Soube do falecimento deste grande Amigo da Arqueologia
portuguesa pela mensagem remetida para este mesmo Fórum pelo nosso colega
Victor S. Gonçalves. Evoco, tal como este meu Amigo, o companheiro entusiasta e o
investigador desinteressado, que pôs ao serviço de muitos arqueólogos, que então
davam os primeiros passos científicos, os seus conhecimentos de Física Nuclear,
como Catedrático dos mais ilustres que era, desde 1973, da Faculdade de Ciências,
e Director do Conheci Bragança Gil era ainda aluno do 3º ano do Curso de
Geologia da Faculdade de Ciências de Lisboa, pouco tempo antes do terrível incêndio
que destruiu quase por completo o interior do velho edifício do antigo Colégio
dos Nobres, em Março de 1978. Apresentei-me um dia ao Professor, dizendo-lhe que estava interessado
na análise de algumas peças calcolíticas de cobre, do povoado pré-histórico de
Leceia, cujo estudo então iniciava. Recebeu-me de braços abertos, cheio de
contentamento, declarando-me que há muito procurava conhecer arqueólogos para encetar
programa de análises sistemáticas de objectos metálicos pré-históricos, na sequência
do que, décadas atrás, foi levado a cabo em Portugal através de célebre
programa alemão, então recorrendo a análises destrutivas. Assim surgiu o
primeiro trabalho publicado logo em 1979, em Português e em Portugal, sobre análises
de artefactos de cobre por métodos não destrutivos, na Revista Setúbal Arqueológica
(cujas peças foram fotografadas pelo Fernando Barriga, actual Director do Museu
Nacional de História Natural da Universidade de Lisboa e então jovem Assistente
de Mineralogia). Este trabalho viria a ser co-assinado por Gaspar Barreira,
que, entre outras coisas, era o braço direito de Bragança Gil para a concepção
e manutenção do complexo equipamento laboratorial utilizado. Recordo os fins de tarde que passei nas instalações do Mais tarde, como Director do De Bragança Gil, que fugiu sempre a cargos, a honrarias ou a
sinecuras, fica a memória, para todos os que dele se abeiraram, de um homem
simples, empenhado e rigoroso, afinal qualidades que devem ser parte integrante
da personalidade de qualquer pessoa que aspire a uma carreira científica digna
desse nome. |
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