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Re: [Archport] Museu Nacional de Arqueologia

To :   jarnaud@sapo.pt
Subject :   Re: [Archport] Museu Nacional de Arqueologia
From :   Rui Boaventura <boaventura.rui@gmail.com>
Date :   Sat, 14 Feb 2009 12:27:07 +0000

Como é uma questão essencialmente política, tomada por indivíduos incompetentes e indiferentes à causa pública e o bem comum, a solução passará pelas próximas eleições legislativas. Até resta de facto a mobilização e a sensibilização pública. Resta saber qual será o partido que assume esta causa e não votar cegamente.
 
Rui

2009/2/14 <jarnaud@sapo.pt>

Caros Arqueólogos e Museólogos:

Temos que unir todos os nossos esforços no sentido de evitar mais uma
decisão avulsa, que constitui, em meu entender, um grave atentado ao
património arqueológico e museológico ! Com efeito, é completamente
inaceitável que a pretexto de resolver problemas que o próprio governo
criou, à revelia de toda a comunidade arqueológica e museológica, como
foi a desastrosa e escandalosa extinção do IPA, criado há apenas uma
década por um governo do partido socialista, e o seu desmantelamento
para aí criar um novo museu dos coches, que ninguém pediu, o governo
se proponha agora, a pretexto de realojar os serviço que extinguiu,
por em causa a mais importante e prestigiada instituição de referência
da Arqueologia portuguesa , o Museu Nacional de Arqueologia, o 2º mais
visitado do país, a seguir ao Museu dos Coches, precisamente no
momento em que acaba de comemorar, com uma notável série de
iniciativas, os 150 anos do seu fundador, José Leite de Vasconcelos, o
mais destacado e produtivo sábio do século XIX e XX, no domínio da
Arqueologia, Etnografia, Linguística, e ciências afins.

É evidente que as actuais instalações do MNA não serão as ideais, e
continua a não haver espaço suficiente para manter a exposição
permanente e as exposições temporárias. Por isso mesmo não se
compreende que o projecto de ampliação do MNA tenha sido rejeitado
pelo IGESPAR, decerto devido à pressão da Marinha, que pretende, desde
os tempos do famigerado almirante Tomás, tomar conta de todo o
edifício dos Jerónimos, onde há anos cometeu um grave e impune crime
de lesa património, ao construir um edifício de betão, sem qualquer
qualidade arquitectónica, mesmo encostado ao claustro, afectando assim
gravemente um monumento classificado como Património da Humanidade !

A anunciada transferência do MNA para a Cordoaria afigura-se-me,
assim, completamente inaceitável pelas seguintes razões:

1. Constituiria mais um rude golpe na  Arqueologia portuguesa, já
muito fragilizada pela extinção e desmantelamento do IPA;

2. Implicaria uma enorme perda de visibilidade do segundo mais
visitado museu nacional, que passaria do lugar mais nobre da cidade,
visitado por milhares de portugueses e estrangeiros, para um local de
passagem, desprovido de acessibilidades e de estacionamento;

3. Seria um grave atentado à memória de Leite de Vasconcelos, o mais
importante sábio português do século XIX e XX, no domínio das ciências
arqueológicas, etnográficas, e linguisticas, cujos 150 anos do
nascimento acabam de ser assinalados a nível nacional por uma notável
série de iniciativas do MNA, da Sociedade de Geografia, da Academia
das Ciências, e de outras prestigiadas instituições.

4. Poria em causa a segurança e a conservação das colecções do MNA, a
não ser que se realizassem morosas e dispendiosas obras de adaptação,
pois a Cordoaria é um edifício de telha vã, concebido para fins
industriais, sem o mínimo de condições para exposição museológica
permanente, como ficou bem patente em recentes exposições, como a
evocativa do 5º Centenário de S. Francisco Xavier.

5. Não faz qualquer sentido transferir, nos tempos que correm, um
museu para instalações que não foram concebidas especificamente para
esse fim.

6. O edifício da Cordoaria, embora vasto, dificilmente albergaria a
totalidade das colecções do MNA, bem como espaços para a exposição
permanente e para exposições temporárias, e ainda a totalidade dos
serviços e laboratórios do extinto IPA.

7. A eventual transferência para a Cordoaria, além de inútil e
dispendiosa, implicaria o encerramento do MNA por um período de tempo
bastante longo, e a inevitável perda de um público e de uma dinâmica
que levou anos a construir.

8. O Museu de Marinha,  embora inclua no seu acervo algumas peças com
interesse para a história naval, não dispõe nem de dinamismo, nem de
infraestruturas, serviços e pessoal técnico adequado ao pleno
cumprimento das suas funções museológicas, sendo duvidoso que o
eventual alargamento do  espaço disponível pudesse ser devidamente
aproveitado.

9. Se o governo entender que o MNA não se encontra devidamente
instalado nos Jerónimos, deverá constituir  um grupo de trabalho
encarregue de estudar o problema da sua futura instalação, num
edifício de raiz, a construir em local próximo, quando a crise
passar... com base num programa rigoroso, elaborado por especialistas
em arqueologia e museologia, que deverá, como é óbvio, anteceder e
servir de base ao projecto de arquitectura, ao contrário do que
aconteceu com o futuro museu do Côa.

Como cidadão, dirigente associativo, arqueólogo profissional e
museólogo amador, que dedicou mais de 40 anos de vida ao estudo,
salvaguarda, e valorização do património, apelo, assim, a todos os
colegas e amigos no sentido de se mobilizarem, mais uma vez, em torno
de uma batalha que se avizinha dura, mas não impossível de vencer.

José Morais Arnaud

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