Luís Reis Torgal descortina a história e a complexidade do Liberalismo em Portugal Essa Palavra Liberdade..., livro do historiador Luís Reis Torgal, professor aposentado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, vai estar disponível nas livrarias a partir do próximo dia 24. É uma edição da Temas e Debates (Círculo de Leitores) e integra-se nas comemorações do Bicentenário da Revolução de 1820, adiadas para o próximo Outubro. A revolução do Porto de 1820 e a Constituição de 1822 dela nascida abriram caminho, de modo inexorável, para o Estado de Direito, e esse facto projetou-se na História política portuguesa até aos nossos dias. Urge, portanto, relembrar, analisar e divulgar os acontecimentos que permitiram a Portugal substituir um rei absoluto por um sistema capaz de representar os cidadãos. A historiografia apresentada neste livro pelo Professor Luís Reis Torgal procura descortinar a complexidade dos fenómenos e as suas repercussões duráveis, de modo a que o leitor consiga perceber o longo caminho de afirmação do constitucionalismo e do liberalismo, até aos dias de hoje. Apesar de ser um livro de História, esta obra é também uma análise do presente, pois, para além de muitas das propostas feitas pelos vintistas ainda serem bastante atuais, hoje em dia vivemos menos numa social-democracia e mais numa democracia liberal, marcada pelo liberalismo económico e pelo neoliberalismo. Importa assim relembrar as origens do movimento em Portugal e como é que a Revolução de 1820 marcou, para sempre, a sociedade, a política e a economia portuguesa. «É que o liberalismo, mesmo no seu início, não significa, como perceberam alguns liberais, apenas liberalismo político e este mesmo deveria ser equilibrado com conceitos de igualdade e fraternidade.» Sinopse: «Na linha da obra que ora tenho a honra de apresentar urge estudar, investigar, mas também desenvolver a ação pedagógica, no sentido da melhor historiografia, sem tentações “presentistas”. É o devir que constitui a História. Daí a importância do conhecimento e da perspetiva crítica. Eis a matéria-prima de que se faz este livro, sobre sementes perenes de modernidade.» – Do Prefácio, de Guilherme d’Oliveira Martins «Na verdade, é a "liberdade" que está em questão nesta obra. É a liberdade que se opõe ao absolutismo, mas também quando, na polémica sobre a Instrução Pública, os liberais mais coerentes pretendem criar (sem o conseguir) um novo edifício, baseado na cidadania, para substituir o do hierarquizado "Antigo Regime". É a liberdade que está em causa quando, em nome da "ordem" e perante a guerrilha liberal, outra vez saída do Porto, o absolutismo miguelista castiga, com o apoio da libertinagem de rua, os alegados estudantes radicais e "criminosos" (defensores, a seu modo, da liberdade), com uma execução exemplar. E é, enfim, também a liberdade, mas a liberdade económica - ideia utilizada por liberais, mas também por antiliberais - que se propõe em favor do desenvolvimento, mas também indiciadora da luta pelos interesses privados. "Liberdade" é, pois, uma palavra nobre, polissémica e ambígua. É nessa múltipla significação que o liberalismo, seu defensor contra a monarquia absoluta, a usa e dela abusa para fins privados. Essa palavra, "liberdade", é, pois, o que analisei neste discurso histórico, sempre cheio de interrogações. Será um conceito sempre a rever, no período que abordamos e nos dias que correm.» – Da Introdução Sobre o autor: Luís Reis Torgal é professor catedrático aposentado da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e foi fundador do Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra — CEIS20. É Sócio Honorário da Academia Portuguesa de História. Foi professor convidado de várias universidades europeias, do Brasil e do Japão. Tem-se dedicado a diversos temas desde o século XVII ao século XX, especialmente no âmbito da História Política e das Ideias, da História da Universidade, da História da História em Portugal e da Teoria da História, tendo sido publicado pela Temas e Debates a sua obra História… que História? (2015). Recebeu vários prémios e foi-lhe concedida, em 2016, a Medalha de Mérito em Ciência pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. Nos últimos anos dedicou-se, sobretudo, ao estudo dos «fascismos» e dos Estados autoritários-totalitários. A sua obra maior, neste âmbito, intitula-se Estados Novos, Estado Novo (2009), designando-se o seu último livro publicado Separação e colaboração do Estado e da Igreja no tempo de Salazar. O caso dos feriados (2020). Tendo iniciado universitariamente os seus estudos na área do Liberalismo e na Contrarrevolução, publicou em 1984, com Isabel Nobre Vargues, um livro sobre o Liberalismo e a Instrução Pública e foi coordenador, com João Lourenço Roque, do volume 5, O Liberalismo, da História de Portugal, dirigida por José Mattoso. A sua ligação a esta última temática e o Bicentenário da Revolução de 1820 levaram a que fosse convidado para fazer parte da Comissão Científica organizadora do Congresso Comemorativo, a realizar — depois de sucessivos adiamentos, devido à Covid-19 — em 2021 e conduziram-no à reflexão acerca de anteriores temas que estudou, de que é exemplo esta obra. Para mais informações: Gabinete de Comunicação da Temas e Debates Mafalda Trindade (mafalda.trindade@bertrand.pt) |
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