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Sent: Monday, October 12, 2009 12:55 PM
Subject: Re: [Archport] Uma necrópole romana em Évora
Não é só confrangedor, é muito
mais, é inaceitável que numa cidade património mundial pelo seu património
arqueológico insista em tratar a arqueologia urbana como uma mera obrigação
legal de acompanhamento de obra. Uma necrópole do séc II não se resume às peças
associadas à incineração. Tão importantes como os objectos ou a informação que o
estudo antropológico dos vestígios nos possam fornecer, a estruturação
dessa necrópole, a tipologia dos monumentos, a sua localização e a sua eventual
relação com uma via de acesso à cidade são dados primordiais para a reconstrução
da estrutura urbana da Évora romana. Não creio que se possam culpar os
arqueólogos, como aliás em quase nenhuma das situações semelhantes,
sejam os que têm a difícil missão de registar os achados, sejam os que em
organismos públicos locais se debatem com recursos e poder limitado pela
salvaguarda e valorização do património. A culpa é de uma política errada, cega
e inadequada do património arqueológico associado às mais importantes cidades
romanas lusitanas em território nacional. Julgo que Évora, por este exemplo e
outros que recentemente testemunhamos, deveria perder o estatuto de Património
Mundial, esperando entretanto que ninguém se lembre de construir um parque de
estacionamento nas traseiras do Templo dito de Diana.
É curioso que no site da Escola Secundária Gabriel
Pereira, onde ficamos a saber que a dita escola foi construída em 1971, tenha
como frase na página inicial uma citação de Diogo Freitas do Amaral
"Há uma disciplina que faz hoje a maior falta: é a
Cultura Geral". Pois
é... é mesmo por aí,
Pilar Reis
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