O papiro Ebers e o “Tratado dos Tumores” e
os casos encontrados em restos humanos do antigo Egipto Paula Alexandra da Silva Veiga Este trabalho aborda a
pesquisa paleopatológica com especial foco na identificação do cancro como
doença existente no antigo Egipto e o estudo deste papiro médico nas suas
várias traduções e transcrições e a colecção de dados relativamente aos casos
encontrados. O uso de material
antigo (tanto papiros médicos como restos humanos) estudado com a tecnologia
disponível, pode servir a pesquisa possibilitando a descoberta de prováveis
tratamentos para o cancro; a relevância de achados futuros é óbvia, dada a
importância desta doença. Os resultados não são
definitivos pois mais material humano é encontrado quase mensalmente, seja em
escavações no Egipto seja disperso por colecções particulares, mas as
conclusões preliminares, deste trabalho, que foi a base da tese de mestrado da
autora em Biomedicina em Egiptologia, grau obtido em Manchester em Dezembro de
2008, demonstra que o cancro estava presente na sociedade do antigo Egipto. Esta apresentação foca
uma série de prescrições que se pensa serem uma reminiscência de um
“Tratado de Tumores” do antigo Egipto, que trata também de massas
benignas, polipos, quistos, veias varicosas e aneurismas. A discussão deste
Tratado (parágrafos 857-877 do papiro Ebers) inclui a prévia identificação
provável destas doenças em traduções mais antigas, a análise levada a cabo até
ao presente por egiptólogos e médicos em restos humanos do antigo Egipto
(mumificados e esqueletizados) e outra literatura. São feitas algumas
referências a provas materiais encontradas em material humano egípcio em vários
sítios, que revelam presença de tumores. A contribuição das
técnicas biomédicas e forenses para a egiptologia tem um papel muito
importante. Estes estudos não são possíveis de prosseguir só com conhecimentos
históricos e literários, pois seria uma abordagem unilateral a esta matéria. Embora mais exemplos
de cancro no antigo Egipto possam ser encontrados no futuro, esta é uma
tentativa de sintetizar numa colecção actualizada referências a estas doenças
afectando as populações egípcias: o cancro e doenças infecciosas relacionadas
do fígado, pois este é o órgão mais afectado, presentemente liderando o tipo de
cancros no Egipto (figado e canais biliares), pois as doenças endémicas do
Egipto actual parecem não ter tido grandes alterações desde os tempos
faraónicos. Sendo a palepatologia
uma ciência demonstrando a presença de enfermidades em restos humanos e animais
de épocas mais antigas, segundo a definição de Ruffer em 1913, o estudo da
incidência de neoplasias em humanos no antigo Egipto pode ser considerada uma secção
desta ciência. Com cordiais cumprimentos, V.
M. da Silveira Machado Borges
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