Pergunta Luís Raposo: “Qual o papel que deverá ter a DGPC”?
Atualmente quem manda nos ‘partidos de esquerda’, nos ‘partidos socialistas e sociais-democratas’, nos ‘partidos verdes’, nos ‘partidos liberais’, e nos restantes, é a “Agenda
Neo-Liberal”. A “Agenda Neo-Liberal” é um joker que consegue entrar em todas as cores. A “Agenda Neo-Liberal” (perpetrada por aquela muito pequena minoria que domina os ‘Fundos Financeiros e Bolsistas Globais e Transnacionais’) é a
dona dos negócios de energia, armas, saúde, e de mais dois ou três que propositadamente não menciono aqui.
É essa pequena minoria que atualmente manda naquilo a que se chama “Democracia”. Aquela ideologia que nos é vendida, hoje, em nome de uma ‘Liberdade total’. A de cada qual fazer o que quer desde que
consiga vencer o opositor (seja através de armas ou de votos).
Essa “Agenda Neo-Liberal” usa a Democracia para que o ‘Povo’ (isto é, todos os seres-humanos) sejam desapossados de poder. E fá-lo através do mecanismo de oscilação infinita, permanente e periódica
entre ‘esquerda vs. direita’, ‘prós vs. contras’, ‘agora eu vs. amanhã outro aparentemente diferente desde que seja inverso simetricamente opositivo’, etc.. Numa proporção aproximadamente de ‘50%
versus 50%’. Para que, quem de facto mande, continue a ser essa pequena minoria acima dos Estados e da vontade dos povos e nações.
Na Academia, usaram o ‘Relativismo Cultural’ para fazerem a mesma “desconstrução” a qualquer hipótese de Conhecimento (o que permite eliminar a crítica vinda das universidades e das sucessivas
gerações de estudiosos).
Logo, qualquer obstáculo a esse «laisser faire, laisser passer» liberal é considerado um inimigo a abater. Qualquer pessoa ou instituição que deseje (ou tente sequer) possuir uma identidade
ou uma soberania própria é acusada imediatamente de (passo a citar): “fascista”, “nacionalista”, “conservador”, e outros vitupérios semelhantes.
A “Agenda Neo-Liberal” possui vários trajes e disfarces, consoante esteja a trabalhar mais à
esquerda ou mais à direita. É sempre aquela agenda disruptiva, que defende a desconstrução relativista em nome da Liberdade (que é o arbítrio que coloca no poder quem é mais forte). Desconstruir e fragmentar as identidades, as soberanias, as independências,
as singularidades, os géneros, as nacionalidades, as memórias ... é o seu lema e o seu objetivo.
Nada melhor do que ouvir, no concreto, essas palavras que são apregoadas publicamente ao atual Mundo: “O objetivo dos EUA é ter poder militar para impor as regras globais aos outros países e povos
do Mundo no século XXI” (Lloyd Austin, Secretário de Defesa dos EUA, discurso efetuado na “Ronald Reagan Presidential Library”, em 3 de dezembro de 2022) ... 'Regras' impostas por um País aos outros todos não é uma história muito antiga, sempre a mesma?
‘Portugal’ perdeu a soberania e a independência. Tal como antes outras nações a perderam. A “Agenda Neo-Liberal” não permite que haja qualquer obstáculo a esse poder globalista e trans-nacional
de meia-dúzia dessas empresas e sociedades anónimas, que desejam mandar no Mundo e nos Povos.
Quem manda no orçamento, na defesa, nas fronteiras, na economia, nos investimentos, na moeda, na autorização para fazer seja o que for? Não são os donos e os perpetradores dessa “Agenda Neo-Liberal”
(que, aqui na Europa, está representada pelos países que mandam na dita “União Europeia”)?
No Património acontece o mesmo. ‘Portugal’ deixou de ter o direito de reivindicar um património que seja o da sua singularidade e do seu lugar soberano e independente. ‘Portugal’
tem de pedir licença à ‘União Europeia’ para afirmar que isto ou aquilo é ‘património’. O mais que lhe permitem é ser uma sub-alínea de um sub-capítulo de uma coisa a que chamam “Património Europeu”. E desde que seja auto-financiado pela visita
turística.
No Kosovo fizeram aquilo, que ameaçam fazer aos outros. Qualquer dia, uns quaisquer, postos por eles, ocupam Guimarães e Fátima. E, por maioria democrática de votos, esses lá da ‘União Europeia’,
votarãao que essa parte de Portugal passa a ser de quem eles querem. E se houver resistência, como no Kosovo, mandam os seus aviões bombardear ‘Portugal’.
Não há dinheiro para o património, ou para matar a fome a milhões de seres-humanos, mas apareceram de repente mais de 100 mil milhões para a guerra na Ucrânia (fora as outras).
E agora querem que ‘Portugal’ gaste 2% do seu Orçamento a comprar armas a essa minoria que perpetra a “Agenda Neo-Liberal” (pudera, são eles que são os donos dessas empresas de armamento).
Os governos terão de tirar esse dinheiro de algum lado. Talvez se estejam a preparar para tirá-lo do ‘Património’. Quem sabe?
A palavra de ordem da “Agenda Neo-Liberal” (tanto à esquerda como à direita) é «desconstruir e fragmentar» tudo e todos. Por exemplo, fragmentar os Estados em CDDR’s (e qualquer dia em ‘Uniões
de Freguesias’). Quanto menor for a parte desconstruída e fragmentada mais fácil será reinar acima das identidades e das nações.
Portanto, a resposta à pergunta que Luís Raposo partilhou aqui na ‘Lista Museum’, na minha opinião, é a seguinte: «Para que é preciso uma DGPC (ou sequer ‘Portugal’) se nem no nosso património
já mandamos? De onde tirarão eles, os que mandam nisto tudo cá dentro e lá fora, o dinheiro para pagar a guerra?
Pedro Manuel-Cardoso |
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