Re: [Archport] Sobre o tema do património subaquático...
Acho pena que a Vanessa tenha desatado a chamar nomes à Dra. Alexandra
Figueiredo (que eu não conheço) por ela ter expressado uma opinião baseada
no desconhecimento da actividade do CNANS (que eu não li).
Eu tenho a certeza de que o CNANS tem tido uma actividade muito meritória no
campo da arqueologia subaquática e do património, etc. Mas a verdade é que
nos não podemos adivinhar o que se passa e, visto de fora, o CNANS parece
ter-se constituído numa espécie de clube privado, onde a informação parece
ser gerida como uma forma de poder, e o resultado é que ninguém sabe muito
bem o que se passa.
Aqui no meio do Texas vou sabendo o que se passa um pouco por todo o lado.
Nos EUA, na Inglaterra, em França e na Grécia ? que são outros dois países
onde, como em Portugal, reina o secretismo e os arqueólogos se odeiam todos
uns aos outros ? na América do Sul e até na China, na Índia e em Madagáscar,
onde esta neste momento a ser recuperada a carga de um navio português do
inicio do século XVI, por caçadores de tesouros, sem que o estado faça nada
para evitar estas situações.
Mas sobre Portugal não se sabe quase nada. Quantos navios e sítios foram
encontrados ao todo em Aveiro? E no Arade? E em Peniche? Vão ser
estudados? Vão ser publicados? Os navios Aveiro A e Arade 1 vão ser
publicados? E o navio Faro A? E o Océan? E o San Pedro de Alcântara?
Quantas campanhas arqueológicas se fizeram no San Pedro de Alcântara? Quais
é que foram os resultados para a ciência?
A iniciativa do CNANS de colocar os relatórios na internet é muitíssimo
meritória, mas a verdade é que o mundo espera dos arqueólogos artigos e
livros arbitrados, e os relatórios levam 40 dias e 40 noites a descarregar.
Acho que o projecto do CNANS foi uma ideia extraordinária ? e por isso me
empenhei tanto nele até 2002 ? mas acho que algures no caminho se perdeu a
energia e o sentido do serviço público.
E isto não é só uma impressão minha. Em Janeiro, numa reunião científica em
que estive, em Williamsburg, estávamos a falar de Portugal entre amigos e a
opinião generalizada parecia ser essa.
Filipe Castro
Texas, EUA