[Archport] Como eu vejo a situação

[andremano@portugalmail.pt]

"Porque eles souberam arriscar quando não tinham garantias"

Caro colega não sei a que risco se refere quando há empresas que me propõem
trabalhar deslocado por 800?/mês com tecto incluido ou 850 sem tecto incluído,
ou como variante os mesmos 800?/mês sendo que no recibo teria de pôr também o
valor do alojamento... Trabalho profissionalmente em arqueologia há quase 3
anos, não é muito, mas já é alguma coisa, e nesses 3 anos todo o material
necessário à realização do trabalho é meu: carro, computador, máquina
fotográfica, bússula, escala, e até ferramentas, coletes, botas e capacete de
trabalho!!!
Sei até de escavações onde se tem de levar o próprio pico!!!!

Onde está o risco? Risco pressupõe investimento, ora quem paga 800?/mês (sempre
a recibo verde, claro..) e por vezes nem fornece ou compensa a utilização de
equipamento particular não pode ser considerado uma empresa,um empreendedor, mas
sim uma mera AGÊNCIA de arqueólogos! Onde está o investimento destas empresas?
Onde está o risco?

Há boas empresas, mesmo entre as que invariavelmente pagam a recibo verde -
tentam, pelo menos, oferecer compensações pela precariedade e pelo uso do
equipamento, mas muitas há que são meras agências e não empresas  e são as
agências que baixam os preços e obrigam as empresas a também baixar os seus!!!

Infelizmente são cada vez mais as agências e cada vez menos as empresas, mas
como sido ficado aqui sublinhado por outros participantes, o primeiro passo para
mudarmos a situação é tirar proveito do nosso estatuto de trabalhadores
independentes e jogar com o único trunfo que isso nos dá: exigir compensações e
honorários em conformidade com a nossa condição!

Não aceitemos propostas como as que eu, a título de exemplo, trouxe aqui.
Ao aceitarem propostas como estas estão a degradar as condições e a dignidade do
trabalho de todos os colegas...
Além desta questão de atitude e princípio, urge, como referiu o nosso colega
André Gregório, acabar com os recibos verdes - a fonte de toda a precariedade...
 

Cumprimentos,

André Mano (seguindo atentamente o debate)
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