[Museum] Empresa de Turismo e Diversões nos edifícios dos Museus e Monumentos.

[Pedro Pereira <pedropereiraoffic@outlook.com>]

 

 

            Não seria mais honesto chamar à nova “empresa”: «Empresa de Turismo e Diversões nos edifícios dos Museus e Monumentos»?

            Na mensagem de dia 3 de junho constatámos o facto de a «agenda neo-Liberal» (a mentalidade transnacional acima da soberania dos Estados; a justificação da missão e da acção com o número de visitantes e a obtenção de lucro acima da preservação da identidade cultural de cada nação, etc.) ter tomado conta do espectro político que vai da ‘esquerda’ à ‘direita’.

            Tal como os castelos e fortalezas medievais perderam a sua função e a sua relevância na defesa das nações e identidades, os atuais museus e monumentos aconteceu-lhes o mesmo. Perderam a capacidade de gerirem o Património das Nações e Culturas nacionais.

            A uniformização do consumo de produtos transnacionais (lojas, marcas, percursos, passadiços, etc., idênticos em todo o lado) chegou agora aos Museus e Monumentos. Uma transformação kitsch que está a destruir as singularidades de milhares de cidades históricas nos países onde essa «agenda neo-liberal» conseguiu comprar tudo o que havia, impor o preço das rendas e das vendas, e impôr o mesmo design em todas as ruas.

            Agora, em Portugal, chegou a vez dos Museu e Monumentos. Passando a serem um produto turístico kitsch para uso das inumeráveis filas de visitantes, justificado pelo negócio da restauração e dormidas, e pretexto para a transação de brindes e gadgets vendidos como se fossem réplicas de objetos culturais genuínos.

            Esta morte dos Museus e Monumentos contribui para remover os obstáculos que as soberanias e as identidades das nações colocam ao «laisser faire, laisser passer» do Liberalismo.

            A função e a missão de Gestão do Património (definida no ‘Primeiro Museu’, no início da estratégia de vida eucariote que deu origem aos seres-humanos) deixarão de ocorrer dentro desses Museus e Monumentos transformados nessa «Empresa de Turismo e Diversões nos edifícios dos Museus e Monumentos».

            Será evolução, ou regressão?

 

Pedro Manuel-Cardoso