Lista archport

Mensagem

[Archport] Res: AAP - A situação actual da Arqueologia e as mudanças necessárias

Subject :   [Archport] Res: AAP - A situação actual da Arqueologia e as mudanças necessárias
From :   "Paulo Monteiro" <pmonteiro@ntasa.pt>
Date :   Thu, 29 Oct 2009 07:57:26 -0000

Title: Res: [Archport] AAP - A situação actual da Arqueologia e as mudanças necessárias

Mas que raio de Associação de Arqueólogos é esta que se esquece do CNANS/DANS e dos arqueólogos subaquáticos??  Ou é menos que o CIPA e a biblioteca do IPA?

Ou é para estarmos todos unidos, ou eu - que nem gosto de Pré-História - vou dizer que tanto se me dá como se me deu que se construa/implante o Museu de Foz Coa. Tanto mais que gravuras e estações neoliticas há-as publicadas às dezenas e os recursos do país são mais bem gastos em arqueologia subaquática e no registo dos navios portugueses que não há estudados.

Assim não vamos lá!


--------------------------
Sent from my BlackBerry Wireless Handheld


----- Mensagem original -----
De: archport-bounces@ci.uc.pt <archport-bounces@ci.uc.pt>
Para: archport <archport@ci.uc.pt>; Museum <Museum@ci.uc.pt>
Enviada em: Thu Oct 29 06:49:46 2009
Assunto: [Archport] AAP - A situação actual da Arqueologia e as mudanças necessárias


Caros Colegas e Amigos,

Para conhecimento, e eventual discussão pública, junto envio um 
Memorando entregue no gabinete da Ministra da Cultura:

MEMORANDO

A SITUAÇÃO ACTUAL DA ARQUEOLOGIA EM PORTUGAL E AS MUDANÇAS NECESSÁRIAS

A Arqueologia constitui hoje uma importante actividade profissional, 
cultural e científica, com uma crescente expressão económica, sendo 
não só um importante factor de reforço da identidade colectiva, como 
também uma área estratégica relevante para o desenvolvimento 
sustentável, a nível local, regional e nacional;

Na sequência da corajosa decisão do governo de António Guterres e 
Manuel Carrilho de suspender, em 1996, a construção da barragem e Foz 
Côa para salvar o maior complexo de Arte Rupestre da Europa, 
classificado como Património da Humanidade em 1999, e da criação do 
Instituto Português de Arqueologia (IPA), em 1997, cuja missão 
principal era impedir que novas situações como a da barragem do Côa 
viessem a surgir, verificou-se um crescimento exponencial da 
actividade arqueológica em Portugal.  Porém, esse crescimento, não foi 
acompanhado pela indispensável consolidação das infraestruturas 
necessárias ao enquadramento dessa actividade por parte do Ministério 
da Cultura.

Após a queda do governo socialista, em 2002, o processo de instalação 
do IPA foi bruscamente interrompido, não tendo os seus quadros chegado 
a ser preenchidos (mais de 50% do seu pessoal manteve-se em situação 
de grande precariedade), sendo mesmo anunciada a intenção de fusão do 
IPA com o IPPAR.  Essa anunciada fusão, na altura muito contestada, 
não só por toda a comunidade arqueológica, mas pelo próprio grupo 
parlamentar do PS, acabaria, porém, por ser concretizada, em 2007, 
pelo governo do PS, no âmbito do PRACE.

As consequências da extinção do IPA e da integração dos seus serviços 
no IGESPAR foram muito negativas, diminuindo gravemente a 
operacionalidade dos serviços prestados, e pondo em sério risco a 
salvaguarda, a preservação e a valorização do património arqueológico 
do país.  Com efeito, não só se criou uma enorme indefinição de 
competências  entre o IGESPAR e as Direcções Regionais de Cultura, 
como mesmo ao nível interno do IGESPAR se gerou um conflito permanente 
entre os serviços centrais e as estruturas desconcentradas herdadas 
das três instituições que o IGESPAR era suposto integrar.

Perante o enorme imbróglio criado, deu-se um nítido enfraquecimento da 
autoridade e da eficácia normativa e fiscalizadora do Estado na área 
do património arqueológico e arquitectónico, habilmente aproveitada 
por alguns promotores de obras públicas e privadas para contornarem as 
obrigações legais, no que respeita à minimização dos impactes sobre o 
património.

Mais grave do que isto se nos afigura a falta de empenhamento 
demonstrada pelos actuais dirigentes do IGESPAR em defender os 
interesses difusos dos cidadãos em detrimento dos interesses privados 
e imediatos dos particulares e das grandes empresas promotoras de 
obras públicas e privadas, bem como dos interesses políticos locais, 
colocando-se numa inaceitável posição de subserviência, como que a 
pedir desculpa pelos entraves postos pela legislação em vigor ao livre 
exercício das suas actividades económicas.

Nestas circunstâncias, afiguram-se da maior importância as seguintes medidas:

1. Abertura ao público do Museu de Arte Rupestre do Côa e sua 
integração no Parque Arqueológico do Vale do Côa, a fim de poder 
cumprir a função para que foi criado: servir de polo dinamizador da 
visita às gravuras e de centro internacional de investigação da arte 
rupestre;

2. Restruturação do Ministério da Cultura, no sentido de restabelecer 
a autonomia orgânica e funcional do sector de Arqueologia, e eventual 
refundação do extinto IPA, com atribuições mais alargadas;

3. Regulamentação da Lei nº 107/2001 de 8 de Setembro (Lei de Bases do 
Património Cultural Português), no que respeita ao património 
arqueológico;

4. Constituição e convocação da Secção de Património Arquitectónico e 
Arqueológico do Conselho Nacional de Cultura, criado em 2007 
(Dec.regulamentar nº35/2007, de 29 de Março), mas que nunca reuniu, 
para ajudar a definir e a desenvolver uma política nacional de 
património coerente;

5. Revisão do Regulamento de Trabalhos Arqueológicos, de modo a 
adequá-lo à realidade actual da actividade arqueológica;

6. Criação de um mecanismo eficaz de certificação e fiscalização da 
actividade empresarial no sector da Arqueologia, tanto do ponto de 
vista científico como laboral;

7. Reformulação e relançamento do Plano Nacional de Trabalhos 
Arqueológicos (única fonte de financiamento de projectos de 
investigação arqueológica), suspenso nos últimos anos;

8. Reabertura da Biblioteca do ex-IPA, a melhor biblioteca 
arqueológica do país, cumprindo os compromissos assumidos junto do 
Instituto Arqueológico Alemão (entidade que doou o seu núcleo inicial) 
e da opinião pública portuguesa;

9. Definição do destino dos laboratórios que integravam o antigo 
Centro de Investigação em Paleoecologia Humana e Arqueociências 
(CIPA), sob o risco de perda dos seus investigadores mais qualificados 
a nível internacional e das suas colecções de referência, únicas no 
país, e consideradas das melhores da Europa;

10. Resolução do problema da precariedade da maior parte dos 
arqueólogos que exercem funções no Ministério da Cultura, e não 
preenchimento das inúmeras vagas existentes nas suas extensões 
territoriais, elementos fundamentais para a implementação de uma 
arqueologia preventiva e de salvamento;

11. Criação de um regime sócio-profissional específico dos 
trabalhadores de arqueologia que preveja o acesso e certificação 
profissionais, regulamente as relações laborais e melhore a sua 
protecção social, a fim de por termo à situação de grande precariedade 
em que a esmagadora maioria dos profissionais de arqueologia exerce as 
suas funções no sector privado, o que se reflecte de forma negativa na 
qualidade do trabalho realizado.

Lisboa, 27 de Outubro de 2009

A Direcção da Associação dos Arqueólogos Portugueses



_______________________________________________
Archport mailing list
Archport@ci.uc.pt
http://ml.ci.uc.pt/mailman/listinfo/archport

* ********
This message contains information which may be confidential and privileged. Unless you are the addressee (or authorized to receive for the addressee), you may not use, copy or disclose to anyone the message or any information contained in the message. If you have received the message in error, please advise the sender by reply e-mail and delete the message.

Mensagem anterior por data: [Archport] AAP - A situação actual da Arqueologia e as mudanças necessárias Próxima mensagem por data: [Archport] A AAP e o memorando à Ministra
Mensagem anterior por assunto: Re: [Archport] Res: "Recrutamento de Arqueólogos" Próxima mensagem por assunto: [Archport] Res: Acontecimentos no Porto Torrão (Neoépica Lda.)