Não faço ideia de como se fizeram as negociações, mas acho a ampliação do Museu de Marinha (que é o museu mais visitado do país) uma ideia formidável, e acho que o MNA devia ter mais espaço e uma exposição permanente. Se calhar a Cordoaria é um edifício excelente para o MNA.
Como o turismo é uma indústria importantíssima para Portugal, sempre me fez confusão que os nossos museus (e os da América Latina) tendam a ser um bocado silenciosos demais, graves, escuros, sorumbáticos, com guardas a reprimirem as criancinhas que não mostram respeito pelos quadros, anúncios nas paredes com ameaças terríveis a quem tirar uma fotografia, um ambiente seríssimo, os funcionários a olharem-nos de alto a baixo, como dizia o Umberto Eco, certamente a pensarem que se são onze da manhã e nós não estamos a trabalhar é porque devemos ser delinquentes e estamos ali para roubar ou mutilar as obras de arte...
O Museu de Marinha é uma festa, sempre com miúdos, os funcionários simpáticos e prestáveis, pode-se tirar fotografias. Quase nunca vou a Portugal sem ir ao Museu de Marinha. Os meus filhos adoram. Uma ala nova no Museu de Marinha, com uma parte dedicada à arqueologia naval, parece-me que seria uma coisa fantástica.
Sobretudo porque acho que a Marinha está cheia de pessoas empenhadas e competentes (a equipa do Museu de Marinha é excelente) e parece-me que era bom para Portugal que volta e meia se baralhassem e dividissem poderes e competências.
Como dizia Edward Abbey: "Society is like a stew. If you don't keep it stirred up, you get a lot of scum on top."
Estou convencido que um dos problemas da imobilidade e da cultura autoritária dos serviços do Ministério da Cultura de que me queixo, às vezes, aqui, é que com a continuidade pachorrenta do dia a dia se vão formando mandarinatos aqui e ali, e as pessoas, sem serem estimuladas nem controladas, adormecem no serviço, ou desatam a tratar os museus e os serviços (e as bibliotecas) como se fossem deles.
Estas ideias: mudar museus, dividir competências, etc., podem ser estimulantes e levar os responsáveis a terem de justificar a "situação". Lembram-se? Dantes, quem não era da "situação" era do "contra"...
(se calhar devia dar a esta mensagem um título trotskista, estílo "Revolução Permanente!" :o)
Mas acham mesmo uma ideia assim tão má ampliar o Museu de Marinha?
Filipe Castro
Texas
Date: Fri, 16 Jan 2009 05:30:13 -0800
From:
vgmantas@yahoo.comTo:
archport@ci.uc.pt
Subject: [Archport] M.N.A. e Marinha
Caros Archportianos
No momento em que se esvaiem rapidamente as ilusões do "poder da Arqueologia", não posso deixar de lamentar a forma como o Dr. António Carlos Silva se refere à Marinha. Julgo que a Archport se deve orientar por uma linha de equilíbrio e de comedida linguagem, o que, infelizmente, não vai sendo o caso. Chantagens e Almirantes corta-fitas são expressões que exigem uma explicação clara, uma vez que se destinam a quem, na maioria dos casos, não conhece bem as situações. Se alguém deve tomar uma posição nesta questão é, antes de todos, o Dr. Luís Raposo, figura que todos respeitamos e que tem justificado plenamente o cargo que desempenha enquanto Director do MNA.
Como o Dr. António Carlos Silva sabe, colocou-se a hipótese da construção de um novo Museu por altura da edificação do CCB, contra o que se levantaram vozes de peso na Museologia e Arqueologia portuguesas da época.
É evidente que a Arqueologia está em crise, o que é natural num País doente como é o nosso, o que se presta a discussões inúteis e a protagonismos dispensáveis. Cordialmente
Vasco Gil Mantas (Academia de Marinha)
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