O nº 11 (2025) de Eburobriga Fazendo jus à ideia de que no Fundão se teria localizado a cidade romana de Eburobriga, o município publica, através do seu Museu de Arqueologia, a revista Eburobriga, cujo número 11, referente a 2025, acaba de ser distribuído. Dirige-a, por inerência de funções, o Presidente da Câmara, Paulo Fernandes; a coordenação editorial pertence a Pedro Miguel Salvado e o secretariado da redação a Joana Bizarro. Logo as palavras do presidente, na abertura, dão a entender que, muito provavelmente, alguns dos textos que figuram neste número vêm de reuniões científicas levadas a efeito no Fundão, designadamente o Encontro Internacional de Desenvolvimento Comunitário e Museus-não-Museus, aí realizado nos primeiros dias de Setembro de 2022, em que houve a colaboração do grande mestre da Nova Museologia, o francês Hughes de Varine. Por isso se justifica a sua imagem na capa e que seja de sua autoria o primeiro artigo, intitulado «Património, Educação e Mudança». Todos os textos iniciais se apresentam dentro da óptica museológica: – Dolores Álvarez-Rodríguez fala dos desafios actuais existentes para que a educação veiculada pelos museus em prol do património cultural seja dirigida a todas as pessoas; – Maria Beatriz Rocha-Trindade acha que é uma missão que se impõe construir e preservar a memória das migrações; – Fernando Paulo das Neves sublinha a obra notável do Hughes de Varine no sentido de democratizar socialmente a memória. – também em relação à atividade desse âmbito levada a efeito por outras individualidades, refira-se que Moana Soto alude ao trabalho de Paulo Freire no apoio à chamada «Nova Museologia»; – Pedro Salvado, director do Museu, e dois dos seus colaboradores (André Mota Veiga e Agostinho Janeira) dão conta do que se fez e está a fazer no âmbito da criação e desenvolvimento do Centro de Estudos do Território, Mobilidade e Património, um centro inovador de largas perspectivas de actuação; – Juanjo Pulido pergunta se a posição da Arqueologia será para a Comunidade, desde a Comunidade, pela Comunidade ou contra a Comunidade, uma perspectiva de análise deveras curiosa; – Xurxo Ayán Vila dá como exemplo de fazer Arqueologia Comunitária o que se está a passar na Galícia; – Filomena Barata, a propósito dos museus com coleções de Arqueologia tece inúmeras considerações, do maior interesse, a propósito dos problemas mais prementes que encaram os museus com colecções de Arqueologia; – Juan Pablo López García, coordenador do projecto Terra Levis, dá conta como o Museu Aberto das Serras de Ávila e o Valle Amblés muito têm conseguido na luta contra o despovoamento; – Miguel Serra e Eduardo Porfírio, pegando no título de uma série de televisão «Conta-me como foi», analisam como é que, através de um projeto arqueológico, se pode fazer educação patrimonial; – E neste do trabalho arqueológico e museológico, Sabah Walid proclama que se não pode esquecer que «as comunidades têm voz», ou seja, que, na realidade, nada se pode fazer a esses níveis, se não se tiver em conta o sentir e a colaboração das comunidades locais; – Construído sobre a actual linha de fronteira entre os municípios da Covilhã e do Fundão, datado do Bronze Final / inícios da Idade do Ferro, o Castro da Argemela que futuro se lhe poderá dar? – pergunta Maria do Carmo Raminhas Mendes. – Eduardo Porfírio, Miguel Serra e Andrea Mendoza preferiram, no âmbito do projeto do Outeiro do Circo, um dos significativos sítios arqueológicos, «pegar» numa metáfora, a do xaroco, esse vento quente que ali sopra de sudeste, vale a pena ler; – Luís Mota Figueira apresenta o caso do Museu Agrícola de Riachos como testemunho da ação educativa num museu comunitário; – Rosalia Vargas, presidente do projecto Ciência Viva, pergunta se os museus deverão ser espelhos ou janelas; – Manuel Ferreira dá um outro exemplo de museu local: o Museu de Agricultura de Fermentões(Guimarães); – Em jeito de brincadeira, para mais facilmente as pessoas se sentirem atraídas para a leitura, Ana Julia Anase de Rezende e Ana Marcela Vllalpando Aranda, intítularam o seu artigo «Memoria con café y cristal», alusão ao projecto de acção cultural, em 2019, no Museo de Historia y Antropología de Tenerife, em que se problematizou o futuro das tradições; – Andreia Filipa Conceição e Eduardo Cunha apresentam os museus como mediadores das memórias do século XXI e dão como exemplo o impacto social do Museu Marítimo de Sesimbra; – Eunice Lopes e Mónica Cardoso, ambas do Instituto Politécnico de Tomar, preferem relacionar o Museu com a Escola considerando tanto um como outra «catalisadores de emoções para ativação comunitária»; – Desirée Nobre Salasar procura reflectir sobre a acessibilidade que existe ou que é preciso aumentar aos ambientes culturais do município do Fundão. Os outros trabalhos que completam este denso e importante volume da revista Eburobriga versam outros assuntos que não propriamente referentes aos museus. Assim, Joana Bizarro fala dos achados inéditos nos povoados do Vale Feitoso, de São Brás e da Argemela, no Fundão; Saul António Gomes retoma um tema que tem sido da sua predilecção nos últimos tempos, os contratos das sisas (1527) aqui na região da Covilhã e Castelo Branco; Ana salvado aproxima-se do imaginário rural do início de Novecentos através da análise de uma obra de José Campas que existe na Coleção de José Alves Monteiro; por seu turno, Jorge de Alarcão tece considerações acerca da origem e significado do topónimo Mestas; termina Albano Mendes de Matos com um tema de ordem artesanal, os cesteiros no Alcaide, povoação e freguesia do concelho do Fundão. Assim pois, a mera enumeração dos textos incluídos neste volume de 200 páginas é bem significativa do interesse que ela, de facto, detém. Quiçá se gostaria que, do ponto de vista tipográfico, a escolha do tom da tinta fosse menos cinzenta, mormente nas notas bibliográficas que se apresentam de leitura não fácil para boa parte das pessoas. O volume é bem denso. Compreende-se: procura-se ter possibilidade de incluir o maior número de texto possível. Em todo o caso, dir-se-á que se trata de um valioso contributo para a reflexão no âmbito da Museologia e da Arqueologia. José d’Encarnação |
Capa de Eburobriga 11 (2025)_001.png
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