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[Museum] PATRIMÓNIO: A Cognição codificará, robotizará e interiorizará a Relevância, ainda mais do que no passado?

To :   museum <museum@ci.uc.pt>
Subject :   [Museum] PATRIMÓNIO: A Cognição codificará, robotizará e interiorizará a Relevância, ainda mais do que no passado?
From :   Pedro Pereira <pedropereiraoffic@outlook.com>
Date :   Thu, 29 Sep 2022 12:51:01 +0000

 

Texto no ANEXO PDF

[….]

3.3.3 – A Cognição codificará, robotizará e interiorizará a Relevância, ainda mais do que no passado?

 

Como explicar a similitude existente entre os processos mentais do Ser-humano e os mecanismos que presidem à evolução da Natureza?

(G. Bateson, 1979, “Mind and Nature”, E.P.Dutton, New York)

 

 

Esta codificação e robotização do comportamento humano – esta passagem para dentro de si de um processo relevante para o sucesso Adaptativo – afinal, é o mesmo processo já presente no ADN e na actual definição bioquímica de Vida (ibidem, Nature Chimestry 8, 4 jan 2016; La Recherche n.º 2, Février 2013). Na dita Evolução – no percurso filogenético da Vida (sobretudo, na via eucariote) – não terá sido sempre assim?

Quantos de nós – dos deste nível de complexidade designado por “humanos” (espécie homo sapiens sapiens) – serão necessários copiar e recopiar para se passar de nível? Atualmente, em 2022, aqui na Terra, a população já é superior a 7.976.338.000 indivíduos. E as cópias das outras espécies de Vida não-humanas, que competem e partilham connosco este mesmo território, quantas serão neste momento? Quem terá maior probabilidade de sobreviver, devido a ter adquirido melhores vantagens adaptativas? Servirá o Património, na sua relação com a Cognição e a Evolução, para nos conferir algum benefício nesse desafio?

Deste modo, o ponto-de-partida para um novo trabalho será a investigação da hipótese de que essa passagem, no córtex, – da deteção das Diferenças à representação de Formas, e o posterior percurso de complexidade de codificação até à linguagem, à escrita, e ao hipertexto – foi o que permitiu transmitir às gerações seguintes a memória das experiências tidas a nível “social” (antes do aparecimento da espécie humana) e “cultural” (após o homo sapiens). E com isso, aumentar a capacidade cognitiva do ser-humano por um processo perfeitamente Natural; isto é, consentâneo com a estratégia eucariote e o percurso da Filogenia. Ou seja, que será prudente não terminar a relação mitológica (i.e., a profecia de Futuro que o mito projectou) entre Zeus e Mnemósine.

Em suma, este trabalho de investigação mostra que a memória é um fenómeno e um processo, simultaneamente, bio-socio-cultural. Que, nesse processo, a relação entre a «procura da Relevância» e o aumento da complexidade da Cognição foi efetiva e determinante. E apenas explicável através do «modelo de compreensão do Comportamento humano» que formulámos no Quadro I. De que, é essa contextualização naturalista e empírica que permite compreender o contributo decisivo do Património para a Evolução humana. Uma explicação, a qual, sem o termos previsto inicialmente, conduziu à formulação de hipóteses: – quer para a origem da Linguagem e da Escrita; quer, para o modo como a Realidade (objetos-factos-coisas) é percepcionada na cognição; quer, para a origem do fenómeno da Religiosidade comum à espécie humana.

Mas não foi apenas esse contributo, de haver uma ligação efetiva entre os níveis físico, biológico, social e cultural. Foi também, em relação aos modelos anteriores, a capacidade de descrever com mais rigor a sua definição e o seu funcionamento. Concretamente, de que a Natureza está interiorizada no comportamento humano – simultaneamente, física (intrincação e super-posição) e biológica (autocatálise e auto-organização), somada à social (sujeição dos comportamentos individuais à regulação coletiva e colaborativa) e à cultural (procura consciente da Relevância, e sua codificação numa memória transmissível e acedível por um novo ciclo comportamental, i.e., por um novo recomeço e uma nova re-cópia) –, e determina a sua evolução. Muito mais do que aparentemente parece. E ainda mais do que a ilusão antropocêntrica impede.

De facto, o «modelo de compreensão do comportamento humano, e sua evolução» (Quadro I) ofereceu um novo modo de compreender e posicionar as Variáveis que estavam presentes no «modelo darwinista» (“variação – adaptação – seleção”). Estabeleceu a ligação de causa-efeito que faltava entre a “seleção” e a “variação”. O que permitiu compreender como se processou a passagem do mais simples ao mais complexo; e, de como a sucessiva re-cópia (ao ser capaz de acumular em memória os contributos das complexidades anteriores) permitiu aumentar o tamanho do cérebro, a capacidade cognitiva, e a complexidade nas gerações seguintes. Este trabalho permitiu compreender melhor como o factor interno, derivado desse poder cognitivo gradualmente aumentado (coluna 2, da Variável 2, do Quadro I), contribuiu para o processo da Evolução humana. Em vez de uma compreensão apenas darwinista, baseada predominantemente no factor externo da Adaptação ao ambiente-contexto.

Ora, o «modelo apresentado no Quadro I» permite um passo adiante. Permite postular que o «comportamento humano» é uma derivada (no sentido matemático) do «modelo-padrão da Física». Pois os níveis designados por “social” e “cultural” derivam das propriedades “físicas” da intrincação e super-posição; e “biológicas”, de autocatálise e auto-organização. Ou seja, os cinco níveis considerados no «modelo» estabelecem entre si, forçosamente, uma relação energética, química e biológica. Essa relação está presente e actua entre eles. Sendo assim, não há razão que impeça não ser uma relação proporcional, possível de quantificar e matematizar. Isto é, nada impede que seja possível passar da atual compreensão algorítmica para uma compreensão logarítmica do comportamento humano. E, futuramente, conseguir formular uma equação que oriente a robotização do comportamento humano.

O que, de acordo com a explicação sugerida por este trabalho, não seria mais do que uma forma mais evoluída do processo de re-cópia presente desde o início daquilo que se designa por “Vida” (i.e., um processo natural, físico-químico, que ocorre no ADN-ARN há milhões de milhões de anos). Continuaria a ser a Natureza a perpetrar a Vida, e a funcionar consigo própria. Apesar dos Humanxs, com a sua habitual sobranceria antropocêntrica, poderem usar o adjetivo “artificial” para se referirem a essa ocorrência.

Porém, ao se conseguir fazer esse novo tipo de cópia (robot do comportamento humano), então, a resposta à pergunta “Para onde ides, Humanxs?” é diferente da que daríamos antes deste trabalho. Pois a resposta continua a não estar resolvida, nem a ser definitiva, é certo. Mas o resultado deste trabalho será capaz de interferir no caminho de complexidade humana. E é a essa diferença, que chamamos “contributo”.

 

Pedro Manuel-Cardoso

 

 

 

Attachment: PedroManuelCardoso PATRIMÓNIO COGNIÇÃO E EVOLUÇÃO HUMANA.pdf
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