Re: [Archport] Circular nº4 (revista) do IPA
Era interessante a existência de uma entidade como o
ADS (Archaeological Data Service) em Portugal.
No Reino Unido ela é independente dos serviços centrais
e está ligada a uma universidade (a Universidade de York).
Abraço,
Gonçalo
Digam o que disserem, nada bate o papel e o negativo como materiais de
suporte para arquivo. Se tenho recuperado muitas das imagens que fiz em 1998 a
partir dos positivos e dos negativos, já o mesmo não posso dizer de certos cd's
que, de então para cá, entregaram a alma ao criador, tendo de recorrer a vias
esconsas - digitalização de artigos de jornal, de antigos relatórios depositados
em bibliotecas, etc. - para recuperar o que foi escrito e desenhado...
Sim, é óbvio que o correio electrónico, a fotografia digital, a unidades de
memória USB, os PDF's, etc., tudo isso serviu para agilizar (e sobretudo, para
economizar) a comunicação. Recordo-me que na década de 90, um artigo que se
quisesse mandar vir dos EUA levava 15 dias a cá chegar, enquanto que agora leva
poucos segundos (era no tempo em que ainda não haviam telemóveis e em que o
único multibanco da ilha Terceira, quando avariava nos dizia para nos dirigirmos
ao próximo multibanco, Praça da República, Velas, Ilha de São Jorge...)
Contudo, uma coisa é economizar, outra é guardar, arquivar, para memória
futura. Muitas vezes, ainda me parece que muitos de nós continuam a escrever em
placas de cera....
Em 31/01/07, Maria José
Almeida <m.jose.almeida@cm-cascais.pt>
escreveu:
Deitando
mais uma acha para a fogueira, chamo a atenção que, no que aos arquivos
digitais diz respeito, não é só com a durabilidade do suporte que nos
devemos preocupar: há também que ter em conta a actualização dos formatos. Se
os formatos standard nos dão alguma segurança (tif, pdf, ...), guardar um
determinado ficheiro numa das primeiras versões de AutoCad, por exemplo, pode
ter pouco valor de arquivo. De que serve cuidadosamente copiar esse ficheiro
para suportes cada vez mais actualizados se, na entidade que gere esse
arquivo, não há uma única máquina com uma aplicação capaz de o abrir?...
Saúdo esta
discussão saudável sobre um tema a que nós arqueólogos somos (ou deveríamos
ser?) particularmente sensíveis. E espero que o legislador ande atento a
esta lista de discussão, no momento em que se prepara (diz-se...) a lei
orgânica da "nova" instituição que se supõe terá a seu cargo, entre outras
atribuições, a gestão do arquivo da arqueologia portuguesa.
Maria José
de Almeida
De: UNIARQ ALFA
[mailto:vsg@fl.ul.pt]
Enviada:
quarta-feira, 31 de Janeiro de 2007 10:30
Para:
ARCHPORT
Assunto: Re: [Archport] Circular nº4 (revista) do
IPA
Sem querer discutir as medidas terminais do IPA (talvez
fosse melhor esperar tempos próximos para iniciativas gerais e de pormenor),
não posso deixar de manifestar o meu apoio genérico à circular, que me parece
ainda demasiado tolerante. Com efeito, para arquivo fotográfico 10x15 cm a 300
dpi é o mínimo que se pode exigir (convém recordar que 15 cm é a largura da
mancha de uma publicação A4, pelo que a imagem pode assim vir a ser
reproduzida sem «grão»). O que me parece faltar na circular (ainda que
não a tenha lido toda): é ainda a especificação que os ficheiros deveriam ser
apenas aceites nos formatos de origem .raw ou .tif. O tão apreciado .jpeg não
tem a qualidade mínima para arquivo e reprodução e só é usado por alguns
arqueólogos por o acharem «muito leve».
Aos organismos da tutela cabe justamente determinar as
regras do jogo, fundamentando-as, é claro. Já a impressão em papel «de alta
qualidade» parece francamente despropositada, por indefinida. Se a gramagem e
as características do papel fossem indicadas (peso, brilhante, não
brilhante...) seria um pouco diferente e não haveria o subjectivismo óbvio.
De qualquer forma, as imagens fotográficas são
indispensáveis, as impressas para se avaliar o Relatório, as gravadas em CD ou
DVD, ou qualquer outro suporte digital, como forma de preservação da memória
de campo. E já agora: não é verdade que as impressões durem 20 anos...Há
tintas da Epson que estão garantidas para 100 anos, talvez mais do que o
planeta dure...E os suportes digitais, que têm duração longa, mas limitada,
têm versões optimizadas para arquivo...
Como pode a epson garantir
que as suas tintas duram 100 anos se os papeis onde as mesmas são utilizados
podem não durar tanto tempo ? Onde existem testes reais feitos que nos
garantam essas informação? Tal como o suporte de armazenamento, quem nos
garante que os cd e/ou os dvs serão lidos daqui a 20 anos ? Quem não se lembra
das disquetes de 8'' das disquetes de 5/4'' das disquetes de 3/5 '' que estão
a desaparecer.
Eu se fosse responsável
pela gestão de um arquivo estaria preocupado. No caso da empresa para onde
trabalho o espolio fotográfico é arquivado de forma sistemática em diferentes
formatos, e quando vez que surge um novo formato é feita uma copia para
esse novo formato. Por exemplo temos neste momento um arquivo fotográfico de
quase 8 terabytes ( as imagens são guardadas em formato raw ou tiff) e essa
informação esta dividida por 2 servidores de disco rígido, e por uma enorme
colecção de cd e dvs. Todas as imagens estão catalogadas numa base de dados e
na aplicação que usamos para gerir a intervenções feitas pela a empresa.
Ricardo
Abranches
--
Esta mensagem foi
verificada pelo sistema de antivírus e está livre de vírus.
--
Esta mensagem foi verificada pelo sistema de antivírus e
está livre de vírus.
_______________________________________________
Archport mailing
list
Archport@ci.uc.pt
http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/archport