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[….]
3.3.3 – A Cognição codificará, robotizará e interiorizará a
Relevância, ainda mais do que no passado?
Esta codificação e robotização do comportamento humano – esta passagem para dentro de si de um processo relevante para o sucesso
Adaptativo – afinal, é o mesmo processo já presente no ADN e na actual definição bioquímica de Vida (ibidem,
Nature Chimestry 8, 4 jan 2016; La Recherche n.º 2, Février
2013). Na dita
Evolução – no percurso filogenético da Vida (sobretudo, na via eucariote) – não terá sido sempre assim?
Quantos de nós – dos deste
nível de complexidade designado por “humanos” (espécie homo sapiens sapiens) – serão necessários copiar e recopiar para se passar de
nível? Atualmente, em 2022, aqui na Terra, a população já é superior a 7.976.338.000 indivíduos. E as cópias das
outras espécies de Vida não-humanas, que competem e partilham connosco este mesmo território, quantas serão neste momento? Quem terá maior probabilidade de sobreviver, devido a ter adquirido melhores vantagens
adaptativas? Servirá o Património, na sua relação com a Cognição e a
Evolução, para nos conferir algum benefício nesse desafio?
Deste modo, o ponto-de-partida para um novo trabalho será a investigação da hipótese de que essa passagem, no córtex, – da
deteção das Diferenças à representação de Formas, e o posterior percurso de complexidade de codificação até à linguagem, à escrita, e ao hipertexto – foi o que permitiu transmitir às gerações seguintes a memória das experiências tidas a nível
“social” (antes do aparecimento da espécie humana) e “cultural” (após o homo sapiens). E com isso, aumentar a capacidade cognitiva do ser-humano por um processo perfeitamente
Natural; isto é, consentâneo com a estratégia eucariote e o percurso da Filogenia. Ou seja, que será prudente não terminar a relação mitológica (i.e., a profecia de Futuro que o mito projectou) entre
Zeus e Mnemósine.
Em suma, este trabalho de investigação mostra que a memória é um fenómeno e um processo, simultaneamente, bio-socio-cultural. Que, nesse processo, a relação entre a «procura da Relevância» e
o aumento da complexidade da Cognição foi efetiva e determinante. E apenas explicável através do «modelo de compreensão do Comportamento humano» que formulámos no
Quadro I. De que, é essa contextualização naturalista e empírica que permite compreender o contributo decisivo do
Património para a Evolução humana. Uma explicação, a qual, sem o termos previsto inicialmente, conduziu à formulação de hipóteses: – quer para a origem da
Linguagem e da Escrita; quer, para o modo como a Realidade (objetos-factos-coisas) é percepcionada na cognição; quer, para a origem do fenómeno da
Religiosidade comum à espécie humana.
Mas não foi apenas esse contributo, de haver uma ligação efetiva entre os níveis físico, biológico, social e cultural. Foi também, em relação aos modelos anteriores, a capacidade de descrever com mais
rigor a sua definição e o seu funcionamento. Concretamente, de que a Natureza está interiorizada no comportamento humano – simultaneamente,
física (intrincação e super-posição) e biológica (autocatálise e
auto-organização), somada à social (sujeição dos comportamentos individuais à regulação coletiva e colaborativa) e à
cultural (procura consciente da Relevância, e sua codificação numa memória transmissível e acedível por um novo ciclo comportamental, i.e., por um novo recomeço e uma nova re-cópia) –, e determina a sua evolução. Muito mais do que aparentemente
parece. E ainda mais do que a ilusão antropocêntrica impede.
De facto, o «modelo de compreensão do comportamento humano, e sua evolução» (Quadro I) ofereceu um novo modo de compreender e posicionar as
Variáveis que estavam presentes no «modelo darwinista» (“variação – adaptação – seleção”). Estabeleceu a ligação de causa-efeito que faltava entre a “seleção” e a “variação”. O que permitiu compreender como se processou a passagem
do mais simples ao mais complexo; e, de como a sucessiva re-cópia (ao ser capaz de acumular em memória os contributos das complexidades anteriores) permitiu aumentar o tamanho do cérebro, a capacidade cognitiva, e a complexidade nas gerações
seguintes. Este trabalho permitiu compreender melhor como o factor interno, derivado desse poder cognitivo gradualmente aumentado (coluna 2, da
Variável 2, do Quadro I), contribuiu para o processo da Evolução humana. Em vez de uma compreensão apenas
darwinista, baseada predominantemente no factor externo da Adaptação ao ambiente-contexto.
Ora, o «modelo apresentado no
Quadro I» permite um passo adiante. Permite postular que o «comportamento humano» é uma
derivada (no sentido matemático) do «modelo-padrão da Física». Pois os níveis designados por “social” e “cultural” derivam das propriedades “físicas” da
intrincação e super-posição; e “biológicas”, de autocatálise e
auto-organização. Ou seja, os cinco níveis considerados no «modelo» estabelecem entre si, forçosamente, uma relação energética, química e biológica. Essa relação está presente e actua entre eles. Sendo assim, não há razão que impeça não ser uma relação
proporcional, possível de quantificar e matematizar. Isto é, nada impede que seja possível passar da atual compreensão algorítmica para uma compreensão logarítmica do comportamento humano. E, futuramente, conseguir formular uma equação que oriente a robotização
do comportamento humano.
O que, de acordo com a explicação sugerida por este trabalho, não seria mais do que uma forma mais evoluída do processo de
re-cópia presente desde o início daquilo que se designa por “Vida” (i.e., um processo
natural, físico-químico, que ocorre no ADN-ARN há milhões de milhões de anos). Continuaria a ser a Natureza a perpetrar a Vida, e a funcionar consigo própria. Apesar dos
Humanxs, com a sua habitual sobranceria antropocêntrica, poderem usar o adjetivo “artificial” para se referirem a essa ocorrência.
Porém, ao se conseguir fazer esse novo tipo de cópia (robot do comportamento humano), então, a resposta à pergunta “Para onde ides, Humanxs?” é diferente da que daríamos antes
deste trabalho. Pois a resposta continua a não estar resolvida, nem a ser definitiva, é certo. Mas o resultado deste trabalho será capaz de interferir no caminho de complexidade humana. E é a essa diferença, que chamamos “contributo”.
Pedro Manuel-Cardoso
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PedroManuelCardoso PATRIMÓNIO COGNIÇÃO E EVOLUÇÃO HUMANA.pdf
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