Nau portuguesa encontrada na Namíbia "não está em risco"
Público, 02.10.2008, Alexandra Prado Coelho
Não existe "qualquer risco" de que a nau portuguesa do
século XVI descoberta ao largo da Namíbia fique submersa a partir do dia 10,
garantiu ontem ao PÚBLICO Maria Resende, assessora de imprensa do Instituto de
Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar).
Todos os objectos - moedas, âncoras, astrolábios, instrumentos de navegação -
foram já retirados, e os trabalhos que ainda decorrem "são apenas os de
salvamento da estrutura do casco e estarão terminados até ao dia 10",
segundo as informações que o Igespar recebeu do seu director da Divisão de
Arqueologia Náutica e Subaquática, o arqueólogo Francisco Alves, que se
encontra na Namíbia.
Nos últimos dias surgiram notícias que indicavam que a nau poderia ficar
submersa a partir daquela data, altura em que a Namdeb, consórcio entre o
Governo da Namíbia e a empresa de diamantes De Beers, que descobriu os restos
da embarcação, deixaria de cobrir as despesas de 1700 euros diários que
permitem a realização dos trabalhos arqueológicos.
O Ministério da Cultura emitiu também um esclarecimento, no qual afirma que
desde o início de Setembro ficou "claro que o interesse fundamental do
Governo português era o de assegurar a integral salvaguarda dos vestígios em
questão", e que são, nas palavras de Francisco Alves, "a mais
importante descoberta de sempre da arqueologia náutica subsariana".
Esse interesse, frisou Maria Resende, levou a que os Ministérios da Cultura e
dos Negócios Estrangeiros financiassem o envio de dois arqueólogos, Francisco
Alves e Miguel Aleluia, respondendo a um convite do Governo da Namíbia. "Os
achados pertencem ao Governo da Namíbia", explicou a assessora, mas este
já convidou os arqueólogos portugueses a permanecerem ligados ao "estudo e
divulgação do projecto".
Mais de 2300 peças de ouro e muitas moedas de prata foram já retiradas do
interior da embarcação portuguesa
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