[Archport] Afinidades suspeitas

[andremano@portugalmail.pt]

E agora? Qual é a desculpa para virar a cara depois disto? N é anónimo, os nomes
e as instituições estão bem explícitos e, 
para quem não saiba, o jornalista que assina tem um longo curriculo de
investigação de casos de corrupção e tráfego de influências.

O que mais me chocou no artigo em causa foi esta passagem:

"A situação é parcialmente conhecida e comentada nos meios
arqueológicos há muitos anos, mas nunca deu origem a nenhuma queixa
das empresas concorrentes por receio de represálias."

Quanta cobardia!!! Que vergonha... Medo, o eterno medo "deles"... Medo de quê?
De não conseguir trabalhos para as EP? Mas pelo que se lê nunca iriam
consegui-los!!! As restantes empresas acataram implicitamente uma situação de
monopólio! Daqui concluo que a filosofia empresarial resume-se nisto: mais vale
perder trabalhos (dinheiro) que "provoca-los".

Eu também já tinha reparado que determinadas empresas tinham uma especial
apetencia para trabalhos das EP, nunca pensei que a situação fosse tão... tão podre!

O que me leva para outra questão... As empresas visadas no artigo estão entre as
que mais mal pagam! Pelo menos eu posso testemeunhar que me foi proposto, por
uma delas, ir para uma escavação, deslocado, sem direito a refeições, mas com
direito a tecto, por 800? (passando o belo do recibinho...). Se preferisse não
usufruir da casa que já tinham destinada aos trabalhadores, então aí a proposta
subia para... 850?!!!!

Sim, a velha questão das condições de trabalho. Porque em última análise, as
condições em que se trabalha na arqueologia em Portugal são um reflexo da
mesquinhez corrupta de uma boa parte das nossos empresas. Ou será que eu sou o
único a achar imoral e escandaloso uma empresa que além de fazer concorrência
desleal ainda faz propostas destas aos potenciais colaboradores!?

Espero, muito sinceramente, que isto venha a ter consequências para TODOS os
envolvidos e que não aconteça o já habitual encolher de ombros acompanhado da
frase "as coisas são assim"...


Cumprimentos, de quem, com muita pena, tem vindo a ponderar abandonar a arqueologia.

André Mano

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