[Archport] Contributos em atraso
Com o pedido de desculpas aos intervenientes neste debate - nomeadamente
ao Doutor Carlos Fabião e a Filipe Ladeiras - por só agora me ter apercebido
das anomalias registadas na transmissão destas mensagens, que, a rogo de
ambos, ora se divulgam, permita-se-me que dê uma explicação: não consta do
rol dos actuais 1746 membros da archport o endereço
detectoristasportugal@gmail.com , que foi, provavelmente, o utilizado por
Filipe Ladeiras para o envio do seu contributo. Ora, como se imagina, o
sistema está organizado de forma a que todas as mensagens que não provenham
de membros da lista sejam liminarmente eliminadas à chegada ao servidor.
Cordialmente
J. d'E.
(administrador da archport)
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----- Original Message -----
From: "Jose d'Encarnação" <jde@fl.uc.pt>
To: "archport" <Archport@lserv.ci.uc.pt>
Sent: Tuesday, June 16, 2009 12:34 PM
Subject: Contributos em atraso
----- Original Message -----
From: "Carlos Jorge Gonçalves Soares Fabiao" <cfabiao@fl.ul.pt>
To: <jde@fl.uc.pt>
Sent: Tuesday, June 16, 2009 9:51 AM
Subject: FW: textos Archport
Caro Professor José d'Encarnação:
o senhor Filipe Ladeiras terá enviado um post para a archport que
aparentemente não terá sido publicado. Penso que o post é pertinente e
merecedor de publicação.
Aqui lho reenvio para melhor apreciação.
Com os melhores cumprimentos
Carlos Fabião
-----Mensagem original-----
De: Detectoristas Portugal [mailto:detectoristasportugal@gmail.com]
Enviada: seg 15-06-2009 12:29
Para: Carlos Jorge Gonçalves Soares Fabiao
Assunto: Re: textos Archport
Exmo. Sr. dr. Carlos Fabião
Honrado que fiquei pela sua disponibilidade na abordagem ao tema do
detectorismo e após a partilha dos nossos e-mails com todos os leitores do
archport, recebi alguns e-mails destes últimos.
Um desses e-mails, de uma leitora, fazia menção a algumas questões que
considerei que poderiam ter interesse em serem debatidas no archport.
Apesar de a leitora não me ter dado (pelo menos até agora) a autorização
necessária para publicar o seu e-mail na integra, resolvi retirar pequenos
excertos das questões que julguei serem as mais pertinentes e
consequentemente dei a minha opinião à cerca das mesmas.
Posteriormente (dia 11/06) fiz o envio do meu e-mail para o endereço
archport@ci.uc.pt , que julgo ser o endereço da mailing list do archport,
contudo o mesmo ainda não se encontra publicado. Provavelmente devo ter
feito algo de errado a quando do envio e o e-mail não ter chegado ao seu
destino. Seria possível, por favor, o Sr. dr. Carlos Fabião verificar se o
e-mail foi correctamente entregue na conta do archport ? Agradecia-lhe
imenso, pois temo que algo de errado tenha acontecido.
Envio desde já uma cópia do e-mail caso o mesmo não apareça na mailing
list do archport.
Sr. dr. Fabião, resta-me agradecer-lhe a sua boa vontade, e referir que
fico expectante para ler sua e sempre valiosa opinião.
Com os melhores cumprimentos
Muito grato pela sua atenção
Filipe Ladeiras
data:quinta-feira, 11 de Junho de 2009 22:21
para:archport@ci.uc.pt <archport@ci.uc.pt>
Assunto: FW: Diálogos sobre o detectorismo
Caros membros,
Queria agradecer aqui publicamente uma leitora do archport, que me enviou
um e-mail ( o qual também publico ) dando-me a conhecer a sua respeitável
opinião relativamente ao tópico «Diálogos sobre detectorismo». A leitora
levanta algumas questões que por me parecerem pertinentes, gostaria se
fosse possível de dar a minha opinião enquanto detectorista. Não coloco o
seu e-mail na íntegra por não ter autorização para tal, mas coloco aqueles
que considero serem os pontos mais relevantes.
Não sendo o meu objectivo exercer aqui no archport algum tipo de persuasão
sobre a leitora ou sobre os restantes membros, gostaria todavia de os
conseguir levar a "auto meditarem" relativamente a estas questões,
analisando-as com a sensatez, ponderação e a calma necessária na abordagem
destes temas, compreensivelmente delicados para a comunidade.
Refere a leitora no seu e-mail, que a legislação deveria ser mais
impeditiva e mais controladora.
Todos quantos conhecem a lei 121/99 sabem que se trata de uma lei já de si
bastante abrangente. Ela especifica claramente os locais em que é proibido
o uso de detectores, assim como a tipologia de objectos proibidos de serem
pesquisados com recurso ao uso dos detectores de metais. Ora, se esta lei
que pode ser aos olhos de muitos considerada bastante rígida, leva-nos a
pensar o porquê desta lei não funcionar, o porquê de como a leitora
refere, o património estar a saque. Penso que a resposta é clara. A actual
lei falha estrondosamente no capítulo da fiscalização, capítulo que penso
ser imprescindível para o correcto funcionamento da mesma.
Pergunto, alterar uma lei já de si restritiva e penalizadora, para a
tornar ainda mais inflexível seria uma a solução para o problema ?
Na minha modesta opinião de detectorista ( relembro a todos os membros que
condeno a utilização de detectores em ZEP's), concordo plenamente com a
visão do Sr. dr. Luís Raposo. Segundo ele "uma legislação proibitiva só
funcionaria se vivêssemos num Estado policial com forças de segurança por
todo o lado". Acho que nem enquanto detectorista, nem enquanto cidadão eu
gostaria de viver sob um Estado desse género.
Refere também a leitora, que os detectores não deveriam ser "vendidos como
laranjas".
Pois bem, a actual lei prevê igualmente o âmbito da publicidade e
comercialização dos detectores. Por lei estas obedecem a um conjunto de
normas que apesar de tudo, são muitas vezes olvidadas por quem
comercializa estes produtos. Eu mesmo já entrevi algumas vezes em grandes
superfícies comerciais na qual se comercializavam detectores sem qualquer
tipo de referencia á lei 121/99, como de resto a lei obriga. Como a cara
leitora afirmou no seu e-mail, capitula a lei mais uma vez devido à falta
da fiscalização.
Posso assegurar à prezada leitora e aos restantes membros que os
detectores, os bons detectores, não são adquiridos em território nacional.
A grande maioria das máquinas provém de países da união europeia,
escapando por isso a sua comercialização a qualquer tipo de menção da
actual lei 121/99. Por este motivo penso que qualquer lei, por mais
penalizante que possa ser, também no campo da comercialização, nunca irá
ter elevadas taxas de sucesso.
Ora, se a aplicação da lei 121/99 falha no campo da utilização, no campo
da comercialização, na aplicação de coimas aos infractores e ainda no
campo mais importante de todos, o do licenciamento, é claramente uma lei
que no meu ponto de vista se encontra desadequada, desajustada da
realidade. Esta ilação leva-me então a supor, que proibir pura e
simplesmente o uso de detectores em todo e qualquer espaço, seria uma
medida que à partida falharia estrondosamente. Pior, considero que um
agravamento restritivo da lei fosse gerar por usa vez, aumento
significativo dos saques ás zonas arqueológicas. Perdido por cem, perdido
por mil, e os saques por parte de pessoas que sem escrúpulos não olham nem
a meios, nem a leis para atingir os seus desejos de alimentar um mercado
negro sedento. Como tal para além de falhar estrondosamente falharia
também perigosamente.
Mas os saques já com a actual lei se verificam, proferirão os mais
atentos. É verdade que sim, existem e continuarão sempre a existir mas a
uma menor escala se fossem tomadas as necessárias medidas para reverter em
parte essa situação.
É um facto que o património arqueológico português nunca esteve tão
susceptível a pilhagens como presentemente. Esse é um problema e para se
resolverem problemas é necessário um estudo aprofundado dos mesmos, tendo
em vista o delinear de estratégias para os resolver.
Sendo que no meu entender existirão dois tipos distintos de "saque" se
assim lhe podemos chamar. O primeiro deles é o saque no verdadeiro sentido
do termo. "Nojentas" ( e perdoem-me o termo ) investidas contra o
conhecimento, contra a nossa história e património por parte de
salteadores sem escrúpulos como acima referi. Como escreveu o dr. Luís
Raposo num artigo seu na revista al-madan n.º 13, esses serão casos de
polícia e terão de ser tratados como tal.
O outro tipo de "saque" de maiores dimensões, que aumenta todos os meses e
todos os anos, prende-se ao uso dos detectores fora dos locais
arqueológicos. Resulta da prática de um detectorismo realizado de forma
anárquica, sem qualquer tipo de instrução prévia da pessoa que o realiza.
Muitos detectoristas poderiam e reconheço a existência dessa vontade,
reduzir substancialmente o impacto nos futuros locais arqueológicos se
houvesse um acompanhamento, uma monitorização e muito importante a
instrução de como detectar e onde detectar. Estou certo que essa técnica
teria sucesso.
Neste ponto entra aquilo que tenho falado com o Sr. dr. Fabião. Existe uma
enorme lacuna que poderia, e urge ser preenchida, para que o impacto da
utilização de detectores de metais em futuras ZEP's seja, por um lado
minimizado e por outro vantajoso às instituições arqueológicas nacionais.
Muito à semelhança do que acontece no Reino Unido ou mesmo por cá no
projecto IPSIIS.
Com tais condições, detectoristas sensibilizados e monitorizados poderiam
( quanto a mim, outras opiniões haverão certamente ) ter uma utilidade.
Desse modo acredito que sentir-se-iam úteis à arqueologia e ao património,
reduzindo o actual impacto sobre futuros locais de interesse arqueológico.
É certo que todas as respostas ás questões colocadas anteriormente, não
dependerão somente da boa vontade de detectoristas e arqueólogos, mas
também de uma profunda mudança de mentalidades e de uma adequação ás
necessidades do presente, o qual é continuamente assombrado pelo saque
desmedido do património arqueológico português. Urge uma igual abertura de
um conjunto de organizações, instituições e demais organismos políticos do
nosso actual governo. Mas acima de tudo, urge uma sensibilidade em relação
ao património português, á nossa identidade, á nossa história.
Não queria terminar este e-mail sem deixar de agradecer publicamente aos
administradores do archport a oportunidade que me estão a dar, naquela que
considero ser uma árdua tarefa. Para eles o meu obrigado.
Outros temas relacionados com o detectorismo ficaram ainda por abordar.
Queria pedir a todos os membros que colocassem as suas dúvidas, questões
ou opiniões, tendo em vista o seu debate.
Convido igualmente a todos os detectoristas a ajudarem a complementar as
minhas ideias ou até mesmo a contradize-las.
Sem mais de momento
Cordialmente
Filipe Ladeiras