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[Archport] "Extinção" do IPA???


•   To: <archport@ci.uc.pt>, <jmarques_64@yahoo.com>
•   Subject: [Archport] "Extinção" do IPA???
•   From: "Rui Boaventura" <rui.boaventura@louisville.edu>
•   Date: Thu, 09 Feb 2006 09:49:05 -0500

Caro Jo*o Marques e demais

As cr*ticas que muitos fazem ao IPPAR s*o, infelizmente, merecidas. S*o merecidas porque o IPPAR foi de entre os filhos do IPPC aquele que herdou o maior *nus negativo, aquele que serviu para alimentar clientelas, e aquele que mandava fazer o correcto, e por vezes praticava nas suas fileitas o incorrecto: quantos relat*rios de escava**es antigas ainda hoje n*o foram entregues, com todos os preju*zos que da* advieram, como por exemplo maus planeamentos por desconhecimento, etc???

Com certeza o IPPAR tem pessoas competentes, e nesse pacote te incluo, mas nem todos o s*o ou foram. Recordo-me de assistir ou de ouvir muitos epis*dios tristes. No caso da arqueologia, de arque*logos que tentaram salvaguardar patrim*nio e receberam em troca retalia**es da chefias politizadas mais interessadas em proteger o seu tacho. Isso com certeza desmoraliza, e muito. Portanto, talvez seja *s chefias politizadas que devessemos apontar parte das culpas. No caso do IPPAR e IPA quantas lutas de galos ocorreram no passado recente? E no entanto, no terreno, os t*cnicos entendiam-se, para logo de seguida os Srs galos fazerem t*bua rasa desses entendimentos?

Mas actualmente tudo se restringe a uma coisa: Os Srs. pol*ticos querem poupar uns trocos, e a parte fraca * o IPA, depois o IPPAR e finalmente, quem sabe o IPM. Do que foi proposto antes, e que parece querer aplicar-se, nada * l*gico e justo, e menos ainda fomentador de poupan*a. Mas * tudo uma quest*o de dinheiro e poder. Dificilmente tocam na DGEMN porque pertence a um minist*rio robusto. O IPPAR * mais f*cil porque pertence * Cultura, e nesta os *ltimos ministros t*m de tudo menos espinha dorsal e capacidade para apresentar e defender um modelo que seja eficaz e racionalizador dos dinheiros p*blicos.

Se falamos de fus*es, temos mesmo que falar da DGEMN e IPPAR, pois n*o faz sentido 2 institui**es gerirem patrim*nio classificado, terem 2 bases de dados desse patrim*nio, e por vezes gerirem edif*cios a meias: O IPPAR gere a alc**ova do castelo,  e a DGEMN as mulharas exteriores!! Quanto ao IPA esse tem um objecto claro e espec*fico (mesmo que admitamos pequenas sobreposi**es) e tem cumprido com or*amentos infimamente menores de outras Institui**es.

Depois temos a heterog*nea comunidade arqueol*gica, cada grupo com os seus interesses. Se o IPPAR era h* muitos anos alvo de cr*tica de Universidades, e com raz*o, actualmente * a vez do IPA. S* que agora essa cr*tica * feita pela aus*ncia de defesa do Instituto e da Arqueologia. * curioso verificar o sil*ncio que pauta muita gente actualmente. E s* posso concluir (ainda que deseje estar errado) que anda por a* muito cinismo e hipocrisia no ar, com vista a acerto de contas.

Mas falando de hipocrisia, comecemos pelo governo PS, que na oposi**o diz uma coisa e no governo faz outra...Sei que s*o a nossa prata da casa, mas talvez precisem de ser refundidos!


Rui Boaventura



>>> J M <jmarques_64@yahoo.com> 02/09/06 12:59 PM >>>
Caro Filipe,

Todas as crises de crescimento e identidade levam
algum tempo a ultrapassar assim como as grandes
rupturas, em que muitas vezes a negar o "pai", parece
a forma acertada de afirmar uma pessoa ou institui**o,
que para o caso do IPA o foi IPPC e o organismo que
lhe sucedeu, o IPPAR.
* muito importante reter esta dimens*o hist*rica sobre
os organismos que desde meados do s*culo XX t*m
tutelado o patrim*nio em Portugal, para perceber que a
nossa pequenez n*o deveria ser factor de desuni*o mas
sim de coliga**o, porque as lutas fratricidas dentro
do patrim*nio s* est*o a desembocar nesta situa**o de
desagrega**o das institui**es, e aqui n*o falo s* do
IPA, falo tamb*m do IPPAR e quem sabe do IPM e de
outras que mal nasceram e tiveram tempo para se
afirmarem.
Considero as suas palavras como resultantes de um
preconceito que resulta de um *nus que a sociedade
cobra ao IPPAR e consequentemente aos seus
funcion*rios.
Esse *nus n*o resulta da inac**o, como se depreende
das suas palavras, mas resulta antes da ac**o que
geralmente n*o * p*blica e vis*vel, como s*o, grosso
modo, os licenciamentos em zonas de protec**o e
centros hist*ricos, que nem sempre tornam o IPPAR
popular junto das autarquias e dos donos de obra. 
Tamb*m se poder* dizer que essa fraqueza vem tamb*m de
ataques de outras institui**es que sentem o seu espa*o
ocupado, se calhar por terem perdido o comboio da
hist*ria e ainda venerarem o intervencionismo puro e
n*o reconhecerem, por exemplo, a valoriza**o como um
motor da salvaguarda do patrim*nio.
Sublinho que o IPPAR tem nos seus funcion*rios o seu
maior capital humano, quer pelos seus curricula,
acad*mico e profissional, e que t*m efectuado
trabalhos de reconhecido m*rito e interesse p*blico.
Ser* isto para desperdi*ar? Vai-se deitar fora este
saber, saber que n*o * est*tico que tem evolu*do e que
tem trazido para o pa*s muitas experi*ncias in*ditas e
at* inovadoras?
N*o se pode aceitar de forma leviana conceitos e
ideias feitas que s* servem para criar uma divers*o e
distrair-nos do que realmente * essencial, continuo a
afirmar, a protec**o, salvaguarda, investiga**o e
apresenta**o p*blica do patrim*nio.
Estes ataques, que se v*m sucedendo ao longo dos anos,
parece que de facto enfraqueceram a institui**o e
agora frutificaram num modelo que ningu*m conhece mas
de que j* existem sinais preocupantes que apontam para
uma desagrega**o, esvaziamento e submiss*o a
concep**es passadistas.
* com seriedade e argumentos, bons argumentos, que se
pode fazer a discuss*o e a fundamenta**o das
asser**es.
Quem me conhece, sabe que desde a primeira hora em que
foi anunciada a fus*o do IPA com o IPPAR que me
manifestei contra. 
Manifestei essa minha posi**o publicamente ao ent*o
senhor Presidente do IPPAR e tento demonstrar a minha
solidariedade junto dos colegas que conhe*o no IPA.
N*o posso admitir, de forma alguma, considera**es e
insinua**es injustas e pouco consistentes sobre o
IPPAR e os seus funcion*rios: estaremos todos mais uma
vez a dar um tiro nos p*s! 
Acho at* inadmiss*vel que no momento em que o IPPAR se
encontra no limiar de um poss*vel desmembramento,
esvaziamento de compet*ncias e perda de autonomia, se
olhe para o mesmo como um inimigo e alvo a abater e
at* se regozijarem com o seu fim.
N*o nos podemos esquecer que para al*m das pessoas,
tamb*m aqui o patrim*nio e o seu futuro * importante
como objecto dos nossos esfor*os.

Cumprimentos,

Jo*o Marques  



--- Filipe Castro <fvcastro@tamu.edu> wrote:

> Mais uma vez, parab*ns * Jacinta Bugalh*o!  Pela
> coragem, pela intelig*ncia
> e pela calma com que faz as coisas.
> 
>  
> 
> Parece imposs*vel, mas a verdade * que tudo indica
> que este governo, como
> outros, prefere destruir um instituto pequeno,
> barato e *gil, que funciona –
> apesar de, em minha opini*o ter dois problemas
> (enormes) que eu me vou
> escusar de nomear aqui – do que renovar o IPPAR!
> 
>  
> 
> Sem querer generalizar – todas as generaliza**es s*o
> injustas – para quem
> est* de fora o IPPAR aparece, consistentemente e
> independentemente dos
> governos para quem trabalha, como uma massa informe,
> onde imperam a
> pregui*a, a ignor*ncia, a irresponsabilidade e o
> cinismo.  Onde grande parte
> dos funcion*rios n*o tem convic**es, nem brio, nem
> sentido das
> responsabilidades, nem esp*rito de equipa.  
> 
>  
> 
> O IPPAR * o tipo de organiza**o que s* aparece nos
> jornais quando acontece
> uma calamidade.
> 
>  
> 
> E * o IPPAR que a ministra quer proteger e
> encarregar de zelar pela
> arqueologia em Portugal?  
> 
>  
> 
> * espantoso como a pol*tica promove este tipo de
> pessoas.  Refiro-me aos
> ministros em geral.  Com raras e honrosas excep**es,
> pode-se sempre contar
> com eles para nos demonstrarem um zelo infinito
> pelas pr*prias carreiras,
> uma falta de coragem abjecta, uma subservi*ncia
> absoluta aos poderes
> instalados (os dirigentes profissionais da
> administra**o p*blica, que vivem
> acima da cr*tica e do escrut*nio dos mortais) e uma
> vis*o do futuro que
> corresponde aos interesses pessoais de curto prazo. 
> 
> 
>  
> 
> E como em Portugal a Arqueologia n*o tem qualquer
> impacto na vida das
> pessoas (* uma actividade secreta e esot*rica, que
> acontece por tr*s de
> tapumes e nunca * publicada sen*o em relat*rios que
> ningu*m l*), deve ser
> fac*limo tramar os arque*logos sem sofrer
> consequ*ncias pol*ticas, para al*m
> duma reac**o corporativa. 
> 
>  
> 
> Filipe Castro
> 
> College Station, TX
> 
>  
> 
> P.S.:  E acho que dev*amos todos escrever ao Partido
> Socialista a pedir que
> pare de andar a fazer dan*as do ventre * nossa volta
> e mude o nome, de uma
> vez por todas, para Partido Neo-Liberal, ou Partido
> do Mercado, ou Partido
> do Capitalismo Selvagem, ou Partido da Direita
> Cat*lica e Conservadora.
> Ficava-lhes bem assumir as coisas (estas e outras)
> volta e meia.
> 
>  
> 
>   _____  
> 
> From: archport-bounces@lserv.ci.uc.pt
> [mailto:archport-bounces@lserv.ci.uc.pt] On Behalf
> Of Jacinta Bugalh*o
> Sent: Wednesday, February 08, 2006 10:58 AM
> To: archport@list-serv.ci.uc.pt
> Subject: [Archport] "Extin**o" do IPA
> 
>  
> 
> Caros colegas, 
> 
> Como todos os arque*logos temos acompanhado
> atentamente o evoluir da
> situa**o relativamente a reorganiza**o org*nica do
> Minist*rio da Cultura,
> que aparentemente se encontra em curso. Como parte
> interessada resolvemos
> desenvolver algumas iniciativas de divulga**o da
> nossa posi**o sobre a
> mat*ria. Assim, junto a esta mensagem, c*pia do
> comunicado de imprensa que
> divulg*mos no princ*pio da semana e que, grosso
> modo, exprime o nosso
> “estado de esp*rito”.
> 
>  
> 
> Sauda**es arqueol*gicas
> 
>  
> 
> Jacinta Bugalh*o
> 
>  
> 
>  
> 
> COMUNICADO
> 
>  
> 
> Em 2002, Pedro Roseta, ministro do governo de Dur*o
> Barroso, anunciou a
> “fus*o” do Instituto Portugu*s de Arqueologia (IPA)
> com o Instituto
> Portugu*s do Patrim*nio Arquitect*nico (IPPAR). Este
> processo arrastou-se
> penosamente por meses e anos, at* que, em Julho de
> 2004, a ent*o Ministra da
> Cultura, Maria Jo*o Bustorff, anuncia a decis*o
> governamental de abandonar a
> medida de fus*o entre os dois Institutos.
> 
> Vemos agora novamente recuperada esta ideia,
> inserida numa mega
> reestrutura**o da administra**o p*blica, acerca da
> qual v*o surgindo, dia
> ap*s dia, rumores veiculados pela comunica**o
> social, em forte contraste com
> o sil*ncio da tutela. Esta situa**o reveste-se de
> maior perplexidade, pois
> n*o s* o PS tinha concedido apoio inequ*voco aos
> protestos da comunidade
> arqueol*gica em 2002, como o novo governo integra
> algumas das personalidades
> que explicitaram o seu apoio * manuten**o da
> autonomia org*nica do IPA,
> entre os quais se conta a actual Ministra da
> Cultura, na altura exercendo as
> fun**es de deputada pelo Partido Socialista.
> 
> Parece certa, neste contexto, a perda da autonomia
> org*nica da arqueologia,
> sem que em momento algum tenha sido auscultada a
> comunidade arqueol*gica. 
> 
> Por considerarmos que esta medida continua a
> encerrar todos os malef*cios e
> problemas que motivaram a nossa mobiliza**o em 2002
> e tamb*m por, mais uma
> vez, n*o se detectar qualquer inten**o de ter em
> conta os pontos de vista
> dos arque*logos, previamente * concretiza**o da
> reorganiza**o do sector,
> vimos por este meio solicitar a colabora**o dos
> *rg*os de comunica**o
> social, respeitando as op**es de pol*tica editorial,
> na divulga**o das
> nossas preocupa**es, que consideramos revestirem-se
> do maior interesse
> p*blico.
> 
>  
> 
> *   Uma vez mais esta proposta de reestrutura**o da
> gest*o p*blica
> arqueol*gica n*o * precedida do devido debate, que
> envolva verdadeiramente
> os profissionais do sector (nem o Minist*rio da
> Cultura, nem a comiss*o de
> reestrutura**o do mesmo, conta, que se saiba com
> qualquer colaborador ou
> assessor da *rea da Arqueologia) ou as suas
> associa**es representativas.
> 
> *   Consideramos que a atitude do actual Minist*rio
> da Cultura – como dos
> dois executivos anteriores, ao manterem por quatro
> anos a Arqueologia
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