PODER E JUSTIÇA
1 – JUSTIÇA
1.1 – Poderá haver Justiça, enquanto houver Poder?
1.2 – Sem Poder poderia existir a espécie e a sociedade humana?
1.3 – Logo, só havendo Injustiça há Humanidade. E só deixando de haver Humanidade haverá Justiça.
1.4 – Não se trata da espécie humana ter cometido algum “pecado”, como disse Blaise Pascal. A incompatibilidade entre Justiça e ser-humano não resulta de uma condenação moral ou ética. Mas,
outrossim, de uma incompatibilidade natural e biológica. Quem está cá a mais, na Vida (na história natural da Vida), não será a espécie humana (a dita espécie “homo sapiens sapiens”)?
1.5 – Bem pode Platão clamar por uma “República Humana da Harmonia”, onde ocorreria essa paz entre a «criação, produção, segurança e ordem», e entre «desejo, violência e razão».
Bem pode John Rawls fazer uma ligeira concessão a essa harmonia platónica, passando a não exigir senão um compromisso de “equidade” entre a inevitabilidade das desigualdades. Bem pode Michael Walzer rezar para que uma das partes que constituem o funcionamento
da sociedade “não se aproprie ou subjugue as outras”.
1.6 – Todas essas tentativas estão condenadas ao fracasso, por serem feitas e imaginadas pela
espécie humana (por aquilo que, naturalmente, são as propriedades biológicas do comportamento e da sua lógica enquanto espécie-de-Vida).
2 – PODER
2.1 – Olhemos o Poder, sem a necessidade de Justiça. O que vemos?
2.2 – Querem-nos convencer de que o Poder é algo antropológico. Que foi a espécie humana a inventá-lo. E que deriva do comportamento humano (seja enquanto «acção individual», seja enquanto «estrutura
social»).
2.3 – Isto é, tentam aprisionar num antropocentrismo egoísta e cego a «Energia» da natureza (a que é produzida pelas partículas da física e pelas moléculas da química), designando-a por “Violência”
e “Poder”. Como se fosse algo que devesse ser “harmónico”, “equitativo” ou “equilibrado” (em termos evolutivos). Como se estivesse cá, na Natureza, para manterem a perpetuidade do ser-humano enquanto espécie-de-Vida. Como se a espécie
humana tivesse algum privilégio, a priori, sobre as outras espécies.
3 – O QUE HÁ-DE VIR
3.1 – Portanto, não se sabe se será ‘bom’ ou ‘mau’
haver Justiça para o Poder.
3.2 – Depende daquilo que for mais
adaptativo, para continuar a haver «Matéria com Consciência de Si» (chame-se-lhe o nome que se lhe quiser chamar; digam disso que é ‘materialidade’ ou ‘espiritualidade’, tanto faz).
3.3 – E se a relação entre PODER e JUSTIÇA deixasse de ser motivo de disputa (nos modos de reflexão, discussão, pensamento, solução, aplicação, organização, ou outros)? Por (quer «Energia, Violência
e Ser», ou «Justiça e Poder») serem uma e a mesma coisa?
4 – PATRIMÓNIO
Como se expressa essa relação entre Poder e Justiça no Liberalismo, Socialismo e Monarquismo em termos do Património que deixou?
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