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[Archport] Universidade dos Açores pioneira no estudo de esqueletos humanos antigos

Subject :   [Archport] Universidade dos Açores pioneira no estudo de esqueletos humanos antigos
From :   avantecomuna@iol.pt
Date :   Mon, 12 Jan 2009 21:43:48 +0000

E como é raro mencionar nesta lista Archport as regiões autónomas aqui vai uma notícia do Açoriano Oriental online:

Açores entram no mundo do estudo dos esqueletos
Regional

Imediatamente reconhecido pela sua ligação à Justiça, o estudo dos esqueletos pode também ajudar a traçar o perfil de uma população antiga. Nos Açores, a universidade está a ser pioneira no estudo de ossadas, que podem revelar como eram os povoadores das ilhas e que tipo de vida levavam Pela primeira vez nos Açores está-se a fazer o estudo de esqueletos humanos antigos, num trabalho que antes era feito com o recurso a empresas de arqueologia do continente. Agora, a própria Universidade dos Açores tem um pequeno laboratório onde é possível estudar os achados. Um trabalho tornado possível através de um protocolo firmado no final de 2007 com a Direcção Regional da Cultura, visando a análise dos restos esqueléticos encontrados em contextos arqueológicos e que possibilitou a vinda para os Açores de Xavier Jordana, bolseiro da Região num programa de pós-doutoramento, afecto ao Centro de Investigação de Recursos Naturais (CIRN), do Departamento de Biologia da Universidade dos Açores. “Os achados antropológicos são muito comuns na Península Ibérica e fazem-nos recuar até às populações pré-históricas. Aqui, a população açoriana é muito mais recente, mas não deixa de ter interesse para a Antropologia estudar como foram os colonizadores das ilhas e como se adaptaram a este ambiente”, afirma Xavier Jordana ao Açoriano Oriental Online. Um trabalho que está ainda numa fase inicial e a ser cruzado com um outro, de características genéticas, com base em indivíduos actuais para tentar chegar aos seus antepassados, dirigido pela investigadora Manuela Lima. “Foi um passo muito importante que demos, pois é uma área pioneira nos Açores e este é um bom serviço que a universidade e o CIRN prestam à comunidade”, afirma a investigadora ao Açoriano Oriental Online. Xavier estuda os restos esqueléticos das populações antigas dos Açores, não com o objectivo forense de identificar as pessoas ou sequer saber qual foi a causa da sua morte, mas sim com a intenção de saber como viviam e que características físicas tinham os povoadores dos Açores. “Podemos não conseguir distinguir um português de um espanhol, mas conseguimos, com certeza, saber se era um norte-africano, se era de origem judaica ou se era asiático”, afirma Xavier Jordana. Ou seja, o trabalho deste investigador é um pouco o de ‘conversar’ com os ossos. “Desde logo, os ossos podem-nos dizer se era homem ou mulher e que idade tinha quando morreu. Mas também nos dizem que constituição física tinha e que tipo de trabalho desenvolveu ao longo da sua vida, nomeadamente se trabalhava na terra, com muito esforço físico, ou se tinha antes um trabalho mais sedentário. Os ossos revelam-nos ainda que tipo de doenças as pessoas podem ter tido durante a sua vida. Se alargarmos este estudo a vários esqueletos de um mesmo lugar, podemos aos poucos fazer um retrato daquela população”, explica o investigador espanhol ao Açoriano Oriental Online. O seu material de estudo provém de escavações arqueológicas que muitas vezes são acidentais, sempre que se fazem obras de restauro ou ampliação de templos, ou mesmo grandes remoções de terras para fazer estradas, como é o caso recente da ilha de São Miguel, com a construção das SCUT. “Quando se escava num convento ou numa igreja antiga, o normal é encontrar um cemitério e todos os restos esqueléticos que tenham mais de 100 anos são considerados achados arqueológicos e têm, por isso, de ser preservados. É aqui que entram os antropólogos”, refere Xavier, que actualmente trabalha nos restos esqueléticos encontrados no Convento de São Gonçalo, na ilha Terceira, retirados de várias sepulturas do século XVI e XVII, mas também em achados da igreja da Misericórdia de Angra do Heroísmo e de outros locais da Terceira e de São Miguel. As técnicas que Xavier usa são parecidas às usadas pelos antropólogos forenses, cujo trabalho tem sido divulgado por séries televisivas onde os investigadores fazem ‘falar’ os cadáveres até a verdade sobre um crime vir à tona. Séries que despertam nos jovens de hoje um fascínio idêntico ao que as séries sobre advogados despertaram nos jovens dos anos 80 e que fazem, segundo admite Manuela Lima, com que sempre que se fale de Antropologia Forense nas aulas universitárias, surja logo um brilho nos olhos dos alunos.

Como encontrar num cadáver a explicação para um crime

Na maioria dos caos, é possível encontrar a resposta para uma morte num cadáver? Ignasi Galtés, antropólogo forense do Instituto de Medicina Legal da Catalunha, em Espanha, fornece a resposta ao Açoriano Oriental Online. “Podemos resolver praticamente todos os casos, mas o problema é que a resposta só surge no longo prazo. Este é o grande problema da Antropologia Forense, pois recorre a uma metodologia de trabalho e de estudo que é muito complexa e lenta. A informação que temos, cruzamo-la com a informação da polícia sobre os desaparecidos e possíveis vítimas e, na maior parte dos casos, o processo corre devagar, embora no geral acabemos sempre por identificar as pessoas e o crime, sobretudo em casos de homicídios violentos”, afirma, logo após uma palestra na Universidade dos Açores, onde deu a conhecer alguns dos mistérios da Antropologia Forense. A identificação de um corpo e as causas da sua morte são os dois grandes propósitos da Antropologia Forense. Para fazer falar um cadáver, por assim dizer, a equipa ideal de investigadores deve ser constituída por um antropólogo físico, por um médico forense, por um odontólogo (para estudar a dentição) e um por um biólogo, para cruzar informações de DNA, nos casos em que seja necessário chegar a esse ponto. A acção bacteriana da decomposição de um cadáver fornece muitas vezes as chaves para um crime, mas também pode confundir os investigadores. Por isso, há que saber distinguir fenómenos. Há quatro fases de decomposição de um cadáver, que vai desde o estado fresco ao estado esquelético. Nesse processo de decomposição, há vários sinais no corpo que se podem confundir com lesões, doenças ou fracturas e que podem dirigir os investigadores para uma resposta errada às causas de uma morte. Por exemplo, quando um cadáver não está envolvido por terra e decompõe-se num espaço vazio, é natural que a cabeça se possa deslocar do corpo sem que isso indicie fractura na coluna ou, por limite, uma decapitação. Por outro lado, a deslocação de ossos em cadáveres envolvidos em terra, normalmente é sinal de fracturas feitas em vida e encontram-se situações dessas sempre que se escava uma vala comum feita durante uma situação de guerra. Mas um cadáver pode aparecer a um investigador mumificado (devido a fenómenos de decomposição), sabonizado (quando é retirado da água) ou mesmo congelado (retirado de neves ou gelos eternos), situações que podem facilitar, mas também dificultar a determinação da causa da morte, sobretudo se esta não tiver sinais visíveis. Como afirma Ignasi Galtés, o trabalho da Antropologia Forense é longo, desenvolvendo-se por várias fases, que começam sempre - tal como se vê nos filmes e nas séries televisivas - com a protecção do lugar em que é encontrado um cadáver e com a reportagem fotográfica do mesmo. A radiografia muitas vezes ajuda a encontrar causas de uma morte que a simples autópsia não revela, o que acontece muito em cadáveres carbonizados ou em avançado estado de decomposição. Como já se disse, por vezes a decomposição engana os investigadores, mas há marcas muito claras, como as extremidades de um rasgo, a correspondente lesão óssea ou os sinais de hemorragia, que ajudam a distinguir o que foi feito em vida, do que resultou da decomposição ou do manuseamento do cadáver. E essas marcas ajudam também o investigador a descobrir se a lesão ocorreu antes da morte (até 72 horas), no momento da morte ou após a morte. E isso faz-se avaliando a reacção do corpo à fractura. Quanto maiores forem os sinais de recuperação natural da fractura, mais antiga ela é. Normalmente, os investigadores interessam-se pelas fracturas que não demonstram qualquer sinal de recuperação do corpo, que indiciam terem sido provocadas no momento da morte. A análise da fragmentação dos ossos e do seu contexto ajuda também a determinar se a fractura terá sido acidental ou intencional.

Rui Jorge Cabral



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