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[Archport] Resposta Corrigida - Mesquita de Mértola

Subject :   [Archport] Resposta Corrigida - Mesquita de Mértola
From :   Ricardo Gaidão <caioviator@yahoo.com.br>
Date :   Wed, 16 Jan 2008 12:00:59 -0300 (ART)

Com toda admiração  e respeito que tenho pelo contributo do CAM para a arqueologia portuguesa e salvaguardando uma eventual distorção jornalística dos factos, não posso deixar de comentar algumas passagens do artigo "Valas de sondagem arqueológica colocam em risco mesquita islâmica de Mértola. Público. (16.01.2008, Carlos Dias)", recentemente divulgado via Archport.  

«A intervenção realizada pelo Campo Arqueológico de Mértola (CAM), a pedido do Ippar, levou à abertura de valas de sondagem - até três metros de profundidade e numa extensão de dez metros - junto a uma das paredes laterais do templo, no exterior e dentro do monumento.

O presidente do CAM, Cláudio Torres, disse que as sondagens não revelaram qualquer problema na estrutura, mas permitiram encontrar "vestígios arqueológicos importantes" que levaram a concluir estar a antiga mesquita assente num "monumental embasamento" de uma igreja do período paleocristão datado dos séculos VI a VIII.»

Caso  os dados fornecidos sobre as dimensões e localizações das sondagens estejam correctos, parece-me que não é necessário ser engenheiro para compreender que uma intervenção desta envergadura terá que ser rapidamente seguida de acções de protecção da estrutura (ex: consolidação; impermeabilização; etc.), antes de se efectuar a sua posterior cobertura ou musealização, sob o risco de causar graves danos no edifício. Em caso de falta de verba é óbvio que as estruturas devem ser cobertas o mais rapidamente possível, pois é a pratica de salvaguarda mais indicada para este tipo de casos.

«Cláudio Torres receia pela segurança da igreja, se não for encontrada uma solução. O arqueólogo propõe, em alternativa ao enchimento das valas, a musealização dos testemunhos descobertos. Pulido Valente responde que a câmara "não está disposta a concretizar" esse projecto, só viável através de apoio financeiro externo, recordando os encargos já suportados pelo município na rede de museus abertos na vila.»

Será que a divulgação do património arqueológico se resume à cobertura de estruturas com acrílicos, passadeiras metálicas e grandes placas informativas?  Não será esta atitude tão comum, o reflexo de um paradoxo no qual os arqueólogos por vezes caem, de esquecer que os vestígios materiais servem para conhecer o Homem e não o contrário?

Talvez seja mais importante um concelho ter jovens oleiros e construtores de arquitectura em terra, do que apenas preservar velhas rodas de oleiro e formas de adobe bolorentas na reserva do museu local. Por este motivo pergunto qual a razão de musealizar este local de culto tão especial, que se mantém em uso desde os séculos VI a VIII até aos nossos dias, ainda despertando  emoções em indivíduos de várias nacionalidades e credos? Será que um "casarão" preenchido de aço e acrílico consegue ser mais original que um singelo templo onde o altar e o mirhab coexistem?

Ricardo Gaidão


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