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[Archport] "Património não deixa ninguém de fora" nos dias de hoje

Subject :   [Archport] "Património não deixa ninguém de fora" nos dias de hoje
From :   Alexandre Monteiro <no.arame@gmail.com>
Date :   Sun, 15 Mar 2009 16:49:03 +0000

"Património não deixa ninguém de fora" nos dias de hoje


DN, 14/03/2009, por MARIA JOÃO PINTO

Debate DN/TSF. 'Preservação e Conservação'

"Património não deixa ninguém de fora" nos dias de hoje

A dimensão económica da conservação e recuperação de património,
nomeadamente pela sua capacidade multiplicadora de gerar emprego,
"entrou já no discurso da nossa classe política, mas não passou ainda
para o acto político. E o mesmo se passa no campo mecenático: há uma
vanguarda que lhe é sensível, mas essa noção, fruto de uma atitude
esclarecida, não passou ainda para o tecido empresarial no seu
conjunto", sublinhou ontem António Filipe Pimentel, Pró-Reitor da
Universidade de Coimbra, no âmbito do debate DN/TSF sobre "Preservação
e Conservação do Património".

Historiador de arte por formação e docente nessa área, António Filipe
Pimentel respondia ao repto de Vítor Cóias e Silva, presidente do
Grémio das Empresas de Conservação e Restauro do Património
Arquitectónico (GECoRPA), que na assistência lembrara a necessidade,
"ainda mais premente num contexto de crise", de se atender ao alcance
económico da intervenção neste campo - prenda-se ela com acções de
conservação e restauro, recuperação ou reabilitação - e de se investir
na qualificação de todos os seus operadores.

Cóias e Silva recordou, de resto, estudos internacionais que comprovam
essas potencialidades: em matéria de criação de emprego, a recuperação
de património "é 17% superior quando comparada com a construção nova"
e, quando comparada com a construção de estradas, "esse acréscimo é da
ordem dos 27%".

"O património não deixa ninguém de fora", afirmou ainda António Filipe
Pimentel, ao considerar que, ao"dever ético de cada geração" o
transmitir à seguinte, urge aliar essa noção de "recurso para um
desenvolvimento sustentável", num plano de "responsabilidade
partilhada". Até porque o Estado, lembrou, "somos todos nós".

Em participação telefónica, por impossibilidade de se deslocar ao
auditório do DN, Andreia Galvão, vice-presidente do Igespar, realçou,
por seu lado, a "importância do trabalho em rede e do estabelecimento
de parcerias". "O Estado tem de criar normas e estratégias,
obviamente, mas já não é, nem deve ser, o único actor neste campo",
disse Andreia Galvão.

Pedro Dias, catedrático da Universidade de Coimbra, não podia, como
ele próprio sublinhou, "estar em maior desacordo" com esta visão.
Considerando que a "anunciada privatização" de imóveis classificados
irá ter graves consequências para a sua integridade, Pedro Dias
considerou que "deve ser o Estado a cuidar do património e a investir
mais fortemente na sua protecção". Não apenas do ponto de vista
financeiro, "algo que não tem feito", mas também normativo, "contendo,
nomeadamente, o urbanismo selvagem que o vem destruíndo". "Nos dias de
hoje", afirmou, "a única garantia de independência que nos resta está
na nossa identidade cultural".|

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