Lista museum

Mensagem

[Museum] RE: "Qual o papel que deverá ter a DGPC", pergunta Luís Raposo.

To :   museum <museum@ci.uc.pt>
Subject :   [Museum] RE: "Qual o papel que deverá ter a DGPC", pergunta Luís Raposo.
From :   Pedro Pereira <pedropereiraoffic@outlook.com>
Date :   Sat, 3 Jun 2023 12:49:11 +0000

 

Pergunta Luís Raposo: “Qual o papel que deverá ter a DGPC”?

            Atualmente quem manda nos ‘partidos de esquerda’, nos ‘partidos socialistas e sociais-democratas’, nos ‘partidos verdes’, nos ‘partidos liberais’, e nos restantes, é a “Agenda Neo-Liberal”. A “Agenda Neo-Liberal” é um joker que consegue entrar em todas as cores. A “Agenda Neo-Liberal” (perpetrada por aquela muito pequena minoria que domina os ‘Fundos Financeiros e Bolsistas Globais e Transnacionais’) é a dona dos negócios de energia, armas, saúde, e de mais dois ou três que propositadamente não menciono aqui.

            É essa pequena minoria que atualmente manda naquilo a que se chama “Democracia”. Aquela ideologia que nos é vendida, hoje, em nome de uma ‘Liberdade total’. A de cada qual fazer o que quer desde que consiga vencer o opositor (seja através de armas ou de votos).

            Essa “Agenda Neo-Liberal” usa a Democracia para que o ‘Povo’ (isto é, todos os seres-humanos) sejam desapossados de poder. E fá-lo através do mecanismo de oscilação infinita, permanente e periódica entre ‘esquerda vs. direita’, ‘prós vs. contras’, ‘agora eu vs. amanhã outro aparentemente diferente desde que seja inverso simetricamente opositivo’, etc.. Numa proporção aproximadamente de ‘50% versus 50%’. Para que, quem de facto mande, continue a ser essa pequena minoria acima dos Estados e da vontade dos povos e nações.

            Na Academia, usaram o ‘Relativismo Cultural’ para fazerem a mesma “desconstrução” a qualquer hipótese de Conhecimento (o que permite eliminar a crítica vinda das universidades e das sucessivas gerações de estudiosos).

            Logo, qualquer obstáculo a esse «laisser faire, laisser passer» liberal é considerado um inimigo a abater. Qualquer pessoa ou instituição que deseje (ou tente sequer) possuir uma identidade ou uma soberania própria é acusada imediatamente de (passo a citar): “fascista”, “nacionalista”, “conservador”, e outros vitupérios semelhantes.

            A “Agenda Neo-Liberal” possui vários trajes e disfarces, consoante esteja a trabalhar mais à esquerda ou mais à direita. É sempre aquela agenda disruptiva, que defende a desconstrução relativista em nome da Liberdade (que é o arbítrio que coloca no poder quem é mais forte). Desconstruir e fragmentar as identidades, as soberanias, as independências, as singularidades, os géneros, as nacionalidades, as memórias ... é o seu lema e o seu objetivo.

            Nada melhor do que ouvir, no concreto, essas palavras que são apregoadas publicamente ao atual Mundo: “O objetivo dos EUA é ter poder militar para impor as regras globais aos outros países e povos do Mundo no século XXI” (Lloyd Austin, Secretário de Defesa dos EUA, discurso efetuado na “Ronald Reagan Presidential Library”, em 3 de dezembro de 2022) ... 'Regras' impostas por um País aos outros todos não é uma história muito antiga, sempre a mesma?

            ‘Portugal’ perdeu a soberania e a independência. Tal como antes outras nações a perderam. A “Agenda Neo-Liberal” não permite que haja qualquer obstáculo a esse poder globalista e trans-nacional de meia-dúzia dessas empresas e sociedades anónimas, que desejam mandar no Mundo e nos Povos.

            Quem manda no orçamento, na defesa, nas fronteiras, na economia, nos investimentos, na moeda, na autorização para fazer seja o que for? Não são os donos e os perpetradores dessa “Agenda Neo-Liberal” (que, aqui na Europa, está representada pelos países que mandam na dita “União Europeia”)?

            No Património acontece o mesmo. ‘Portugal’ deixou de ter o direito de reivindicar um património que seja o da sua singularidade e do seu lugar soberano e independente. ‘Portugal’ tem de pedir licença à ‘União Europeia’ para afirmar que isto ou aquilo é ‘património’. O mais que lhe permitem é ser uma sub-alínea de um sub-capítulo de uma coisa a que chamam “Património Europeu”. E desde que seja auto-financiado pela visita turística.

            No Kosovo fizeram aquilo, que ameaçam fazer aos outros. Qualquer dia, uns quaisquer, postos por eles, ocupam Guimarães e Fátima. E, por maioria democrática de votos, esses lá da ‘União Europeia’, votarãao que essa parte de Portugal passa a ser de quem eles querem. E se houver resistência, como no Kosovo, mandam os seus aviões bombardear ‘Portugal’.

            Não há dinheiro para o património, ou para matar a fome a milhões de seres-humanos, mas apareceram de repente mais de 100 mil milhões para a guerra na Ucrânia (fora as outras).

            E agora querem que ‘Portugal’ gaste 2% do seu Orçamento a comprar armas a essa minoria que perpetra a “Agenda Neo-Liberal” (pudera, são eles que são os donos dessas empresas de armamento). Os governos terão de tirar esse dinheiro de algum lado. Talvez se estejam a preparar para tirá-lo do ‘Património’. Quem sabe?

            A palavra de ordem da “Agenda Neo-Liberal” (tanto à esquerda como à direita) é «desconstruir e fragmentar» tudo e todos. Por exemplo, fragmentar os Estados em CDDR’s (e qualquer dia em ‘Uniões de Freguesias’). Quanto menor for a parte desconstruída e fragmentada mais fácil será reinar acima das identidades e das nações.

            Portanto, a resposta à pergunta que Luís Raposo partilhou aqui na ‘Lista Museum’, na minha opinião, é a seguinte: «Para que é preciso uma DGPC (ou sequer ‘Portugal’) se nem no nosso património já mandamos? De onde tirarão eles, os que mandam nisto tudo cá dentro e lá fora, o dinheiro para pagar a guerra?

 

Pedro Manuel-Cardoso


Mensagem anterior por data: [Museum] Inventário dos Bens Móveis do Paço das Escolas da Universidade de Coimbra Próxima mensagem por data: [Museum] Uma Outra Política para a Cultura - Manifesto em Defesa da Cultura
Mensagem anterior por assunto: [Museum] Re (corrigido) Património e Tempo: modelo e método de cálculo pela Patrimologia Próxima mensagem por assunto: [Museum] RE: A nova definição do ICOM e os “museus-não-museus”, por Luís Raposo.