[Archport] Ossos de neandertais na gruta da Oliveira
PÚBLICO
Ossos de neandertais na gruta da Oliveira
14.07.2008, Teresa Firmino
Dois fragmentos do homem de Neandertal foram descobertos no sábado pela equipa
do arqueólogo João Zilhão na gruta da Oliveira, localizada na rede de grutas
da nascente do rio Almonda (Torres Novas). Trata-se de um pedaço de um úmero
direito e de um fragmento do crânio, explica Zilhão, da Universidade de
Bristol, no Reino Unido. Têm 50 mil a 60 mil anos.
Os neandertais surgiram há 300 mil anos; viveram apenas na Europa e no Médio
Oriente. Aos poucos, foram recuando até ao seu último reduto, a Península
Ibérica, onde se extinguiram há 28 mil anos.
Os motivos do seu desaparecimento são alvo de um longo debate na comunidade
científica. Há quem diga que o homem moderno os dizimou. Mas também quem
defenda, como Zilhão, que neandertais e homens modernos chegaram a
reproduzir-se entre si. Desapareceram como espécie, por alguma fraqueza de
adaptação, mas continuaram a existir através de nós.
Em Portugal, os restos de neandertais são poucos. Limitavam-se a dois dentes
isolados, um encontrado na gruta Nova da Columbeira (Bombarral) e outro na
gruta da Figueira Brava (Sesimbra) e, ainda, a quatro fragmentos ósseos
descobertos na gruta da Oliveira.
Zilhão anda a escavar esta última gruta há 20 anos. Por volta de 1998,
encontrou um fragmento do cúbito e da falange, com cerca de 43 mil a 45 mil
anos. Em 2003, apareceu um úmero direito, com 50 mil a 60 mil anos. Em 2006,
foi uma tíbia, também com 50 a 60 mil anos. No ano passado, estes achados
foram publicados num artigo científico na revista American Journal of Physical
Anthropology.