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[Museum] Uma Máquina da Memória, exteriorizada e robotizada, ao dispor da gestão do Património?

To :   museum <museum@ci.uc.pt>
Subject :   [Museum] Uma Máquina da Memória, exteriorizada e robotizada, ao dispor da gestão do Património?
From :   Pedro Pereira <pedropereiraoffic@outlook.com>
Date :   Fri, 7 Oct 2022 08:27:51 +0000

 

O «modelo de compreensão do ciclo de um objeto-coisa-facto na cognição» (Quadro II) permitiu formular um «método para detectar as Diferenças no espaço-tempo» mais rigoroso e preciso do que os baseados nos critérios de “épocas”, “idades”, “séculos”, e outros do mesmo tipo.

Pois, se todo e qualquer objeto-facto-coisa se inicia pela «percepção de uma Diferença» (Quadro IV), e está situado forçosamente numa escala de espaço-tempo não antropocêntrica (isto é, sujeito às propriedades físicas da intrincação e super-posição e às propriedades biológicas de autocatálise e auto-organização), então, será um erro continuar a definir a sua posição e a sua duração pelos critérios actuais. Um erro proporcionalmente maior, quanto mais o ser-humano se expandir para fora da Terra, e lá, nesses sítios, passarem a ocorrer Relevância e Património (objetos-coisas-factos-coleções, etc.).

Concretamente,

 

Existe, em termos matemáticos, para um tempo-espaço quantificado (R), e para um objeto-facto-coisa particular (N), uma qualquer diferença (X) entre [O1, O2, O3], ou [U1, U2, U3], ou [R1, R2, R3]?

 

Existindo essa diferença (X), então, uma recordação-lembrança (R) poderá ser uma posição (P) determinada por um ponto resultante da intersecção do eixo X (antes-agora-depois) com o eixo Y (objeto-uso-relevância). Logo, uma memória (M) poderá ser um itinerário de posições (I) no seio de um mapa de nove localizações (L), dadas pelo cruzamento dos eixos X (espaço-tempo) e Y (acção-comportamento)?

 

 

 

 

 

RELEVÂNCIA

(valor/significado)

 

 

R1

Relevância/Valor que tinham no Passado

 

R2

Relevância/Valor que têm no Presente

 

R3

Relevância/Valor que se deseja que venham a ter no Futuro

 

 

 

 

USO

(acção/comportamento/

função)

 

U1

Uso dado no Passado

 

U2

Uso dado no Presente

U3

Uso que se propõe para o Futuro

 

 

 

 

­

OBJETO/FACTO

(coisa)

 

 

O1

Objetos/Factos tal como existiam no Passado

 

O2

Objetos/Factos tal como existem no Presente

 

O3

Objetos/Factos que se propõem para o Futuro

 

 

 

E

I

X

0

 

Y

 

PASSADO

Antes

Anterioridade

 

PRESENTE

Agora

Contemporaneidade

Coetaneidade

 

FUTURO

Depois

Posterioridade

 

 

 

EIXO X

 

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> 

 

> 

 

Quadro V – Método para detectar as Diferenças (e a Memória) no espaço-tempo (in Pedro Manuel-Cardoso, 2022, “Património, Cognição, e Evolução Humana”, pág.23)

 

 

O eixo X (antes-agora-depois) corresponde ao «eixo do espaço-tempo» e o eixo Y (objeto-uso-relevância) corresponde ao «eixo da atividade-acção-comportamento-transformação». Logo, o cruzamento dos dois eixos estabelece uma matriz-mapa com nove localizações [O1,O2,O3+U1,U2,U3+R1,R2,R3]. Dentro de cada uma destas nove localizações ocorrem inúmeras diferenças. Cada diferença é uma posição determinada pela intersecção do eixo X com o eixo Y.

Ora, se a cada diferença corresponder uma posição, então, uma sucessão de posições (derivada dos sucessivos inícios e reinícios, cópias e recópias dos ciclos comportamentais) provocará um itinerário de posições. Se a cada posição corresponder uma recordação-lembrança, então, a uma sucessão de recordações-lembranças corresponderá uma memória (história).

Assim sendo, em termos práticos, estaríamos perante a possibilidade de construir (i.e., exteriorizar numa técnica e numa máquina) um aparelho semelhante ao GPS capaz de detectar e reconstituir a Memória (estivesse dentro ou fora do córtex). E, em termos conceptuais, poderíamos passar a definir uma memória como um itinerário de posições dentro das nove localizações dadas pelo cruzamento dos eixos X e Y (que constituem a matriz-mapa do Quadro V). Ou seja, uma recordação-lembrança poderia ser definida como sendo uma posição X-Y (interseção X-Y) dentro de uma localização L1 a 9; e uma memória, definida como sendo um itinerário de posições dentro daquelas nove localizações possíveis.

Deste modo, cada recordação-lembrança (e cada memória) era o referente que faltava para impedir a arbitrariedade entre o significante e o significado dentro do signo. Ou seja, seria a posição-localização definida pelo cruzamento entre X (espaço-tempo) e Y (acção-comportamento) que determinaria (originaria) a evidência e a objetividade daquilo que se designa por objeto-facto-coisa. E posteriormente, eventualmente, sobre o que se decidia a Relevância. Razão pela qual, na ausência do referente que a memória provoca no signo (linguagem), o significante e o significado (os «nomes» e «as coisas nomeadas», as narrativas, as palavras, etc.) voltam a girar em torno de si mesmas num arbítrio sem fim.

Este método, ao permitir detectar as diferenças tanto na escala do infinitamente grande (10+1n) como na do infinitamente pequeno (10-1n), provavelmente, permitiria com a ajuda de uma máquina (robot) e de um algoritmo (IA, machine-learning) detectar (e até reconstruir) as memórias.

 

Pedro Manuel-Cardoso

 

 


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