Re: [Archport] A verdadeira Revolta da Provincia!!
Costuma dizer-se quem está mal, muda-se. Afinal, que eu me lembre,
ninguém é forçado a trabalhar em arqueologia. Uma coisa é a classe
unir-se para elevar, corporativamente, a fasquia relativa às condições
cientificas e laborais sob as quais a arqueologia é feita em Portugal;
outra, totalmente ilegitima é clamar, como cantava há muitos anos
atrás o Sérgio Godinho, por "um empregozinho" - quiçá na função
publica, bem remunerado, pouco cansativo, com ADSE e demais prebendas
e alcavalas.. Esse foi chão que já deu uvas! Que o digam os milhares
de professores no desemprego e que, suspeito, também têm contas de
final do mês para pagar.
On 10/24/07, Jorge Cruz <jpsc@sapo.pt> wrote:
> pois... foi mesmo assim, de mansinho, com todas as justificações e
> desculpas, com uma leitura pela positiva e com a eterna desculpa dos custos
> e da aprendizagem... que o macaco foi à mãe.
> Estamos aqui estamos a pagar para trabalhar todos os dias... se é que isso
> não acontece já em algumas profissões, porque o que se ganha não dá para
> comer e para pagar as deslocações para o trabalho.
> JC
> ----- Original Message -----
> From: sonia_bombico@portugalmail.pt
> To: Archport
> Sent: Wednesday, October 24, 2007 12:55 PM
> Subject: [Archport] A verdadeira Revolta da Provincia!!
>
>
>
>
> Caros archporiamos,
>
> Perante a ultima polémica do pagar para escavar, gostaria de dizer que
> acho efectivamente inadmissível que qualquer instituição de Ensino Publico
> que tenha previsto no currículo académico a realização de trabalho de campo,
> contando esse trabalho como créditos para a Licenciatura, possa cobrar por
> essas escavações o que quer que seja, uma vez que os alunos pagam propinas!
>
>
>
> No entanto, existe por todo o mundo uma coisa chamada "Campos de Trabalho
> de Arqueologia", em que se dá formação e em que efectivamente as pessoas
> pagam para escavar. Existe, inclusivamente, um autêntico turismo
> arqueológico neste sentido, pessoas que não são estudantes de Arqueologia,
> simples entusiastas e curiosos que querem aprender, ou simplesmente ter umas
> ferias diferentes. Nesses casos, sou totalmente a favor do pagamento de uma
> taxa de participação, quer pela formação que é dada (estou a falar de
> formação efectivamente, com calendarização de aulas), quer pela alimentação
> e estadia. Um quadro destes faz parecer que estamos a capitalizar a
> Arqueologia, mas existindo um controle do rigor científico do trabalho, por
> parte da tutela, parece-me uma forma inteligente de capitalizar a
> Arqueologia. Isto porque se faz Arqueologia de investigação tendo meios
> financeiros para a fazer, em que o dinheiro pago é canalizado para o
> projecto. Parece-me que tem de haver mais projectos autárquicos, de
> associações, empresas, centros de estudos, e Universidades, mas que não
> dependam exclusivamente de Bolsas do FCT e do financiamento do IGESPAR. É
> exactamente aqui que entra o "provincianismo", ou seja, gostamos da nossa
> terra, do sítio onde nascemos? Então façamos alguma coisa por ela,
> procuremos formas de financiar a investigação, apostar na inovação,
> aliarmo-nos à museologia, ao ambiente, e ao Turismo Histórico e Cultural!
> Façamos a Arqueologia chegar às pessoas, para que elas cheguem a nós, e com
> elas os Museus, os verdadeiros centros de investigação, e o Turismo.
>
> Não quero com isto desresponsabilizar a tutela, o seu papel dinamizador é
> e tem de ser ainda mais importante, e deverá ter um papel cada vez mais
> sólido na fiscalização e controle da qualidade científica do trabalho,
> parece-me, no entanto, essencial que cada vez mais consigamos trabalhar sem
> depender economicamente dela.
>
>
>
> Obvio que há sempre "bons" e "maus" profissionais, o que eu acho que não
> pode continuar a haver são os chamados arqueólogos de primeira e de segunda,
> arqueólogos que fazem investigação e aqueles que fazem acompanhamentos de
> obras e minimizações. Fazer um acompanhamento ou uma minimização, é muitas
> vezes considerado "chato" pelos recém-licenciados, a questão aqui é que se
> diz: "não foi para isto que estudei", o problema é esse mesmo, as faculdades
> não nos preparam para esse trabalho, mas afinal ele existe, está previsto na
> Lei, é muito importante, e dá trabalho a 75% (ou mais) dos arqueólogos em
> Portugal.
>
> Mas a arqueologia não pode continuar, exclusivamente, a andar "à boleia"
> das obras públicas, e de um ou dois tostões dados a um ou dois arqueólogos
> para fazerem investigação.
>
> Porque, um dia, e para esse dia não falta muito, o "boom" das grandes
> obras públicas, que alimentam as dezenas de empresas de Arqueologia que
> proliferam por aí, vai acabar!
>
>
>
> Sónia Bombico
>
>
>
>
>
> ------------------------------------------------------------------------------
>
>
> _______________________________________________
> Archport mailing list
> Archport@ci.uc.pt
> http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/archport
>
>
>
> ------------------------------------------------------------------------------
>
>
> No virus found in this incoming message.
> Checked by AVG Free Edition.
> Version: 7.5.488 / Virus Database: 269.15.5/1084 - Release Date:
> 21-10-2007 15:09
>