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[Archport] Contributos em atraso

To :   "archport" <archport@ci.uc.pt>
Subject :   [Archport] Contributos em atraso
From :   José d'Encarnação <jde@fl.uc.pt>
Date :   Mon, 22 Jun 2009 12:55:50 +0100

Com o pedido de desculpas aos intervenientes neste debate - nomeadamente ao Doutor Carlos Fabião e a Filipe Ladeiras - por só agora me ter apercebido das anomalias registadas na transmissão destas mensagens, que, a rogo de ambos, ora se divulgam, permita-se-me que dê uma explicação: não consta do rol dos actuais 1746 membros da archport o endereço detectoristasportugal@gmail.com , que foi, provavelmente, o utilizado por Filipe Ladeiras para o envio do seu contributo. Ora, como se imagina, o sistema está organizado de forma a que todas as mensagens que não provenham de membros da lista sejam liminarmente eliminadas à chegada ao servidor.

   Cordialmente

                                                   J. d'E.
                                        (administrador da archport)

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----- Original Message ----- From: "Jose d'Encarnação" <jde@fl.uc.pt>
To: "archport" <Archport@lserv.ci.uc.pt>
Sent: Tuesday, June 16, 2009 12:34 PM
Subject: Contributos em atraso



----- Original Message ----- From: "Carlos Jorge Gonçalves Soares Fabiao" <cfabiao@fl.ul.pt>
To: <jde@fl.uc.pt>
Sent: Tuesday, June 16, 2009 9:51 AM
Subject: FW: textos Archport


Caro Professor José d'Encarnação:

o senhor Filipe Ladeiras terá enviado um post para a archport que aparentemente não terá sido publicado. Penso que o post é pertinente e merecedor de publicação.
Aqui lho reenvio para melhor apreciação.

Com os melhores cumprimentos

Carlos Fabião


-----Mensagem original-----
De: Detectoristas Portugal [mailto:detectoristasportugal@gmail.com]
Enviada: seg 15-06-2009 12:29
Para: Carlos Jorge Gonçalves Soares Fabiao
Assunto: Re: textos Archport

Exmo. Sr. dr. Carlos Fabião





Honrado que fiquei pela sua disponibilidade na abordagem ao tema do detectorismo e após a partilha dos nossos e-mails com todos os leitores do archport, recebi alguns e-mails destes últimos.

Um desses e-mails, de uma leitora, fazia menção a algumas questões que considerei que poderiam ter interesse em serem debatidas no archport. Apesar de a leitora não me ter dado (pelo menos até agora) a autorização necessária para publicar o seu e-mail na integra, resolvi retirar pequenos excertos das questões que julguei serem as mais pertinentes e consequentemente dei a minha opinião à cerca das mesmas.



Posteriormente (dia 11/06) fiz o envio do meu e-mail para o endereço archport@ci.uc.pt , que julgo ser o endereço da mailing list do archport, contudo o mesmo ainda não se encontra publicado. Provavelmente devo ter feito algo de errado a quando do envio e o e-mail não ter chegado ao seu destino. Seria possível, por favor, o Sr. dr. Carlos Fabião verificar se o e-mail foi correctamente entregue na conta do archport ? Agradecia-lhe imenso, pois temo que algo de errado tenha acontecido.

Envio desde já uma cópia do e-mail caso o mesmo não apareça na mailing list do archport.



Sr. dr. Fabião, resta-me agradecer-lhe a sua boa vontade, e referir que fico expectante para ler sua e sempre valiosa opinião.



Com os melhores cumprimentos

Muito grato pela sua atenção

Filipe Ladeiras







data:quinta-feira, 11 de Junho de 2009 22:21

para:archport@ci.uc.pt <archport@ci.uc.pt>

Assunto: FW: Diálogos sobre o detectorismo



Caros membros,



Queria agradecer aqui publicamente uma leitora do archport, que me enviou um e-mail ( o qual também publico ) dando-me a conhecer a sua respeitável opinião relativamente ao tópico «Diálogos sobre detectorismo». A leitora levanta algumas questões que por me parecerem pertinentes, gostaria se fosse possível de dar a minha opinião enquanto detectorista. Não coloco o seu e-mail na íntegra por não ter autorização para tal, mas coloco aqueles que considero serem os pontos mais relevantes.

Não sendo o meu objectivo exercer aqui no archport algum tipo de persuasão sobre a leitora ou sobre os restantes membros, gostaria todavia de os conseguir levar a "auto meditarem" relativamente a estas questões, analisando-as com a sensatez, ponderação e a calma necessária na abordagem destes temas, compreensivelmente delicados para a comunidade.



Refere a leitora no seu e-mail, que a legislação deveria ser mais impeditiva e mais controladora.

Todos quantos conhecem a lei 121/99 sabem que se trata de uma lei já de si bastante abrangente. Ela especifica claramente os locais em que é proibido o uso de detectores, assim como a tipologia de objectos proibidos de serem pesquisados com recurso ao uso dos detectores de metais. Ora, se esta lei que pode ser aos olhos de muitos considerada bastante rígida, leva-nos a pensar o porquê desta lei não funcionar, o porquê de como a leitora refere, o património estar a saque. Penso que a resposta é clara. A actual lei falha estrondosamente no capítulo da fiscalização, capítulo que penso ser imprescindível para o correcto funcionamento da mesma.

Pergunto, alterar uma lei já de si restritiva e penalizadora, para a tornar ainda mais inflexível seria uma a solução para o problema ?

Na minha modesta opinião de detectorista ( relembro a todos os membros que condeno a utilização de detectores em ZEP's), concordo plenamente com a visão do Sr. dr. Luís Raposo. Segundo ele "uma legislação proibitiva só funcionaria se vivêssemos num Estado policial com forças de segurança por todo o lado". Acho que nem enquanto detectorista, nem enquanto cidadão eu gostaria de viver sob um Estado desse género.



Refere também a leitora, que os detectores não deveriam ser "vendidos como laranjas".

Pois bem, a actual lei prevê igualmente o âmbito da publicidade e comercialização dos detectores. Por lei estas obedecem a um conjunto de normas que apesar de tudo, são muitas vezes olvidadas por quem comercializa estes produtos. Eu mesmo já entrevi algumas vezes em grandes superfícies comerciais na qual se comercializavam detectores sem qualquer tipo de referencia á lei 121/99, como de resto a lei obriga. Como a cara leitora afirmou no seu e-mail, capitula a lei mais uma vez devido à falta da fiscalização.

Posso assegurar à prezada leitora e aos restantes membros que os detectores, os bons detectores, não são adquiridos em território nacional. A grande maioria das máquinas provém de países da união europeia, escapando por isso a sua comercialização a qualquer tipo de menção da actual lei 121/99. Por este motivo penso que qualquer lei, por mais penalizante que possa ser, também no campo da comercialização, nunca irá ter elevadas taxas de sucesso.



Ora, se a aplicação da lei 121/99 falha no campo da utilização, no campo da comercialização, na aplicação de coimas aos infractores e ainda no campo mais importante de todos, o do licenciamento, é claramente uma lei que no meu ponto de vista se encontra desadequada, desajustada da realidade. Esta ilação leva-me então a supor, que proibir pura e simplesmente o uso de detectores em todo e qualquer espaço, seria uma medida que à partida falharia estrondosamente. Pior, considero que um agravamento restritivo da lei fosse gerar por usa vez, aumento significativo dos saques ás zonas arqueológicas. Perdido por cem, perdido por mil, e os saques por parte de pessoas que sem escrúpulos não olham nem a meios, nem a leis para atingir os seus desejos de alimentar um mercado negro sedento. Como tal para além de falhar estrondosamente falharia também perigosamente.

Mas os saques já com a actual lei se verificam, proferirão os mais atentos. É verdade que sim, existem e continuarão sempre a existir mas a uma menor escala se fossem tomadas as necessárias medidas para reverter em parte essa situação.

É um facto que o património arqueológico português nunca esteve tão susceptível a pilhagens como presentemente. Esse é um problema e para se resolverem problemas é necessário um estudo aprofundado dos mesmos, tendo em vista o delinear de estratégias para os resolver.

Sendo que no meu entender existirão dois tipos distintos de "saque" se assim lhe podemos chamar. O primeiro deles é o saque no verdadeiro sentido do termo. "Nojentas" ( e perdoem-me o termo ) investidas contra o conhecimento, contra a nossa história e património por parte de salteadores sem escrúpulos como acima referi. Como escreveu o dr. Luís Raposo num artigo seu na revista al-madan n.º 13, esses serão casos de polícia e terão de ser tratados como tal.

O outro tipo de "saque" de maiores dimensões, que aumenta todos os meses e todos os anos, prende-se ao uso dos detectores fora dos locais arqueológicos. Resulta da prática de um detectorismo realizado de forma anárquica, sem qualquer tipo de instrução prévia da pessoa que o realiza. Muitos detectoristas poderiam e reconheço a existência dessa vontade, reduzir substancialmente o impacto nos futuros locais arqueológicos se houvesse um acompanhamento, uma monitorização e muito importante a instrução de como detectar e onde detectar. Estou certo que essa técnica teria sucesso.

Neste ponto entra aquilo que tenho falado com o Sr. dr. Fabião. Existe uma enorme lacuna que poderia, e urge ser preenchida, para que o impacto da utilização de detectores de metais em futuras ZEP's seja, por um lado minimizado e por outro vantajoso às instituições arqueológicas nacionais. Muito à semelhança do que acontece no Reino Unido ou mesmo por cá no projecto IPSIIS.

Com tais condições, detectoristas sensibilizados e monitorizados poderiam ( quanto a mim, outras opiniões haverão certamente ) ter uma utilidade. Desse modo acredito que sentir-se-iam úteis à arqueologia e ao património, reduzindo o actual impacto sobre futuros locais de interesse arqueológico.



É certo que todas as respostas ás questões colocadas anteriormente, não dependerão somente da boa vontade de detectoristas e arqueólogos, mas também de uma profunda mudança de mentalidades e de uma adequação ás necessidades do presente, o qual é continuamente assombrado pelo saque desmedido do património arqueológico português. Urge uma igual abertura de um conjunto de organizações, instituições e demais organismos políticos do nosso actual governo. Mas acima de tudo, urge uma sensibilidade em relação ao património português, á nossa identidade, á nossa história.





Não queria terminar este e-mail sem deixar de agradecer publicamente aos administradores do archport a oportunidade que me estão a dar, naquela que considero ser uma árdua tarefa. Para eles o meu obrigado.

Outros temas relacionados com o detectorismo ficaram ainda por abordar. Queria pedir a todos os membros que colocassem as suas dúvidas, questões ou opiniões, tendo em vista o seu debate.

Convido igualmente a todos os detectoristas a ajudarem a complementar as minhas ideias ou até mesmo a contradize-las.

Sem mais de momento

Cordialmente

Filipe Ladeiras


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