Re: [Archport] M.N.A. e Marinha
Bem visto. Um belo resumo do ser português, retirandoas excepções.
-----Mensagem original-----
De: archport-bounces@ci.uc.pt [mailto:archport-bounces@ci.uc.pt] Em nome de Alexandre Monteiro
Enviada: sexta-feira, 16 de Janeiro de 2009 15:53
Para: filipe castro
Cc: archport@ci.uc.pt
Assunto: Re: [Archport] M.N.A. e Marinha
Filipe, eu acho que aqui em Portugal, as pessoas encaram a mudança como algo que vai, certamente, deixar as coisas piores do que estavam
- daí o seu imobilismo.
Infelizmente, os últimos tempos nada têm feito para desmanchar este pessimismo incrustado na ganga da nossa sociedade.
2009/1/16 filipe castro <fvcastro@hotmail.com>:
> Não faço ideia de como se fizeram as negociações, mas acho a ampliação
> do Museu de Marinha (que é o museu mais visitado do país) uma ideia
> formidável, e acho que o MNA devia ter mais espaço e uma exposição
> permanente. Se calhar a Cordoaria é um edifício excelente para o MNA.
>
> Como o turismo é uma indústria importantíssima para Portugal, sempre
> me fez confusão que os nossos museus (e os da América Latina) tendam a
> ser um bocado silenciosos demais, graves, escuros, sorumbáticos, com
> guardas a reprimirem as criancinhas que não mostram respeito pelos
> quadros, anúncios nas paredes com ameaças terríveis a quem tirar uma
> fotografia, um ambiente seríssimo, os funcionários a olharem-nos de
> alto a baixo, como dizia o Umberto Eco, certamente a pensarem que se
> são onze da manhã e nós não estamos a trabalhar é porque devemos ser
> delinquentes e estamos ali para roubar ou mutilar as obras de arte...
>
> O Museu de Marinha é uma festa, sempre com miúdos, os funcionários
> simpáticos e prestáveis, pode-se tirar fotografias. Quase nunca vou a
> Portugal sem ir ao Museu de Marinha. Os meus filhos adoram. Uma ala
> nova no Museu de Marinha, com uma parte dedicada à arqueologia naval,
> parece-me que seria uma coisa fantástica.
>
> Sobretudo porque acho que a Marinha está cheia de pessoas empenhadas e
> competentes (a equipa do Museu de Marinha é excelente) e parece-me que
> era bom para Portugal que volta e meia se baralhassem e dividissem
> poderes e competências.
>
> Como dizia Edward Abbey: "Society is like a stew. If you don't keep it
> stirred up, you get a lot of scum on top."
>
> Estou convencido que um dos problemas da imobilidade e da cultura
> autoritária dos serviços do Ministério da Cultura de que me queixo, às
> vezes, aqui, é que com a continuidade pachorrenta do dia a dia se vão
> formando mandarinatos aqui e ali, e as pessoas, sem serem estimuladas
> nem controladas, adormecem no serviço, ou desatam a tratar os museus e
> os serviços (e as bibliotecas) como se fossem deles.
>
> Estas ideias: mudar museus, dividir competências, etc., podem ser
> estimulantes e levar os responsáveis a terem de justificar a "situação".
> Lembram-se? Dantes, quem não era da "situação" era do "contra"...
>
> (se calhar devia dar a esta mensagem um título trotskista, estílo
> "Revolução Permanente!" :o)
>
> Mas acham mesmo uma ideia assim tão má ampliar o Museu de Marinha?
>
> Filipe Castro
> Texas
>
>
>
> ________________________________
> Date: Fri, 16 Jan 2009 05:30:13 -0800
> From: vgmantas@yahoo.com
> To: archport@ci.uc.pt
> Subject: [Archport] M.N.A. e Marinha
>
> Caros Archportianos
>
> No momento em que se esvaiem rapidamente as ilusões do "poder da
> Arqueologia", não posso deixar de lamentar a forma como o Dr. António
> Carlos Silva se refere à Marinha. Julgo que a Archport se deve
> orientar por uma linha de equilíbrio e de comedida linguagem, o que,
> infelizmente, não vai sendo o caso. Chantagens e Almirantes
> corta-fitas são expressões que exigem uma explicação clara, uma vez
> que se destinam a quem, na maioria dos casos, não conhece bem as
> situações. Se alguém deve tomar uma posição nesta questão é, antes de
> todos, o Dr. Luís Raposo, figura que todos respeitamos e que tem justificado plenamente o cargo que desempenha enquanto Director do MNA.
> Como o Dr. António Carlos Silva sabe, colocou-se a hipótese da
> construção de um novo Museu por altura da edificação do CCB, contra o
> que se levantaram vozes de peso na Museologia e Arqueologia portuguesas da época.
> É evidente que a Arqueologia está em crise, o que é natural num País
> doente como é o nosso, o que se presta a discussões inúteis e a
> protagonismos dispensáveis. Cordialmente
> Vasco Gil Mantas
> (Academia de
> Marinha)
>
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