locais são colocados em diálogo com a obra poética emergente e abertos à sua (re)interpretação pelo público. Ao combinar a criatividade computacional com a revitalização do património cultural imaterial, o projeto MOIRA visa, em última instância, refletir sobre problemáticas sociais prementes, como questões de género e direitos das mulheres.

Nesta comunicação, além da apresentação dos resultados do projeto MOIRA, será analisada a sua potencial relevância para a discussão de metodologias de base artística em investigação neste(s) domínio(s). Através do uso da literatura digital, e tendo por base uma abordagem de action-heritage, pretende-se, sobretudo, abrir caminhos para (re)pensar o envolvimento das comunidades locais na (re)criação do (seu) património e dos seus múltiplos potenciais usos, na atualidade.

AUTORES:

BIO DIOGO MARQUES

Diogo Marques é membro integrado do ILCML, Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, e investigador no CODA − Centre for Digital Culture and Innovation (FLUP) - unidade funcional na qual desenvolve atividade de investigação-experimentação-criação no campo das Humanidades Digitais. Doutorado em Materialidades da Literatura (2018), pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, a sua tese centra-se na análise de interfaces hápticas enquanto elementos expressivos em literatura computacional. Foi investigador de pós-doutoramento no IELT – Instituto de Estudos de Literatura e Tradição (NOVAFCSH), no âmbito do projeto VAST: values across space & time (2020-21) e Bolseiro de Investigação na Fundação Fernando Pessoa, Porto (2018-2020). Coorganizou volume de ensaios Investigação-Experimentação-Criação:em Arte-Ciência-Tecnologia (Porto: Edições FFP; 2020). Autor, curador e tradutor de (Ciber)literatura experimental e membro cofundador do coletivo ciberliterário d1g1t0 (https://wreading-digits.com).

 

BIO ANA GAGO

Doutoranda em Estudos de Património, no Centro de Investigação em Ciência e Tecnologia das Artes - CITAR (Escola das Artes, Universidade Católica Portuguesa). A sua investigação situa-se na interseção entre as artes, o património e a programação cultural.  Coorganizou, em 2020, volume de ensaios dedicados ao tema Investigação Criativa em Arte-Ciência-Tecnologia. Em 2021, coorganizou webinar “Património para Todos”, integrado na programação de Jornadas Europeias do Património, e, em 2022, o seminário “Ponto(s) de situação: Contextos, mapeamentos e estratégias de programação” de residências artísticas, reunindo investigadores, curadores e artistas portugueses e no Brasil, assim como número temático na revista Cadernos de Sociomuseologia. Pertence à International Contemporary Art in Heritage Network (Newcastle University), é membro honorário da engage (National Association for Gallery Education) e ICOM Portugal. Autora de literatura experimental e membro de d1g1t0 indivíduo_colectivo.

 

 

 

17,30 horas – DEBATE

 

18,30 horas - encerramento.

 

 

Comissão organizadora: Álvaro Campelo (SPAE; CRIA), Ana Margarida Vale (SPAE e ADECAP – CITCEM); António Manuel P. Silva (SPAE e ADECAP – CITCEM); Vítor Oliveira Jorge (SPAE e ADECAP – IHC-FCSH-UNL)

 

Publicação das comunicações: revista TAEonline da SPAE, vol. 65, 2025

https://revistataeonline.weebly.com

 

MOTIVAÇÃO E PROPÓSITOS

 

Desde que existem seres humanos, pelo menos na sua forma físico/mental mais recente na história da evolução, que estes têm crenças, criaram sistemas religiosos, inventaram mitos ou outras estórias mais ou menos complexas e elaboradas ou ingénuas, mas que antropologicamente podem ser/são riquíssimas, e que sobretudo temos de respeitar porque dizem respeito ao núcleo mais íntimo da pessoa humana e das coletividades (locais, regionais, nacionais, etc.), ou seja, à sua identidade. Muitos dos afrontamentos entre seres humanos ficaram e ficam a dever-se a diferentes conceções do mundo, porventura todas (ou quase todas...) defensáveis do seu ponto de vista, mas que geram agressividade, por incompatibilidade mútua ou incompreensão do Outro, degenerando em guerras (internas ou externas), ou não fosse o ódio a outra face do amor (nem é preciso recorrer a Freud para tão evidente constatação). Nenhum de nós é desprovido de uma crença e/ou "religião" (no sentido mais amplo do termo), mesmo que se reivindique do ateísmo (que será afinal ainda uma crença por negação). Essa é a base em que damos sentido, em última análise, às nossas vidas. Há uma ideologia em tudo o que fazemos, dizemos, pensamos.

Também desde que existem seres humanos, providos de reflexão, que estes fabricaram toda a diversidade de objetos que conhecemos, uns estritamente funcionais, outros estritamente relacionados com cultos ou rituais (mesmo modernos, como por exemplo o ritual das competições desportivas, etc.... não há nenhuma ação cultual, ou mesmo simplesmente humana em geral, que não seja mediada por objetos), mas na maior parte ocupando um lugar simbólico entre os dois aspetos. De facto, nós, humanos, nunca vivemos uma vida estritamente "material" ou "funcional", mas, consciente ou inconscientemente, atribuímos (individual e coletivamente) ao espaço e aos objetos com que o povoamos (de todos os tipos e dimensões, por exemplo a própria cidade), um significado ou conotação, ligados à memória e aos afetos, que corporizam algo de espiritual, se quisermos, algo que está muito para além da simples e comezinha utilidade, mediata ou imediata.

Esses aspetos são, como sabemos, estudados por várias ciências sociais, entre as quais a antropologia (por vezes dita antropologia cultural ou social) e a arqueologia. Esta última parte mesmo sempre de objetos de todos os tipos para, com base neles, e em conjugação com outros dados, tentar chegar às sociedades e às crenças e representações partilhadas que as sustentaram.

É esse o leque temático que a SPAE, associação de antropologia no sentido alargado, e a ADECAP, associação de arqueologia entendida também como uma ciência social, vos propõem para este Colóquio, o qual, como se vê pelo programa das intervenções, será interdisciplinar e transdisciplinar, pouco se preocupando com as “etiquetas” que apomos às “caixas” em que tantas vezes “encarceramos” o saber.

 

 

Comissão organizadora: Álvaro Campelo (SPAE; CRIA), Ana Margarida Vale

(SPAE e ADECAP - CITCEM); António Manuel P. Silva (SPAE e ADECAP

CITCEM); Vitor Oliveira Jorge (SPAE e ADECAP - IHC-FCSH-UNL)

 

A SPAE e a ADECAP agradecem à Faculdade de Letras do Porto, na pessoa da sua Diretora, a amável cedência graciosa do anfiteatro nobre para que esta realização se possa concretizar.

 

 

Publicação das comunicações: revista TAEonline da SPAE, vol. 65, 2025

https://revistataeonline.weebly.com

 

 

 

 


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