Lista museum

Mensagem

[Museum] A 'ESTRUTURA DA RELEVÂNCIA' classifica as coisas em Património?

To :   museum <museum@ci.uc.pt>
Subject :   [Museum] A 'ESTRUTURA DA RELEVÂNCIA' classifica as coisas em Património?
From :   Pedro Pereira <pedropereiraoffic@outlook.com>
Date :   Fri, 6 Sep 2024 20:24:29 +0000


A «estrutura da Relevância» …

 

A primeira vez que colocámos a hipótese da existência de uma «estrutura da Relevância», codificada no cérebro, que induziria a priori a escolha da relevância de aquilo que o ser-humano prefere e escolhe como sendo aquilo que deve ser transmitido às gerações vindouras (expresso na ‘hierarquização das coisas que devem ser classificadas como sendo Património’), foi em 1988, na Universidade Nova de Lisboa (FCSH), no ‘Seminário de Museologia’ do saudoso Prof. Henrique Coutinho Gouveia, inserido na Licenciatura em Antropologia. Lembro esse diálogo e essa partilha com uma infinda saudade.

Depois novamente em 2004 e 2010, na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, com Mário Moutinho e Judite Primo. A seguir, em 2011, no Pós-Doutoramento na Universidade de Lisboa (FLUL). Em 2012, novamente na Universidade Nova de Lisboa (FCSH), prosseguimos a investigação e o aprofundamento dessa hipótese.

 

A existência dessa «estrutura da Relevância» codificada na memória, nas células do hipocampo do cérebro humano, capaz de induzir a priori as ‘escolhas da Relevância’, (logo, em parte, as ‘classificações das coisas como sendo Património’), ganhou recentemente mais legitimidade. Concretamente, com a publicação de:

--- Vilde A. Kveim, Laurenz Salm, Talia Ulmer, Maria Lahr, Stefen Kandler, Fábia Imhof, Flávio Donato (coord.), 2024, “Divergent recruitment of developmentally defined neuronal ensembles supports memory dynamics”, Science, Vol 385, Issue 6710, AAAS.

 

O estudo revela, não apenas que o cérebro humano cria três cópias da mesma memória, que dissemina por neurónios diferentes. Revela também, que distingue três tipos de memória: um, relativo à necessidade de lhes garantir o ‘longo-prazo’; outro, relativo à necessidade de que o ‘passado’ sirva para ajudar à ‘adaptação’ no ‘presente’; e um terceiro tipo, relativo às escolhas para o futuro.

 

"O desafio que o cérebro enfrenta com a memória é impressionante. Por um lado, precisa de lembrar-se do que aconteceu no passado, para nos ajudar a dar sentido ao mundo em que vivemos. Por outro, necessita de adaptar-se às mudanças que acontecem ao nosso redor. Mas, também, para nos ajudar a fazer escolhas adequadas para o nosso futuro" (Flavio Donato).

 

Em suma, parece ter valido a pena este esforço de se evitar separar o estudo do Património das ‘ciências naturais’. Impedindo que se tornasse prisioneiro apenas das ‘ciências sociais e humanidades’. Concretamente, o Património inserido na Vida, e na sua filogenia, pelo menos, desde o aparecimento das células eucariotes. O Património entendido como um fenómeno natural inerente ao sistema-Vida, impossível de fragmentar nas especialidades que servem para o gerir. Ou seja, reduzido apenas à ciência das tarefas que separadamente servem para o «gerir – preservar/conservar – documentar/estudar – expor/comunicar - codificar/transmitir».

 

Pedro Manuel-Cardoso

 

 

 


Mensagem anterior por data: [Museum] Apresentação da Peça ESTALO NOVO: 20, 27 e 28 setembro 21h00 | Museu de Arte Popular Próxima mensagem por data: [Museum] Fórum “Cultura e Criatividade: participação, empoderamento e desenvolvimento comunitário”
Mensagem anterior por assunto: [Museum] “Noite das Bruxas!” - 31 de Outubro | Museu de Odrinhas Próxima mensagem por assunto: [Museum] AGORA QUEIXAM-SE? RE: Manifesto dos técnicos de Arqueologia da DGPC, serviços centrais