Bom dia
Gostaria de partilhar com todos um pequeno pormenor.
Será que é impressão minha ou perante um caso de extrema gravidade, com contornos de acção judicial e de investigação criminal, este espaço de discussão calou-se repentinamente? Incómodo silêncio ou simples coincidências?
Mas como "não há coincidências", no mínimo dos mínimos, esperava que a comunidade empresarial e cientifica já tivesse vindo a público repudiar veemente deste caso, que nada dignifica a Arqueologia Portuguesa.
Ou será que estamos perante um dos muitos casos do " Não digo nada porque amanhã posso ser eu??"
Para além disso acho muito estranho que a Geoarque, empresa que usa este espaço frequentemente com o intuito de contratação de mão de obra, não tenha sequer emitido um comunicado a explicar ou repudiar esta situação.
Será que estamos perante um dos mais belos ditados populares portugueses? Quem cala consente?
Depois do Côa este é o mais grave escândalo que já surgiu no nosso país envolvendo contornos pouco claros que deveriam levar a uma investigação do Ministério Público de forma a avaliar se existiram casos de conluio, tráfico de influências, peculato e abuso de poder.
E neste caso o que pode fazer o IGESPAR? e a APA? abrir uma investigação? e se se provar que de facto estes casos aconteceram, quais as penalizações para a empresa?
Por tudo isto é necessário repensarmos o meio empresarial e até a própria tutela.
Pela transparência da arqueologia portuguesa e dos seus profissionais, independentemente do seu vinculo (tutela, associações profissionais, empresários, colaboradores, investigadores e professores universitários) é necessário uma reacção rápida no sentido de repor a credibilidade deste meio, reorganizando a legislação em vigor, pensando-a de uma forma empresarial e criando molduras legais que sustentem as acções e reponham a verdade.
Ser arqueólogo nos dias de hoje não é andar atrás do prejuízo, ou das máquinas, nem fazer manifs contra a destruição do património, ou arranjar uma catrafada de palavrões técnicos e falar de cátedra para meia dúzia de eleitos iluminados.
Ser arqueólogo é criar respeito por uma profissão e ciência. É darmo-nos a conhecer a nossa actividade, credibilizando-a, chegando e comunicando-a ao grande público. Fazendo pedagogia diariamente e mostrar o nosso valor profissional e cientifico.
É crescermos todos os dias, seriamente e honestamente, como pessoas e empresas.
Por tudo isto... este silêncio cúmplice, ou não, vai durar até quando?
Atenciosamente
Gonçalo Bettencourt