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Re: [Archport] Um texto sobre o património arqueológico subaquático

To :   Archport <archport@ci.uc.pt>
Subject :   Re: [Archport] Um texto sobre o património arqueológico subaquático
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Tue, 13 Jan 2009 15:36:53 +0000

Que eu saiba, só a FCSH da UNL tem a arqueologia subaquática como
cadeira obrigatória no seu curso de arqueologia.

Que eu saiba também, neste domínio das competências técnicas, as
coisas têm sido mais verba (às vezes nem isso) do que res por parte
dos mais diversos actores (empresas, universidades, etc.)

Infelizmente, o panorama actual da arqueologia subaquática não deixa
de emular o panorama da arqueologia em geral - uma demissão total do
Estado em assegurar a prossecução das suas competências, especialmente
no âmbito da protecção e da fiscalização.



2009/1/13 Tiago Lino <tiago_lino_260@hotmail.com>:
> Caros colegas, encontro-me absolutamente em sintonia e acordo com as
> palavras e opiniões até agora aqui expressas acerca desta famosa "implosão"
> do CNANS, actual DANS.
>
> Contudo, parece-me que estes discursos, oportunos e coerentes, devem
> proceguir de uma forma mais elaborada de modo a que até quem não se
> interessa muito pela vertente subaquática da arqueologia possa ficar, mais
> ou menos, a par de certas realidades. Digo "certas" porque de facto não me
> inteiro da realidade absoluta, e, parece-me, igualmente, que para além dos
> "muros" dos CNANS poucos se inteirem de tal realidade.
>
> O CNANS aos surgir em 1998, aquando da Expo98, surgiu com o propósito de
> gerir, administrar a práctica da arqueologia subaquática em território
> nacional (incluindo ilhas), e não com o propósito de a bloquear.
>
> Basta uma genérica pesquisa pelo Google com a palavra-chave "arqueologia
> subaquatica portugal" para nos apercebermos que mais de 95% do que se
> encontra on-line é da autoria do Dr. Francisco Alves. Mesmo que encontremos
> outros autores o nome Francisco Alves está quase sempre presente.
> Não menosprezo a dedicação deste homem em prol da arqueologia subaquática
> portuguesa, mas custa-me a compreender planos restritos quando o trabalho e
> a cultura são, ou pelo menos deveriam ser, de acesso livre a todos os que a
> estes se dediquem.
>
> Conforme já referido, o CNANS já teve uma equipa excelente, e nem vale a
> pena referir nomes pois o mérito é-lhes atribuido e de conhecimento público;
> mas, entristece-me realmente sentir actual situação da arqueologia
> subaquática portuguesa. "Temos pássaros na mão e deixamo-los fugir". É
> triste haver pessoas que apostam na sua carreira, revelam competência e
> mérito profissional e científico inquestionáveis e são "obrigados" a abdicar
> disso porque não encontram neste país as condições que merecem.
>
> Outra situação é a vertente empresarial da arqueologia subaquática -
> centenas de empresas de serviços de arqueologia terreste e quantas de
> arqueologia suabquática? Será que o nosso país não tem trabalho para
> empresas de arqueologia subaquática? Ou será, antes de mais, que as
> oportunidades de trabalho neste sector são abafadas por operações
> transversais de bloqueamento?
>
> Espero vivamente que uma nova geração possa trazer ar fresco a esta área do
> conhecimento. Resta-me a esperança dos actuais alunos da tão criticada
> pós-graduação em arqueologia subaquática. Resta-me a esperança de
> entendimentos.
>
> Enquanto se continuarem a pratricar atitudes egocentricas e separatistas a
> arqueologia subaquática não é de todos, mas sim de alguns.
>
> Agora começo a compreender o motivo que tem levado ao afastamento de algumas
> pessoas deste ramo da arqueologia. Estamo-nos todos a queimar na fogueira
> que alguns acenderam - com o agravado risco de o pratimónio subaquático se
> tranformar em cinzas.
>
>
> Cordiais Cumprimentos
>
> Tiago Lino
>
>
>
>
>
>
>
>
>
>
> ________________________________
> From: mpinto@aofimdodia.com
> To: archport@ci.uc.pt
> Date: Tue, 13 Jan 2009 13:37:22 +0000
> CC: fvcastro@hotmail.com
> Subject: Re: [Archport] Um texto sobre o património arqueológico subaquático
>
> Caro Filipe Castro,
>
> Concordo em absoluto consigo. Especialmente com o seu último parágrafo.
> Podemos até ser mais claros neste assunto. Foi (e é) o excesso de
> protagonismo do Dr Francisco Alves que provocou a implosão do CNANS.
> Quando frequentei o 1º curso da Arqueonáutica, (onde fomos colegas),
> pareceu-me prever esta situação. Mas sonhei que a massa critica que aí teve
> génese poderia motivar a "velha guarda" a ter uma outra postura.
> Continuo a acreditar que se pode descobrir (verbo tão querido aos
> arqueólogos) a forma de demonstrar aos tecnocratas que o CNANS e o seu Saber
> podem coexistir com a rentabilidade económica.
> Mas temos de mostrar serviço e deixar cair a vedação da quinta.
>
>
> Mário Sousa Pinto
>
>
>
> -----Mensagem original-----
> De: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt]Em nome de
> filipe castro
> Enviada: segunda-feira, 12 de Janeiro de 2009 20:03
> Para: jde@fl.uc.pt; archport@ci.uc.pt
> Assunto: [Archport] RE: Um texto sobre o património arqueológico subaquático
>
> Eu não acho justo - neste caso - culpar o governo pela destruição do Centro
> Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática.  O ministro Carrilho dotou o
> CNANS com meios, uma equipa óptima, barcos, um laboratório, uma lei
> fantástica, etc.
>
> Dez anos depois, o CNANS tinha-se tornado numa organização fechada,
> secretiva, mais interessada em controlar do que em gerir.
>
> Naturalmente, como em todas as organizações apostadas em controlar pessoas e
> coisas, o mundo do CNANS foi diminuindo na medida das possibilidades do
> CNANS, e a fatia da realidade que foi ficando de fora foi crescendo.
>
> Sem deixar de concordar com os comentários dos outros membros da lista
> (Portugal é um país governado por economistas e engenheiros geralmente muito
> ignorantes e profundamente insensíveis às coisas do saber) acho que neste
> caso foi mais o CNANS que implodiu do que o IGESPAR ou o governo que o
> destruíram.
>
> Quase ninguém sabe o que se passa dentro dos muros do CNANS em Belém, quase
> ninguém percebe para que serve o CNANS, para onde vai o património
> recuperado, etc.
>
> Julgo que em democracia a arqueologia tem de ter um valor evidente para as
> pessoas, se quer sobreviver.  O mundo em que vivemos é governado por
> tecnocratas que só se interessam por dinheiro.  Os arqueólogos da velha
> guarda, que estão habituados a um mundo em que a polícia implementava a
> vontade dos funcionários públicos, vão ter de perceber que sem a opinião
> pública do lado da arqueologia, as manobras corporativas vão ser cada vez
> menos eficazes.
>
> Filipe Vieira de Castro
> Texas A&M University
> Texas, EUA
> http://nautarch.tamu.edu/shiplab/
>
>
> ________________________________
> From: jde@fl.uc.pt
> To: archport@ci.uc.pt
> Date: Wed, 7 Jan 2009 18:06:00 +0000
> Subject: [Archport] Um texto sobre o património arqueológico subaquático
>
>     Na sua secção "Opinião", o jornal diário Heraldo de Aragón, de Zaragoza,
> publicou, na sua edição de ontem, dia 6, o bem oportuno artigo que segue em
> anexo. É da autoria do Prof. Dr. Manuel Martin-Bueno, Catedrático de
> Arqueologia, Epigrafia y Numismatica (Depto. Ciencias de la Antiguedad,
> Universidad de Zaragoza).
>
> ________________________________
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> Archport@ci.uc.pt
> http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/archport
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