"Gravuras do Côa mostraram o valor da arqueologia"
AMADEU ARAÚJO
DN, 03-10-2008, Pedro Sobral.
Em 1995 criou a
Arqueohoje, empresa especializada em trabalhos de arqueologia, mas também na
recuperação e divulgação do património
Arqueohoje factura por ano mais de um milhão
de euros e emprega 35 pessoas
"Os achados arqueológicos não estavam a chegar ao cidadão, a informação da
importância destes achados não era relevada pela população e foi isso que nos
levou a fundar a Arqueohoje. Actualmente somos socialmente úteis, mas foi
preciso criar o nosso próprio mercado." A afirmação é de Pedro Sobral, um
dos dois sócios da Arqueohoje, empresa nascida em 1995 para colmatar uma
necessidade. "Dávamos aulas e não ganhávamos o suficiente para sustentar a
família. A descoberta das gravuras do Côa veio dar um novo impulso a esta
ciência e encontramos aqui um nicho de mercado", adianta o empresário. Para
Pedro Sobral, ele próprio arqueólogo, "o Côa mostrou o valor da
arqueologia. Até então poucos sabiam das potencialidades desta ciência e das
mais-valias que gera".
Treze anos depois, a Arqueohoje desenvolve actividades tão diversas como
trabalhos de arqueologia, incluindo escavações, recuperação do património
arqueológico, a conservação e restauro do património móvel e imóvel, museologia
e estudos de impacte ambiental, entre outros.
Com sede em Viseu, a empresa "trabalha em todo o País" e dispõe de
laboratórios de conservação, restauro e armazém das peças encontradas. A
intenção é "preservar e valorizar todos os vestígios porque as pessoas
vêem uma ruína e se não a souberem interpretar ou não a entenderem não lhe
acham valor". Daí que forneça "soluções completas em torno das descobertas".
O primeiro "grande trabalho" da Arqueohoje foi a recuperação de um
monumento megalítico, denominado Mamoa das Madorras, em Sabrosa. Mas a empresa
efectua ainda trabalhos de "arqueologia preventiva", como os
realizados no Alqueva ou no metro do Porto. "Desde 1995, a lei obriga a
que haja prospecções arqueológicas em zonas com possibilidades históricas e de
cada vez que nasce uma obra, em locais como o casco velho de Viseu, por
exemplo, fazemos os trabalhos de arqueologia preventiva."
"Hoje conseguimos vender o desafio e temos mercado de trabalho. As
mentalidades mudaram e os nossos clientes perseguem a necessidade de fruição
dos achados arqueológicos", diz Pedro Sobral. E acrescenta: Para isso
"contribuiu o turismo cultural, que trouxe acréscimo de receitas a muitas
autarquias. É que as necessidades básicas da população já estão solucionadas e
há espaço para cuidar de outros valores".
Entre os diversos projectos que a Arqueohoje tem em mãos, o arqueólogo destaca
o Centro Interpretativo de Belmonte à Descoberta do Novo Mundo. Um projecto
único em Portugal que terá tecnologias interactivas ao serviço da museografia
fornecidas pela YDreams.
Em Belmonte está também a ser concluído o sítio arqueológico da villa romana Quinta da Fórnea. Os
trabalhos incluem "o restauro e a valorização da Quinta da Fórnea,
material de sinalização e de divulgação, bem como a promoção
turístico-cultural".
A Arqueohoje emprega 35 pessoas, maioritariamente arqueólogos, e factura um
milhão de euros, valor que este ano deverá ser ultrapassado. Entre os clientes,
além das autarquias e organismos públicos, destaque para empresas como a
Somague, Brisa, EDP e Empresa de Desenvolvimento do Alqueva, onde tem duas
equipas.
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