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[Archport] A Escrita do Sudoeste em análise

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>, "porras" <pporras@der.ucm.es>
Subject :   [Archport] A Escrita do Sudoeste em análise
From :   José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Fri, 8 Apr 2016 23:49:14 +0100

         Vai realizar-se na Universidade de Giessen (Alemanha), de amanhã, 9, a terça-feira, dia 12, o 12º Colóquio Internacional sobre Línguas e Culturas Paleo-Hispânicas, que tem como tema fundamental «A Imagem e a Escrita na Idade do Ferro na Hispânia».

         Assumindo-se como forma de homenagear o Professor Jürgen Untermann (1928-2013), um dos linguistas que maior incremento deu ao estudo das línguas pré-romanas peninsulares – dedicar-se-á uma sessão a evocar a sua obra - o Colóquio constará, como pode ver-se no programa em anexo, de cerca de uma trintena de comunicações em que se abordará o tema proposto dos mais variados pontos de vista, sendo de salientar que integram o grupo de especialistas que habitualmente acedem a estes colóquios não apenas linguistas stricto sensu mas também epigrafistas, historiadores da Antiguidade e arqueólogos.

         O 1º Colóquio ocorreu em Salamanca, em Maio de 1974; o 2º (1976) realizou-se em Tübingen, na Alemanha; e o 3º (Novembro de 1980) em Lisboa. Esse cenário tripartido derivou do facto de serem oriundos desses três países os investigadores dessa área científica, até porque um deles, um dos principais promotores desses estudos, o Prof. António Tovar (1911-1985), era espanhol mas vivera grande parte da sua vida na Alemanha e aí formara discípulos.

No caso português, a presença no Sudoeste de estelas com essa enigmática escrita determinou, desde há séculos, aturada investigação. Voltámos, por esse motivo, a ser palco de mais dois colóquios até ao momento: o VI, em Outubro de 1994, em Coimbra e na Figueira da Foz, em que a peça mais significativa foi o chamado «signário de Espanca», que se supôs mostrar um «alfabeto»; e o X (Fevereiro de 2009), novamente em Lisboa, em que o documento que mais atenção despertou foi uma inscrição de teor religioso, em língua lusitana, encontrada em Arronches e que integra, neste momento, a exposição sobre a Lusitânia romana patente no Museu Nacional de Arqueologia.

         Recorde-se que existe em Almodôvar o Museu da Escrita do Sudoeste, que se apresenta como «o ponto de partida para o entendimento da História de um vasto território que se estende por Portugal e Espanha» e que reúne a maior colecção de estelas com inscrições nessa «língua».

         Trata-se de um período imediatamente anterior à chegada dos Romanos e registou-se, por isso, tanto no aspecto estético (das imagens e tipologias) como no da linguagem (caso, por exemplo, da onomástica) uma fácil interpenetração, que é hoje alvo de análise, nomeadamente em comparação com estratos linguísticos patentes em todas as línguas que perduram na Europa Ocidental, passíveis também, segundo se crê, de serem relacionáveis com um fundo linguístico comum, o chamado «indoeuropeu», não obstante haver quem prefira uma filiação, sobretudo, gráfica, com antigas escritas do Próximo Oriente.

Um mundo, pois, aliciante e pleno de surpresas, este que estará nestes dias a ser apaixonadamente analisado pelos investigadores presentes no Colóquio de Giessen.

 

                                                                                                                          José d’Encarnação


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