À descoberta dos segredos do mosteiro medieval de Santa
Clara-a-Velha.
Diário das Beiras, 02/04/2010, por Lídia Pereira
Da mala de couro já escurecida pelas três décadas de uso foram saindo os
objectos que fazem o dia-a-dia de um arqueólogo: o chapéu - porque “o
Sol é um amigo, mas também pode ser um inimigo quando se escava no
terreno” -, o casaco cheio de bolsos, a colher, o pico, os pincéis, o
metro, o fio, o caderno, a máquina fotográfica...
Aos poucos, Artur Côrte-Real, o arqueólogo responsável por todo o projecto
de investigação e intervenção no mosteiro medieval de Santa Clara-a-Velha,
em Coimbra, - o dono da mala - lá foi satisfazendo a curiosidade do Diogo,
da Tatiana, do João, do Dinis, do Vasco, do David, do Alberto e da Beatriz,
algumas das meninas e dos meninos a participarem na sessão inaugural da
oficina pedagógica “À descoberta do Mosteiro de Santa Clara-a-Velha. E
se eu fosse um arqueólogo”.
Mas aquela primeira abordagem à vida de um arqueólogo – profissão que
muitos afirmam querer seguir quando crescerem – não desfez a
expectativa maior: a simulação de uma escavação que a equipa de Santa
Clara-a-Velha preparou cuidadosamente, num quadrado delimitado no
importante sítio arqueológico da Idade Média na Europa que o espaço também
encerra, acabou por se transformar na grande atracção para a miudagem.
Já ontem, ocultos entre a areia a simular a espessura com que o tempo vai
cobrindo todos os nossos vestígios, os pequenos praticantes da arqueologia
lá foram encontrando objectos e artefactos... Mas como a oficina também
pretende - para lá da abordagem mais ou menos lúdica à ciência que é a
Arqueologia - fazer entender aos seus jovens praticantes o método e
trabalho aturado necessários, fundamental foi, depois, o registo de todo o
processo de escavação.
Depois do almoço de “campo”, partilhado - porque “a
partilha é uma qualidade indispensável a um verdadeiro arqueólogo” -,
a excitação da descoberta repetiu-se com as actividades de conservação e
restauro, trabalho minucioso e preciso que tem como missão devolver-nos, em
toda a sua dimensão, a vida inteira de todos os que nos antecederam.
Coroada de sucesso, a esta primeira sessão foi necessário juntar uma segunda.
A oficina repete-se nos próximos dias 6 e 7, terça e quarta-feira, com o
apoio da Quinta das Lágrimas e da Cooperativa Estrela de Conimbriga, em
Santa Clara-a-Velha.
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