«Prémio atribuÃdo pela FIFA
O futebolista internacional português Cristiano Ronaldo, jogador do
Manchester United, foi esta segunda-feira eleito o melhor jogador do Mundo de
2008 pela Federação Internacional de Futebol (FIFA), na Gala do organismo, em
Zurique, SuÃça. Cristiano Ronaldo, que já
havia ganho a "Bola de Ouro" do France Football, tornou-se o segundo
português a arrebatar o troféu, depois de Figo, em 2001. In SIC Online, 13 de Janeiro de
2009 Perante isto, urge fazer uma manifestação em frente a
uma embaixada qualquer! O futebol também é uma manifestação cultural e mesmo
antropológica, plena de ritos que podem muito bem ser analisados à luz da
investigação histórica e mesmo
arqueológica... E já agora: que me dizem
alguns arqueólogos da aceitação constitucionalmente forçada do Estatuto dos
Açores, pelo PR? E qual a perspectiva arqueológica da entrevista, ontem, do
Mário Crespo ao Alberto João Jardim? E será que as recentes teorias
arqueológicas sustentam a actuação da Protecção Civil nos recentes eventos
meteorológicos extremos? Não perca estas e outras
grandes problemáticas arqueológicas num bog de Arqueologia perto de
si...
Em 2008,
o extremo luso, de 23 anos, venceu o Mundial de clubes, a Liga dos Campeões e a
Liga inglesa, sendo eleito o melhor jogador da "Champions" (também o
melhor avançado) e da "Premiership", provas em que foi igualmente o
melhor marcador.
Com os 31 golos apontados na edição 2007/2008 do
campeonato inglês, Cristiano Ronaldo conquistou também a "Bota de
Ouro", num ano em que só lhe faltou brilhar pela selecção das
"quinas" (eliminação nos quartos-de-final do Europeu, face Ã
Alemanha).
Cristiano Ronaldo tornou-se igualmente o segundo jogador
a conquistar no mesmo ano a Bota de Ouro, a Bola de Ouro e o troféu da FIFA,
depois do brasileiro Ronaldo, em 1997.
"Um momento
especial"
"Ã? um momento especial minha
vida e queria deixar uma mensagem à minha mãe e às minhas irmãs, que podem
largar fogos. � um momento único na minha vida", disse Ronaldo,
após receber o troféu das mãos do "rei" Pelé em Zurique.
Numa declaração emocionada, o jogador do Manchester United deixou
agradecimentos: "Quero agradecer à minha mãe, ao meu pai, à s
minhas irmãs, a toda a famÃlia e aos meus amigos".
"Eles sabem quem são, o Zé, o Jorge Mendes e os meus colegas
de equipa, pois sem eles não conseguia ganhar esta coisinha aqui. Estou muito
feliz. � um dos momentos mais felizes da minha vida... espero cá voltar outra
vez", frisou.
Com Lusa»
----- Email de v.m.borges@netcabo.pt ---------
Data: Tue, 13 Jan
2009 04:16:50 -0000
De: "V. Machado Borges"
<v.m.borges@netcabo.pt>
Responder Para: v.m.borges@netcabo.pt
Assunto: Re: [Archport] Ainda sobre a Palestina
Para:
archport@ci.uc.pt
Caro Rui Gomes Coelho,
Obrigado por esta bela lição.
Fiquei tão mal impressionado com uma mensagem sobre este tema que apareceu recentemente nesta lista, tão desumana e tão inculta, que resolvi nem responder. E ainda bem, porque não saberia dar uma lição tão bem dada sobre cultura como esta o foi. E para mim foi também uma lição de humildade, porque não devemos abandonar as pessoas à sua arrogante ignorância, mesmo quando elas são insultuosas.
Eça de Queiroz qualificava bem e sem papas na lÃngua, o provincianismo bacoco dos que só olham para o seu umbigo.
Bastaria fazer uma pesquisa sumária na net, mesmo não sendo arqueólogo, para ficar com uma ideia, mesmo que não de um cientista, sobre o que significa bombardear uma zona rica em vestÃgios arqueológicos (além de - coisa pouca â?? densamente povoada). ) 900 mortos, mais de 3500 feridos, para certos â??cientistas imparciaisâ?? certamente nada significam. Mas pelo menos os sÃtios arqueológicos deveriam merecer-lhes alguma preocupação.
Por isso a Convenção de Genebra protege o património cultural e os locais de uso civil. Por isso a Convenção de Hague para a Protecção do Património Cultural em Caso de Conflito Armado, de 14 de Maio de 1954.
Mas que é isso para â??cientistasâ?? â??imparciaisâ?? â??inteligentesâ?? e â??dignosâ?? que querem â??ser respeitadosâ??. Meras irrelevâncias...
Votos de uma vida em Paz, que é uma coisa que gerações inteiras nunca conheceram.
V. Machado Borges
From: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] On Behalf Of Rui Gomes Coelho
Sent: segunda-feira, 12 de Janeiro de 2009 20:24
To: Archport
Subject: [Archport] Ainda sobre a PalestinaEsta questão do que tem a arqueologia a ver com polÃtica (e com o mundo, em última instância) só me faz lembrar do eterno e explÃcito problema de Alberto Caeiro: perante a negação absoluta da metafÃsica, o que se constrói senão uma outra metafÃsica?
Para muitos politólogos (como Philippe Schmitter, insuspeito do que chamam de â??lutas polÃtico-partidáriasâ??), à partida, assume-se que qualquer acontecimento social é potencialmente polÃtico, num sentido abrangente e que vai beber à própria origem etimológica do termo. Então vamos lá ver: o problema aqui não é saber se se deve politizar a arqueologia ou não, enquanto ciência social. A arqueologia é, precisamente por ser uma ciência social (feita por pessoas, sobre pessoas, para pessoas) inerentemente polÃtica. E a verdade é que a melhor forma de confrontarmos as circunstâncias intrÃnsecas a esse dado é precisamente através da compreensão e crÃtica (e eventual transformação) da complexidade da sua teia de interesses, processos e objectivos.
A mim isto parece-me evidente desde a raiz: a arqueologia nasceu e foi construÃda em determinados contextos sociais; ao longo da sua já relativamente longa história, dela fizeram parte as agendas mais diversas, sustentadas pelos grupos mais diversos. Não é por acaso que o rei de Nápoles mandou escavar Pompeia; que a Europa tenha enviado missões antropológicas e arqueológicas para as suas colónias; que a arqueologia integrou a Junta Nacional de Educação durante o Estado Novo; que a â??questão Côaâ?? tenha acontecido em determinado momento, com determinadas expectativas por parte de todos os seus actores, e que se tenha realizado sob diversas formas. Não é por acaso também que os inquéritos processualistas e pós-processualistas tenham nascido no mundo anglo-saxónico, e a arqueologia marxista na URSS. A história da própria institucionalização da arqueologia (veja-se o caso do nosso paÃs, para não irmos mais longe) é marcada por acontecimentos polÃticos muito concretos, e naturalmente tudo isso tem impactos diversos nos processos de investigação arqueológica. As preocupações com o património que se protege e não protege, assim como com o retorno social da investigação arqueológica são atitudes polÃticas de primeira instância, porque prevêem uma intervenção clara na sociedade em que é produzida, visando a justificação da própria arqueologia como actividade e até a transformação crÃtica da comunidade. Como introdução a este assunto, vale bem a pena ler o clássico A history of archaeological thought (1989) de Bruce Trigger, que foi publicado em castelhano pela CrÃtica (1992). Em Portugal são essenciais os trabalhos de Ana Cristina Martins, Carlos Fabião, João LuÃs Cardoso e Katina Lillios, mais para o século XIX e primeira metade do século XX, e a AAP publicou um volume exclusivamente sobre a construção da arqueologia no século XX.
Parece-me por isso um pouco ingénuo assumir que aos arqueólogos só dizem respeito os aspectos técnicos e metodológicos da profissão, ou ainda que os resultados da investigação estejam imaculados do que esteja fora da arqueologia. Surpreende-me, sobretudo, porque desde os anos de 1970-1980 que as crÃticas pós-processualistas vieram pondo em causa a candura cientÃfica do positivismo em arqueologia. Pelo mundo inteiro. Certo é que a arqueologia dos nossos dias vive uma diversidade teórica e debates de potencialidades imensas. A imparcialidade depende sobretudo da atitude consciente, crÃtica e meticulosa sobre o que andamos a fazer (é preciso dizer que, no limite, os profissionais das ciências naturais e exactas dificilmente vêem a arqueologia, a história, a antropologia ou a sociologia como ciências). Invocá-la sem perceber o conteúdo e o que a rodeia, é perigoso.
E acho especialmente perigoso que não haja consciência destes aspectos por uma razão essencial: se não tivermos as ferramentas necessárias para identificar as condicionantes da nossa acção cientÃfica e profissional e não tentarmos lidar com elas, mais facilmente seremos enrolados e pressionados por factores de Ãndole ideológica, ou outros (o código deontológico da APA, embora não sendo obrigatório a toda a comunidade arqueológica, é por todos mais ou menos assumido; o §7 incide precisamente sobre esta questão).
Daqui volto rapidamente à questão de Israel e da Palestina, e do património cultural no meio de um conflito armado. Como já disse em mensagens anteriores, a experiência histórica mostra-nos como o património cultural foi e é manipulado e até destruÃdo em conflitos do género por questões que nada têm a ver com aspectos técnicos e metodológicos da arqueologia enquanto ciência. Sendo pragmático, não me parece que a actividade arqueológica decorra normalmente num contexto de guerra, e tenho a certeza absoluta que as pressões serão muitas (imagine-se o que uma intervenção arqueológica israelita no terraço das mesquitas em Jerusalém, buscando o Templo, pode suscitar junto da comunidade islâmica). Por outro lado estamos a assistir à quilo que já muitas vezes aconteceu no passado: destroem-se as marcas identitárias de um determinado grupo em certo território para obliterar a sua consciência história e obliterar as suas pretensões a esse território, ao mesmo tempo que se justificam as pretensões dos invasores.
Os arqueólogos e as pessoas que mais directamente lidam com o património cultural são os primeiros a tomar consciência disto. Não se deve denunciar a negligência e destruição premeditadas do património por parte de um grupo armado? Conhecendo e ignorando tornamo-nos cúmplices daquilo que é, no fim de contas, uma verdadeira operação ideológica com fins sinistros e proveitos sociais realmente duvidosos.
Quanto ao ponto aqui levantado sobre a pertinência de em Portugal se levantarem questões sobre a arqueologia no Médio Oriente, acho que não há muito a dizer. Acho que a ciência há muito ultrapassou as questões fronteiriças e quilométricas, e prova disso é existem instituições, congressos e colaborações internacionais em projectos que se baseiam geograficamente em lugares bem longe da origem dos seus protagonistas. Além disso estamos a falar de uma região que é uma referência para todos nós, em termos culturais, e sobretudo acho que este tipo de questões não têm fronteiras. Ã? evidente que começo por me preocupar com o que se passa no sÃtio onde nasci e vivo, mas também sou sensÃvel ao resto. Ã? uma questão de humanidade. Basta ver que em Lima, no Perú, houve uma concentração só de arqueólogos em torno da questão que originou toda esta discussão.
Sobre o resto: para sermos respeitados pela sociedade enquanto profissionais temos de nos relacionar com a sociedade. E tal coisa faz-se pensando e discutindo. Infelizmente isso nem sempre parece existir no meio arqueológico português.
Saudações
PS: Bem a propósito, valerá a pena ler o que António Valera escreve em Irrealidade Prodigiosa: http://irrealidadeprodigiosa.blogspot.com/2009/01/0030-irrealidade-20.html
Crédito até �15.000 com prestações decrescentes.
Conheça o Crédito Pessoal Capital Mais e peça uma proposta on-line.
Mensagem anterior por data: [Archport] Conferência na AAP "A Sepultura Paleocristã de Martinus" | Próxima mensagem por data: [Archport] Política e Arqueologia |
Mensagem anterior por assunto: Re: [Archport] Ainda sobre a Palestina | Próxima mensagem por assunto: [Archport] Ainda sobre os SIG. |