[Archport] Protocolos, Padrões ou Normas?
Tenho acompanhado com interesse a troca de mensagens sobre um tema que me tem ocupado bastante nos últimos anos: a normalização do registo de informação arqueológica.
Não tenho dúvidas que esta é uma questão central no tratamento de dados como são os que habitualmente recolhemos em contexto arqueológico: séries monótonas a que muitas vezes só o tratamento estatístico confere algum significado. Tratamento esse que, preferencialmente, deve ser feito em confronto com realidades observadas noutros contextos por outros arqueólogos.
Mas como fazê-lo, se cada registo é feito com utilização de linguagem e estruturação de informação diferentes? Um sistema de gestão de informação arqueológica que funcione, mesmo que excelentemente, apenas para quem o construiu, é um mau sistema.
Conheço várias experiências de registo e documentação de informação arqueológica, eu própria tenho a minha quota parte de responsabilidade na construção de alguns que não fizeram mais do que tentar inventar a pólvora bem depois da sua descoberta. O potencial dessas múltiplas experiências é muito importante mas deve ser canalizado de uma vez por todas para uma plataforma comum que ponha os arqueólogos a falar a mesma língua.
A discussão sobre suportes informáticos para o registo de informação parece-me estéril: a questão centra-se nos conteúdos e não nas ferramentas para os gerir. As soluções técnicas para gestão de informação são um problema dos informáticos; nosso é o problema estabelecer as normas que lhes permitam desenvolver as ferramentas mais adequadas para aquilo que queremos. A montante disto tudo, claro, há que saber responder à pergunta: "o que é que queremos de um sistema de informação aplicado à arqueologia?"
Todo o trabalho que já está a ser desenvolvido internacionalmente por vários organismos de gestão de bens culturais é um excelente ponto de partida. Mas há que ter em conta que a tradução / adaptação pode não ser uma tarefa simples. Uma experiência na Câmara Municipal de Cascais de tradução e adaptação de dois thesauri britânicos (British Museum Materials Thesaurus e MDA Object Type Thesaurus) ao sistema de informação dos museus municipais revelou-se uma tarefa bem mais árdua do que inicialmente supusemos...
Porque, já agora, falamos de "protocolos", "padrões" ou "normas"? Ou mesmos de "standards" (já que a palavra se encontra registada em vários dicionários de língua portuguesa)?
Maria José de Almeida
Arqueóloga
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