[Archport] novela MST
> Olá!
>
> Acho muita piada a estas conversas sobre o progresso versus
Arqueologia...
> E têm muita razão, de facto, neste pardieiro à beira-mar plantado o
> progresso mede-se em metros cúbicos de betão e, neste caso, a Arqueologia
> é, de facto um empecilho. Não porque não deixem de se fazer as obras, mas
> porque as atrasa um bocado e, se calhar há menos um euritos para sacos
> azuis.
>
> Ninguém fala em desenvolvimento sustentado, nas mais-valias económicas
que
> podem advir de bons planos de restauro e musealização dos sítios
> arqueológicos.
>
> Coisa que os nossos vizinhos espanhóis já intuíram há décadas. Neste
> momento, em Espanha, são raros os locais com interesse patrimonial que
não
> estejam a ser alvo de campanhas de escavação, restauro e musealização e,
> sobretudo, de DIVULGAÇÃO.
> A médio e longo prazo, boa parte do turismo absorvido pelo nosso País
terá
> tendência a deslocar-se para Espanha e, uma vez entrada a Turquia na
U.E:,
> adivinha-se tempos ainda mais difíceis.
>
> Mas acham que alguém quer vir para o Algarve ver prédios se pode ter o
> pacote completo praia/cultura aqui mesmo ao lado? Acham que os nórdicos,
ou
> melhor, os nossos vizinhos (que consta serem a maior fatia do turismo em
> Portugal), vêm cá quando têm melhor em casa?
>
> É verdade que os arqueólogos têm alguma responsabilidade neste estado de
> coisas e não contribuem com a sua quota parte na valorização e divulgação
> do património que intervencionam. Porém, é bom lembrar que é muito
difícil
> pensar no pós-escavação, quando na maior parte das vezes nem o relatório
é
> pago. Se os engenheiros civis ganham o dobro ou o triplo de nós e esses
são
> os “motores do progresso”, por que motivo temos de fazer isso
à borla e sem
> um plano previamente legislado e delineado?
>
> Voltando à vaca fria, enquanto os governantes não perceberem que a
> Arqueologia pode dar dinheiro (não falo em mais-valias científicas porque
a
> maioria não têm capacidade sequer para orientar a própria pasta/pelouro,
> quanto mais para pensar em cultura/ciência), jamais as coisas irão mudar
e
> continuarão a surgir os MST’s do costume com as doutas opiniões,
também do
> costume.
>
> Os políticos, neste momento, pensam somente em cumprir três objectivos:
> fazer o máximo de obras que se vejam, para dar votos e com essas mesmas
> obras, injectar dinheiro nos bolsos dos amigos empreiteiros, por fim,
> colocar em lugares de decisão toda a escumalha incompetente que não teve
> cabidela em mais lado nenhum.
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> G. Lopes
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