Caro Archportiano,
Tomei a devida nota da sua pergunta abaixo e
respondo-lhe com todo o gosto.
A sua pergunta é também a nossa aqui no MNA e a
minha em especial. Tenho-a feito numerosas vezes e em muitas circunstâncias,
inclusivé em textos de opinião publicados na Imprensa. Há cerca de um ano,
o Grupo de Amigos do nosso Museu fez até publicar, como publicidade paga,
anúncios de página inteira em alguns dos principais jornais nacionais,
reclamando contra a não existência de obras de remodelação e ampliação no MNA.
Nunca tal antes se vira na história da democracia portuguesa. Mas parece ter
sido em vão.
E é aqui que está o problema: com o pouco espaço
expositivo que temos, não nos é possível apresentar uma galeria de exposição
permanente que inclua um pouco de todos os períodos. Ou se a tivéssemos (como já
aconteceu no passado), deixaríamos de ter exposições temporárias, com os
prejuízos daí decorrentes em matéria de interesse do público (o MNA tem sido o
Museu Nacional português que mais tem subido o número de visitantes na última
década, sendo actualmente o segundo museu do Ministério da Cultura mais visitado
em todo o País, logo depois do Museu Nacional dos Coches).
Assim, em cada momento as nossas exposições não
podem nunca cobrir a totalidade dos períodos históricos. Recentemente tivemos
importantes exposições sobre temáticas islâmicas ou pré-históricas (veja por
exemplo o nosso arquivo histórico de exposições em http://www.mnarqueologia-ipmuseus.pt/?a=2&x=3&pesq_exposicoes=4).
Mas concordo totalmente consigo em que deveríamos
ter uma galeria permanente, com um pouco de tudo.
Só tenho pena que não haja mais pessoas como você a
reclamar contra esta situação, especialmente num momento em que o primeiro museu
nacional que o Estado se prepara para construir de raiz desde 25 de Abril de
1974 (refiro-me ao novo Museu Nacional dos Coches) é o resultado de uma
espécie de "sonho (ou pesadelo) de Verão" de um governante da área da
Economia, sem consulta de ninguém qualificado e contra o parecer tanto das
associações representativas de museólogos e de arqueólogos como dos respectivos
organismos de tutela na área da Cultura. Confesso que nunca imaginaria
termos chegado onde chegámos quando em regime democrático se tomam decisões mais
autocráticas do que no tempo da ditadura (importa lembrar que nessa época,
embora nada representativos, ainda existiam alguns órgãos de consulta, que
parecem ser hoje dispensáveis... já que foram extintos).
Em todo o caso, aproveito para lhe dizer que, como
as obras de ampliação que reivindicamos tardam tanto, estamos a planear realizar
a curto prazo (esperemos que em 2009) uma exposição de carácter permanente e com
representação de peças de todos os períodos, as mais notáveis "obras-primas" da
arqueologia portuguesa. Assim haja meios financeiros para o
efeito...
Renovo o agrasdecimento pela sua atenção e fico ao
seu dispor.
Luís Raposo
Director do Museu Nacional de
Arqueologia
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