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[Museum] † Mário de Castro Hipólito

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>, "histport" <histport@uc.pt>, "museum" <museum@ci.uc.pt>
Subject :   [Museum] † Mário de Castro Hipólito
From :   José D´Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Thu, 1 Feb 2024 20:07:48 -0000

Teve-se agora conhecimento de que, no dia 2 de Maio do ano passado, falecera, aos 93 anos, na Madeira, onde residia, o Doutor Mário de Castro Hipólito.

Partilhou boa parte da sua vida entre a Fundação Calouste Gulbenkian e a Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. A sua tese de licenciatura – publicada no vol. 2-3 da revista Conimbriga (p. 1-166): «Dos tesouros de moedas romanas em Portugal» –  marcou, de certo modo, o início da sua actividade como numismata de mérito.

Foi responsável da colecção numismática do Museu Gulbenkian, de que publicou, em 1987, juntamente com K. Jenkis, A Catalogue o f the Calouste Gulbenkian Collection of Greek Coins, Part II, Greece to East,  corolário de intensa actividade que aí vinha desenvolvendo, nomeadamente em conferências de divulgação. Recordem-se: uma, em 1980, sobre as moedas gregas da colecção; quatro, no outono de 1984, subordinadas ao tema «Moedas Clássicas: Sociedade e Culturas».

                Desempenhou papel importante no Instituto de Arqueologia da referida Faculdade de Letras, pois – também com o apoio da Fundação – conseguiu equipar a Faculdade com um cofre forte para se guardar o espólio numismático do então designado Gabinete de Numismática e modernos meios de análise das moedas antigás, como, por exemplo, uma balança de precisão.

                Leccionou Numismática, ‘Origens do Homem e da Civilização’ e ‘Sociedades Culturas e Civilizações Pré-Clássicas’, como assistente convidado, desde 1963 a 4 de Novembro de 1986, data em que se aposentou, tendo-se mantido, no entanto, na leccionação, a título gracioso, durante todo esse ano lectivo de 1986-1987.

                Atendendo à sua especialização, foi membro do Conselho Numismática da Imprensa Nacional – Casa da Moeda; assinou colaborações na Nummus, revista da Sociedade Portuguesa de Numismática; na Numisma e na FN – Filatelia e Numismática, sobretudo dando conta do que se passara de maior relevo nas reuniões científicas sobre Numismática que, mormente na década de 80, se realizaram entre nós e a cujas comissões organizadoras pertenceu: I Congresso de Numismática de Portugal (Janeiro 1980),  III Encontro de Numismatas (1982), Congresso Nacional de Numismatas (Porto, Julho de 1982), IV Encontro de Numismatas, em Guimarães (Outubro de 1983), I Simpósio sobre Problemas da Moeda Medieval na Área Ibérica (Santarém, 1984), entre outros.

Não era muito dado à escrita; mas podem assinalar-se:

– «Achado monetário de Torre: mais um caso modelar de arqueologia numismática em Portugal», de que se ocupou em vários números da revista Moeda (1985-1986).

                – «As moedas gregas da Serra do Pilar (Vila Nova de Gaia)», Arqueologia 8 Dez. 1983 p. 75-82.

– «Tesouro monetário romano da Quinta da Madeira», Nummus II 1979 p. 65 e ss.

– Também preparou o catálogo Museu Eng. António de Almeida. Colecção Numismática (Porto 1978).

                Fica-nos, pois, a imagem de um profissional que, sem gostar de dar nas vistas, procurou sobretudo exercer o seu magistério em prol da defesa e valorização do património numismático, o que é de muito realçar por ter estado activo numa época em que a moeda era mester apenas de coleccionadores e o seu valor como fonte histórica ainda se não reconhecia o bastante. Uma das suas últimas presenças terá sido em Novembro de 2001, no congresso A Presença Romana na Região Oeste, organizado pela Câmara Municipal do Bombarral, a cujo Museu legou, na altura, boa parte da sua biblioteca.

                Foi nos últimos tempos, antes de se retirar para a Madeira, vigoroso paladino da luta por maiores apoios do Estado às famílias em cujo seio havia crianças com doenças mentais.

                À família enlutada – sua viúva, Conceição Alho Hipólito; seu filho, Pedro; seus sobrinhos, Rui e Guida; e demais família – se apresentam mui sentidos pêsames, enquanto se eleva uma prece pelo seu eterno descanso.

 

                                                                                                                                                             José d’Encarnação

               

               

               

 


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