O «modelo de compreensão do ciclo de um objeto-coisa-facto na cognição» (Quadro II) permitiu formular um «método para detectar as Diferenças no espaço-tempo» mais rigoroso e preciso do
que os baseados nos critérios de “épocas”, “idades”, “séculos”, e outros do mesmo tipo.
Pois, se todo e qualquer objeto-facto-coisa se inicia pela «percepção de uma Diferença» (Quadro IV), e está situado forçosamente numa escala de espaço-tempo não antropocêntrica (isto é, sujeito
às propriedades físicas da intrincação e super-posição e às propriedades biológicas de
autocatálise e auto-organização), então, será um erro continuar a definir a sua posição e a sua duração pelos critérios actuais. Um erro proporcionalmente maior, quanto mais o ser-humano se expandir para fora da Terra, e lá, nesses sítios, passarem
a ocorrer Relevância e Património (objetos-coisas-factos-coleções,
etc.).
Concretamente,
Quadro V – Método para detectar as
Diferenças (e a Memória) no espaço-tempo (in Pedro Manuel-Cardoso, 2022, “Património, Cognição, e Evolução Humana”, pág.23)
O eixo X (antes-agora-depois) corresponde ao «eixo do espaço-tempo» e o
eixo Y (objeto-uso-relevância) corresponde ao «eixo da atividade-acção-comportamento-transformação». Logo, o cruzamento dos dois eixos estabelece uma matriz-mapa com
nove localizações [O1,O2,O3+U1,U2,U3+R1,R2,R3]. Dentro de cada uma destas
nove localizações ocorrem inúmeras diferenças. Cada diferença é uma posição determinada pela intersecção do
eixo X com o eixo Y.
Ora, se a cada diferença corresponder uma
posição, então, uma sucessão de posições (derivada dos sucessivos inícios e reinícios, cópias e recópias dos ciclos comportamentais) provocará um
itinerário de posições. Se a cada posição corresponder uma recordação-lembrança, então, a uma
sucessão de recordações-lembranças corresponderá uma memória (história).
Assim sendo, em termos práticos, estaríamos perante a possibilidade de construir (i.e., exteriorizar numa técnica e numa máquina) um aparelho semelhante ao
GPS capaz de detectar e reconstituir a Memória (estivesse dentro ou fora do córtex). E, em termos conceptuais, poderíamos passar a definir uma
memória como um itinerário de posições dentro das nove localizações dadas pelo cruzamento dos
eixos X e Y (que constituem a matriz-mapa do Quadro V). Ou seja, uma
recordação-lembrança poderia ser definida como sendo uma posição
X-Y (interseção X-Y) dentro de uma localização L1 a 9; e uma
memória, definida como sendo um itinerário de posições dentro daquelas nove
localizações possíveis.
Deste modo, cada recordação-lembrança (e cada
memória) era o referente que faltava para impedir a arbitrariedade entre o
significante e o significado dentro do signo. Ou seja, seria a posição-localização definida pelo cruzamento entre
X (espaço-tempo) e Y (acção-comportamento) que determinaria (originaria) a evidência e a objetividade daquilo que se designa por
objeto-facto-coisa. E posteriormente, eventualmente, sobre o que se decidia a
Relevância. Razão pela qual, na ausência do referente que a memória provoca no signo (linguagem), o significante e o significado (os «nomes» e «as coisas nomeadas», as narrativas, as palavras,
etc.) voltam a girar em torno de si mesmas num arbítrio sem fim.
Este método, ao permitir detectar as
diferenças tanto na escala do infinitamente grande (10+1n) como na do infinitamente pequeno (10-1n),
provavelmente, permitiria com a ajuda de uma máquina (robot) e de um algoritmo (IA,
machine-learning) detectar (e até reconstruir) as memórias.
Pedro Manuel-Cardoso |
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