[Archport] Revolta da provínncia
Disse o Sr. Ricardo Abranches que «Infelizmente uma das características dos portugueses é queixar-se muito e normalmente no local errado».
Eu acrescentaria que outras características históricas dos portugueses são a subserviência e o medo de emitir opiniões críticas e mesmo queixas (na gíria “comer e calar”), sob pena de serem vistos como “perigosos revolucionários” e “manipuladores das consciências”! Temo que este senhor sofra de alguns tiques próprios de Primeiro-Ministro…
Proponho, pois, à comunidade arqueológica que formule uma tabela para a graduação de Queixumes (p. ex.: 0-Come e cala; 1-Poucas ondas; 2-Medianamente; 3-Assim/Assim; 4-Já começas a abusar; 5-Alto e pára o baile, seu “comuna”!) e indique quais os locais mais apropriados para esses Queixumes (ex.: uma esquina de rua). Isto para que pessoas como o Sr. Ricardo não fiquem muito melindradas.
Lá diz o adágio popular: «Não sirvas a quem serviu, nem peças a quem pediu» …, isto porque sempre se pode ter o azar de encontrar um desses destemidos empreendedores que tanto gostam de alardear o terem subido “a pulso na vida”, contra ventos e marés, … para as cavalitas dos outros!
Se calhar o Sr. também é daqueles que respondeu a um inquérito (se viram o último Prós e Contras) a afirmar que os 2 milhões de pobres em Portugal devem isso à sua “preguiça”…
Quanto às afirmações algo presunçosas do Sr. Alexandre Monteiro, a propósito do Curriculum Vitae, devo dar-lhe os parabéns pelo facto de, segundo os seus critérios de “trabalho”, possivelmente ser ele o único que contribui para os 62,4% de taxa de actividade no 2.º trimestre de 2007 (INE, 2007).
Deduzo então que, efectivamente, muitos de nós nunca tenham trabalhado! Pelo contrário, antes temos feito “não-trabalhos”, em vários “não-lugares” (segundo Marc Augé), onde muitos de nós ganharam “não-calos” nas mãos, a cumprir “não-prazos” impraticáveis, para que os “não-empresários” das “não-empresas” pudessem continuar a fazer “não-orçamentos” que roçam a desfaçatez… E com este “não-trabalho” lá tentámos nós ganhar algum “não-dinheiro”, a troco de “não-recibos verdes”, para pagar as nossas “não-obrigações fiscais” e os nossos “não-compromissos” diários e mensais.
A este propósito lhe pergunto: como será o CV de um talhante? Pelo número de salsichas ou pernil de porco vendidos? Ou terá de publicar algo sobre unhas de porco ou morcelas de arroz? E já agora: aceitam-se publicações no jornal Destak ou na Dica da Semana? E quando morrer, será que o meu retrato na página na secção de Necrologia do JN serve, para este senhor, como publicação?
Dixit
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Ter 20 000 euros e tao simples como ir a internet!
Saiba mais em http://www.iol.pt/correio/rodape.php?dst=0710082