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Re: [Archport] ainda os "anúncios"

To :   "Andre gregorio" <andregregorio@hotmail.com>
Subject :   Re: [Archport] ainda os "anúncios"
From :   "Alexandre Monteiro" <no.arame@gmail.com>
Date :   Mon, 8 Sep 2008 12:48:57 +0100

A minha reacção é simples:

- há suspeitas não provadas;

- há um inquérito interno, das EP, a decorrer e julgo que deverá haver
também algum tipo de diligência judicial, já que foram aventados
factos que poderão configurar os crimes de favorecimento, quiçá de
corrupção passiva. Julgo que a tutela também deverá ter posto em
marcha algum tipo de inquérito;

- aguardo serena e pacientemente as conclusões do inquérito (embora,
para falar verdade, esteja já farto de ver a culpa morrer solteira,
facto que me leva a suspeitar vivermos num país onde o fumo se gera
por combustão espontânea e miraculosa do oxigénio atmosférico) para me
poder pronunciar já que, como aparentemente ainda vivemos num Estado
de direito, todos são inocentes até transitarem em julgado;

- não obstante o acima dito, acho que a Geoarque, como membro desta
lista, poderia já ter emitido um comunicado qualquer, a refutar ou a
confirmar as suspeitas levantadas pelo jornal - seria de bom tom e
cortaria cerce estas especulações (mas cada um sabe de si e com que
linhas é que se cose);

- gostava, em todo o caso, que este caso (e outros) fossem levados
mais além e que se soubesse se há ou não património que possa ter sido
destruído por incúria, desleixo, ignorância, má fé ou dolo, aquando
destas prospecções e acompanhamentos - para mim, é aqui que reside o
busílis da questão da arqueologia contratual (a que tem o lucro e
minimização dos gasto como objectivo e não a salvaguarda e o estudo do
património nacional que, exactamente por ser nacional, é de todos e
não de alguns)

2008/9/8 Andre gregorio <andregregorio@hotmail.com>:
>
> Cara colega,
>
> Dou-lhe desde já os parabéns pela tomada de posição que me faz ver que
> afinal não sou o único a ver virtudes na transparência das relações
> contratuais, laborais e comerciais do meio.
>
> Aliás, não deixa de ser curioso que hoje, dois dias depois da publicação de
> uma reportagem no público, denunciando finalmente a espúria situação de
> compadrio e tráfico de influências no EP, envolvendo a prestação de serviços
> em arqueologia e ambiente, uma situação que era conhecida por todos haja tão
> poucas reacções a esse caso neste forum.
>
> Já se levantaram enormes tormentas por coisas bem menos graves e lesivas da
> actividade que esta.
>
> Pelos vistos agora é para assobiar para o lado...
>
> André Gregório, arqueólogo
>
> ________________________________
> Date: Mon, 8 Sep 2008 10:12:02 +0100
> From: isabelm.matos@gmail.com
> To: archport@ci.uc.pt
> Subject: [Archport] ainda os "anúncios"
>
>
> Resposta a um comentário que me foi enviado de forma particular ao meu post
> do dia 5 de Setembro:
>
>
> Sem dúvida que "a selecção de candidaturas apenas diz respeito aos
> interessados", e para isso serve a análise dos curriculos enviados e
> posteriores entrevistas. Isto em nada colide com a minha sugestão.
> "Os anúncios que, habitualmente, vemos nos jornais para os mais diversos
> trabalhos" visam, por norma, recrutar pessoas com as quais se pretende
> estabelecer um vínculo contratual, do qual resultará uma série de encargos
> jurídicos e fiscais.Aqui não se trata de tal coisa: a ideia é celebrar um
> acordo de prestação de serviços, por um período geralmente curto, para a
> execução de um trabalho técnico, que apenas pode ser levado a cabo por um
> profissional credenciado na área e não por qualquer outra pessoa. Esses
> profissionais têm um "valor comercial" para quem os contrata e que deve ser
> ditado pela adequação das suas qualificações académicas específicas e
> experiência profissional às exigências do trabalho a executar. Não vejo qual
> é o impedimento para que esse valor seja revelado, à partida, à semelhança
> do que se faz noutros
> países: http://www.bajr.org/Employment/UKEmployment.asp
> Por outro lado, o Archport não é a secção de anúncios de um jornal qualquer:
> é um espaço que privilegia as trocas de informação do mundo da arqueologia
> em todas as suas dimensões, de uma forma relativamente informal. Quem o
> utiliza serão, na sua maioria, pessoas de alguma forma ligadas à área e que,
> portanto, têm o direito de conhecer, de forma clara, o espaço que as rodeia.
> Como compreenderá, isto é ainda mais importante para as pessoas que estão a
> chegar agora.
> Com a premissa que legitima o "segredo" como protector "da alma do negócio",
> muitos outros e indesejáveis segredos se vão, de vez em quando, revelando:
> são feios, cabeludos, pouco dignos de profissionais, pouco dignos de
> cidadãos, pouco dignos da democracia. Refiro-me a situações como a que o
> Público acaba de revelar e que é, obviamente, a ponta do iceberg;
> Refiro-me, muito concretamente, aos miseráveis valores pagos pelas empresas
> aos seus colaboradores que, muitas vezes, são inferiores ao que recebe um
> qualquer trabalhador não especializado e não qualificado (por vezes, ouço
> falar de valores tão baixos que me custa acreditar que seja verdade!).
> Devemos somar o isto, o facto de que estes trabalhadores têm, com
> frequência, que se deslocar para longe da sua área de residência, sempre com
> custos para as suas vidas privadas.
> Pergunto, portanto: será por vergonha que não se publicam os valores que se
> oferecem? Será por vergonha que não se fala mais abertamente sobre os
> valores que se aceitam? Sim, é que agora está, também, na "moda" culpar os
> que aceitam para justificar os baixos valores que se pagam.
> Sei que estamos a anos-luz das condições sociais, económicas e políticas que
> se vivem noutras partes da Europa (infelizmente não apenas no que respeita à
> Arqueologia...). Mas será que o longo caminho a percorrer não poderá ser
> iniciado pela vontade individual de cada um? Estaremos sempre à espera que
> as instituições se pronunciem, criem regras, leis, proibições e obrigações?
> Não temos vontade própria, consciência social, sentido de justiça?
> E isto não é idealismo; é pragmatismo. A clareza facilita, não dificulta.
> Quem prefere nadar em águas turvas, podendo nadar em águas cristalinas,
> daquelas que revelam tudo o que se movimenta entre a superfície e o fundo?
>
> Não pretendia ser exaustiva, mas este assunto tem, obviamente, "pano para
> mangas" se nos dispusermos a falar dele abertamente e de forma construtiva.
> Não é minha intenção gerar controvérsias ou incómodos. Gostaria, apenas, de
> fazer saber que há quem esteja disposto a falar e a ouvir falar deste
> assunto, eventualmente gerando uma troca de ideias e impressões que viessem
> de quem pode falar do tema na primeira pessoa. Serei muito ambiciosa?
> --
> <>< Isabel Matos ><>
>
>
> ________________________________
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> Archport mailing list
> Archport@ci.uc.pt
> http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/archport
>
>


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