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[Archport] RE: Um texto sobre o património arqueológico subaquático

Subject :   [Archport] RE: Um texto sobre o património arqueológico subaquático
From :   Tiago Lino <tiago_lino_260@hotmail.com>
Date :   Tue, 13 Jan 2009 15:27:25 +0000

Caros colegas, encontro-me absolutamente em sintonia e acordo com as palavras e opiniões até agora aqui expressas acerca desta famosa "implosão" do CNANS, actual DANS.

Contudo, parece-me que estes discursos, oportunos e coerentes, devem proceguir de uma forma mais elaborada de modo a que até quem não se interessa muito pela vertente subaquática da arqueologia possa ficar, mais ou menos, a par de certas realidades. Digo "certas" porque de facto não me inteiro da realidade absoluta, e, parece-me, igualmente, que para além dos "muros" dos CNANS poucos se inteirem de tal realidade.

O CNANS aos surgir em 1998, aquando da Expo98, surgiu com o propósito de gerir, administrar a práctica da arqueologia subaquática em território nacional (incluindo ilhas), e não com o propósito de a bloquear.

Basta uma genérica pesquisa pelo Google com a palavra-chave "arqueologia subaquatica portugal" para nos apercebermos que mais de 95% do que se encontra on-line é da autoria do Dr. Francisco Alves. Mesmo que encontremos outros autores o nome Francisco Alves está quase sempre presente.
Não menosprezo a dedicação deste homem em prol da arqueologia subaquática portuguesa, mas custa-me a compreender planos restritos quando o trabalho e a cultura são, ou pelo menos deveriam ser, de acesso livre a todos os que a estes se dediquem.

Conforme já referido, o CNANS já teve uma equipa excelente, e nem vale a pena referir nomes pois o mérito é-lhes atribuido e de conhecimento público; mas, entristece-me realmente sentir actual situação da arqueologia subaquática portuguesa. "Temos pássaros na mão e deixamo-los fugir". É triste haver pessoas que apostam na sua carreira, revelam competência e mérito profissional e científico inquestionáveis e são "obrigados" a abdicar disso porque não encontram neste país as condições que merecem.

Outra situação é a vertente empresarial da arqueologia subaquática - centenas de empresas de serviços de arqueologia terreste e quantas de arqueologia suabquática? Será que o nosso país não tem trabalho para empresas de arqueologia subaquática? Ou será, antes de mais, que as oportunidades de trabalho neste sector são abafadas por operações transversais de bloqueamento?

Espero vivamente que uma nova geração possa trazer ar fresco a esta área do conhecimento. Resta-me a esperança dos actuais alunos da tão criticada pós-graduação em arqueologia subaquática. Resta-me a esperança de entendimentos.

Enquanto se continuarem a pratricar atitudes egocentricas e separatistas a arqueologia subaquática não é de todos, mas sim de alguns.

Agora começo a compreender o motivo que tem levado ao afastamento de algumas pessoas deste ramo da arqueologia. Estamo-nos todos a queimar na fogueira que alguns acenderam - com o agravado risco de o pratimónio subaquático se tranformar em cinzas.


Cordiais Cumprimentos

Tiago Lino











From: mpinto@aofimdodia.com
To: archport@ci.uc.pt
Date: Tue, 13 Jan 2009 13:37:22 +0000
CC: fvcastro@hotmail.com
Subject: Re: [Archport] Um texto sobre o património arqueológico subaquático

Caro Filipe Castro,
 
Concordo em absoluto consigo. Especialmente com o seu último parágrafo. Podemos até ser mais claros neste assunto. Foi (e é) o excesso de protagonismo do Dr Francisco Alves que provocou a implosão do CNANS.
Quando frequentei o 1º curso da Arqueonáutica, (onde fomos colegas), pareceu-me prever esta situação. Mas sonhei que a massa critica que aí teve génese poderia motivar a "velha guarda" a ter uma outra postura.
Continuo a acreditar que se pode descobrir (verbo tão querido aos arqueólogos) a forma de demonstrar aos tecnocratas que o CNANS e o seu Saber podem coexistir com a rentabilidade económica.
Mas temos de mostrar serviço e deixar cair a vedação da quinta.
 

Mário Sousa Pinto 

 

-----Mensagem original-----
De: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt]Em nome de filipe castro
Enviada: segunda-feira, 12 de Janeiro de 2009 20:03
Para: jde@fl.uc.pt; archport@ci.uc.pt
Assunto: [Archport] RE: Um texto sobre o património arqueológico subaquático

Eu não acho justo - neste caso - culpar o governo pela destruição do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática.  O ministro Carrilho dotou o CNANS com meios, uma equipa óptima, barcos, um laboratório, uma lei fantástica, etc.

Dez anos depois, o CNANS tinha-se tornado numa organização fechada, secretiva, mais interessada em controlar do que em gerir. 

Naturalmente, como em todas as organizações apostadas em controlar pessoas e coisas, o mundo do CNANS foi diminuindo na medida das possibilidades do CNANS, e a fatia da realidade que foi ficando de fora foi crescendo.  

Sem deixar de concordar com os comentários dos outros membros da lista (Portugal é um país governado por economistas e engenheiros geralmente muito ignorantes e profundamente insensíveis às coisas do saber) acho que neste caso foi mais o CNANS que implodiu do que o IGESPAR ou o governo que o destruíram. 

Quase ninguém sabe o que se passa dentro dos muros do CNANS em Belém, quase ninguém percebe para que serve o CNANS, para onde vai o património recuperado, etc. 

Julgo que em democracia a arqueologia tem de ter um valor evidente para as pessoas, se quer sobreviver.  O mundo em que vivemos é governado por tecnocratas que só se interessam por dinheiro.  Os arqueólogos da velha guarda, que estão habituados a um mundo em que a polícia implementava a vontade dos funcionários públicos, vão ter de perceber que sem a opinião pública do lado da arqueologia, as manobras corporativas vão ser cada vez menos eficazes.

Filipe Vieira de Castro   
Texas A&M University
Texas, EUA
http://nautarch.tamu.edu/shiplab/



From: jde@fl.uc.pt
To: archport@ci.uc.pt
Date: Wed, 7 Jan 2009 18:06:00 +0000
Subject: [Archport] Um texto sobre o património arqueológico subaquático

    Na sua secção "Opinião", o jornal diário Heraldo de Aragón, de Zaragoza, publicou, na sua edição de ontem, dia 6, o bem oportuno artigo que segue em anexo. É da autoria do Prof. Dr. Manuel Martin-Bueno, Catedrático de Arqueologia, Epigrafia y Numismatica (Depto. Ciencias de la Antiguedad, Universidad de Zaragoza).


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